A menina o sonhou chegando antes das chuvas da estação e o florir de setembro. Ele viria para lhe ensinar lugares cercados de luz que ninguém mais conhecia. Os dois sob a sombra de um ipê florido no meio do campo, onde os pássaros partissem em revoada ao menor ruído. 
    
      A moça
acordou de um transe ao sentir o abraço de alguém, um sussurro a chamar-lhe querida ao ouvido, um roçar de lábios muito levemente nos seus, causando-lhe um turbilhão de emoções até então desconhecidas.
     
     Apenas na imaginação percebia os braços e a boca, mas já os desejava. No deslumbramento silencioso de minutos que se transformavam em horas, se dedicava cuidadosamente a ler suas cartas e entregar-se a cada uma de suas palavras. 

     
     A mulher
sentiu um total atropelamento de ideias e emoções desde que se conheceram. Ela não se atrevia a confessar nem às paredes, todas as sensações que aqueles beijos lhe provocavam. Sentia um prazer sem medidas, a impressão de pecado era fogo no qual ela se deixava consumir.
      
     Após aquele dia, ela quis adormecer todas as noites de sua vida naqueles braços fortes, quentes e protetores. Desejou para sempre ouvir a voz macia e doce, a boca exigente a lhe percorrer o corpo como uma corrente elétrica, deixando-a sem ar.

          
     Amou em vão!  No silêncio do quarto tudo se apagou a sua volta. Na escuridão, só ela e as paredes vazias, só ela e seus devaneios, só ela e seus segredos... Entontecida pela saudade, ainda murmura um nome... Nesse instante chega a sentir o cheiro dele a cortar-lhe a respiração. Sabe que isso a fará enlouquecer.



 
                           


O texto faz parte do Exercício Criativo. Leia os outros autores que escreveram sobre o tema: "Três Mulheres e um Segredo" Acesse o link:
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Maria Mineira
Enviado por Maria Mineira em 20/08/2012
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