TEATRO DO ABSURDO

TEATRO DO ABSURDO

Dia após dia, com sol ou chuva, saía de casa ao alvorecer. Com uma mala já meio puída, dirigia-se ao ponto de ônibus com destino ao Centro da cidade.

Ao chegar, dirigia-se a um beco meio soturno e transformava-se num pedinte deficiente, de muletas, roupas andrajosas, digno dos maiores dós. Em uma esquina movimentada, passava o dia pedindo, em nome do Senhor , que lhe ajudassem a viver com tamanha dificuldade. Penalizados, a maioria dos passantes contribuía com moedas e notas que geravam bela soma. Ao final do dia, voltava ao beco e transformava-se novamente em cidadão comum, que voltava para casa, após longo dia de trabalho. Ao chegar, apurava o faturamento e tomava um longo e refrescante banho. Arrumava-se, pegava seu carro, jantava em um restaurante e como normalmente fazia, ia ao cinema ou teatro. Nessa noite iria assistir a uma peça de Samuel Beckett, um dos seus autores preferidos, afinal era um dos principais expoentes do teatro do absurdo.

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 21/10/2012
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