PESADELO

Ele estava dentro do guarda-roupas brincando com seus bonecos de super-heróis. Sapatos eram naves espaciais, cabides eram monstros gigantes e meias eram túneis do tempo. De repente, ouviu um barulho estranho e saiu do guarda-roupas, cautelosamente. Alguém havia trancado a porta do seu quarto. Tentou abrir, mas não conseguiu. Em instantes, sentiu um forte cheiro de queimado. Por debaixo da porta do seu quarto, entrava fumaça. Se desesperou. Começou a gritar: "Mamãe, me ajude! Me tire daqui, mamãe!". A fumaça tomou conta do seu quarto. Não podendo mais gritar, abriu a janela do quarto e desceu pela trepadeira até o chão. Do jardim pôde ver que a casa estava em chamas. Pegou um balde na lavanderia e correu até a piscina para enchê-lo. Entrou novamente na casa, pela porta da frente, e tentou apagar o fogo com a água do balde, sem sucesso. Foi quando viu seu pai, aparentemente morto, na escada, segurando o telefone. Tentou encostar em seu corpo, mas estava muito quente. O fogo se alastrava com rapidez. Subiu até o segundo andar e viu, na porta do seu quarto, sua mãe. Seu corpo estava completamente carbonizado. Em sua mão direita estava a chave do seu quarto e na outra mão uma toalha. Ouviu um barulho muito forte, parecido com o de uma explosão. Pegou a perna de sua mãe e a arrastou até a escada onde estava o corpo de seu pai. Deitou entre os dois e fechou os olhos. Tinha apenas sete anos, mas sabia que sua mãe morreu tentando impedir que o fogo invadisse o seu quarto e que seu pai morreu chamando socorro. Não podia simplesmente deixá-los lá e fugir. Ficou ali, de olhos fechados, esperando o fogo o consumir. Se confortou nos braços de sua mãe e colocou a mão de seu pai sobre a sua cabeça, como se estivesse fazendo um cafuné. Adormeceu... Havia uma forte luz em seu rosto. Dois ou três homens apagavam o fogo com extintores. Um deles o pegou no colo e o levou para o jardim. Ainda no colo, viu outros homens carregando o que pareciam ser corpos dentro de sacos pretos. Eram seu pai e sua mãe. Chamou por eles, mas já não havia mais nada a se fazer. Adormeceu novamente... Acordou em uma cama de hospital, cercado de médicos e enfermeiras. Ao lado da cama, sobre uma cômoda, estava um dos seus bonecos de super-heróis. Pegou o boneco e o abraçou com força, desejando que tudo aquilo fosse um pesadelo...

Eduardo
Enviado por Lucas Vinícius em 23/01/2013
Código do texto: T4099801
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