Queda e Prazer Livre!

Todas as paisagens que já vi cabem amontoadas no depósito da memória. Ao ver o Sol nascendo ou a lua toda envergonhada se escondendo, respiro fundo, e lá do fundo junto com o suspiro vem aquela pontada no vazio que me acerta exatamente em lugar nenhum. Bastaria ver bailar as araucárias por aqui na onda ritmada dos ventos que trazem também a viração, mas preciso ainda do teu cheiro, o aroma do teu ar afetando meus pêlos que dançam desordenados na presença da tua brisa.

Quero repousar por horas em tuas almofadas de beijar sentindo mais de teu ventar incessante e ofegante. Quero me cansar mais subindo teus montes e descer rolando, subir de novo e descer sorrindo, chegar em teu ponto mais alto e lá ficar até explodir em mim. Quero depois derretendo escorrer lavado e levado por tua lava até a beira de teu precipício que treme em êxtase, de onde me jogo em queda e prazer livre. Chegando de volta ao nosso chão quero ser soterrado pelo teu corpo ainda quente e úmido que me aconchega e onde por eternidades consecutivas quero permanecer.

Guilherme Schröder