As crônicas da luz e das trevas - As guerras celestiais - Capitulo 1

Porto Alegre – Rio Grande do Sul Brasil

Carlinhos suava passando rapidamente entre um carro e outro enquanto pedia um trocado para poder comprar algo que comer quando chegar em casa, se é que pode chamar de casa, a parte de baixo de um movimentado viaduto de Porto e Alegre que dividia com mais 4 amigos, ele os considerava como se fossem seus irmãos, e 3 velhos que passavam a maior parte do tempo dormindo. Enquanto corre Carlinhos tenta recordar de sua família, a família que a abandonou ainda bebe, mas o mais próximo que consegue chegar desta lembrança é o dia exato em que foi abandonado na frente de um convento na zona sul.

Ainda era noite quando acordou, olhou para cima e viu um homem com uma longa barba branca que o levava em um cesto, seu rosto coberto pela barba e um longo capuz que tapava seus olhos, o homem percebendo que ele acordara o olha com o canto dos olhos, parece estranho para uma lembrança mas ele jura que viu um brilho estranho naqueles olhos, um brilho que fez com que o capuz por alguns segundos parecesse a parte superior de um abajur e sentiu que seu corpo foi tomado por uma forte emanação como uma leve brisa, que lhe passou uma calma, uma paz que sentiu-se super protegido e adormeceu novamente. Quando acordou, estava no colo de uma freira que discutia com uma senhora, que aparentava ter entre 50 e 60 anos, baixa e com uma expressão de superioridade estampado em seu rosto, A senhora queria que ela o mandasse para um lar de menores e a freira queria que ele fosse criado por ela naquela casa.

- Você não pode ficar com a criança. – Disse a senhora.

- E apenas uma criança, não podemos manda-lo para um daqueles lares horríveis, esqueceu de quando fomos visitar o lar das crianças do estado. - falou a freira.

- Irmã Graça, isto vai contra as normas desta casa, não podemos ter crianças aqui, muito menos menino. – finalizou a Senhora.

Hoje Carlinhos sabe que aquela senhora, era a Madre Superiora do convento, uma mulher rude, que segue todas as regras e muitas das regras ela mesma criou. Discutiram por horas, ate que Irmã Graça com muita raiva da Madre, arrumou suas coisas e saiu, foi embora da casa levando a criança. Se ela soubesse o que o destino guardara pra ela quem sabe a reação dela teria sido diferente, quem sabe ela ainda estarivesse viva. Não tendo onde morar fora acolhidos por três senhores que aparentavam já ter certa idade, ensinaram a como ganhar dinheiro vivendo nas ruas, a ganhar território onde poderia dormir a noite sem ser encomodada, enfim ensinaram o básico para que ela pudessem viver em segurança e cuidar da criança. Quando Carlinhos completou seus 5 anos e já ajudava a Irmã Graça, que ele aprendera a chamar de mãe, a ganhar um pouco de dinheiro, quando aconteceu o inesperado.

Carlinhos aguardava na calçada o dono dos carros que ele estava cuidando, enquanto eles assistiam a missa, em frente à paróquia Santo Antônio no bairro que leva o mesmo nome, enquanto pegava os trocados prometido Carlinhos teve uma sensação estranha, com um presságio sentindo que sua mãe corria perigo deixou de pegar o restante do dinheiro e saiu correndo em direção ao viaduto onde morava.

Por volta das 11h30min da manhã, um homem se aproximou dos pertences onde Graça preparava algo para Carlinhos e ela almoçarem, graça notou a presença e ficou intrigada com o que viu, o homem vestia um paletó cinza desabotoado, uma camisa de algodão de um branco que Graça só lembrava-se de ter visto na alva que o padre vestia, usava calça do mesmo cinza do paletó e sapatos pretos tão brilhantes que ela jurava que dava até para ver embaixo das saias de moças desavisadas, mas o que mais lhe chamou a atenção foram os olhos, eles eram negros como uma noite de lua nova e penetrantes ela sentiu como se aquele homem pudesse ler cada pensamento, no momento em que ela focalizou aqueles olhos pensamentos terríveis correram por sua mente, o homem se aproximou e falou em seu ouvido algo que ela jamais esqueceria.

- Você carrega um fardo muito grande está na hora de deixar este fardo conosco – sussurrou o homem em seu ouvido.

- Do que você está falando? Acho que está me confundindo com alguém? – Disse Graça.

- Você sabe exatamente do que estou falando Graça ou devo lhe chamar de Irmã Graça? Aquela criança que você criou não pode mais viver. Ele deve morrer, e eu mesmo terei o prazer de fazer isso. – Disse isso e a tomou nos braços e beijou-lhe a boca, um beijo que fizera o seu corpo estremecer, ela até sentiria prazer naquele beijo se não fosse pela dor de ter sua alma sugada através daquele beijo. Enquanto sugava a alma de Graça, o homem sentiu a presença de três enormes auras a suas costas, virou-se e o que viu o assombrou por alguns instantes, naquele momento três anjos com suas longas asas em posição de combate parados e prontos para atacar ao menor movimento que fizesse.

- Quem são vocês, o que querem se metendo com meu almoço, vocês sabem que uma alma cristã é sempre uma delícia, ainda vindo de uma ex-freira. – Disse o homem.

- Deixe-a em paz e parta ou sofrera as consequências – Disse um dos anjos.

- Como se três fadinhas como vocês pudessem nos deter, eu que me chamo Legião, por que somos muitos dentro deste macaco. – Dito isso atacou, os anjos em um único bater de asas, acabaram com Legião, a espada de um deles atravessou o peito, na altura onde ficaria o coração, se Legião tivesse um o teria acertado com certeza, e ele se desfez em pó, os anjos correram para tentar salvar Graça, mas Legião conseguiu devorar todo o espírito sem deixar uma luz de esperança naqueles olhos que encarava o vazio. Os anjos fecharam seus olhos e se foram, deixaram ela deitada no mesmo lugar para que Carlinhos quando chegasse tomasse conta para que ela recebesse as devidas honras de um funeral.

Carlinhos levou menos de meia hora para chegar até o viaduto, um pouco ofegante pelo esforço da corrida, chegou próximo ao local onde sua mãe estava deitada no chão, chamou carinhosamente pois achou que ela estivesse apenas dormindo, apesar de sua expressão ainda demonstrar que ela estava com medo, mas Graça tinha pesadelos constantemente então Carlinhos que fosse apenas mais um, chamou a de novo desta vez mais alto sem obter resposta alguma ele a toca, sentido o corpo rígido e a pele fria um tremor correu por toda a espinha dele, voltou a chama-la agora chorava e gritava seu nome, suas tentativas foram em vão, encostou a cabeça no peito de Graça, e não ouviu som algum então sentou ao lado do corpo e chorou durante um longo tempo, quando conseguiu pensar em algo novamente correu para o local onde os três velhos costumam ficar dormindo, para ver se eles sabiam o que tinha acontecido, chegando ao local não os encontrou não sabia o motivo mas eles nunca saiam do viaduto, por que justamente hoje eles não estavam ali, na mente de Carlinhos uma infinidade de coisas poderiam ter acontecido mas como não viu marcas de luta pensou apenas que sua mãe morrera de causas naturais. Encontrou forças e ligou para a policia que imediatamente mandou uma ambulância para verificar, não tendo mais o que fazer chamara o IML para levar o corpo, Carlinhos não pode ficar para ver o que aconteceria com o corpo de Graça, pois tinha medo que levassem ele para um abrigo, sua mãe saiu do convento para lhe proteger disso então não deve ser um lugar para onde ele quisesse ir agora que estava sozinho.

Após a morte de sua mãe, Carlinhos passou a ter pesadelos horríveis envolvendo anjos um demônio e sua mãe, acordava assustado e ofegante, numa dessas noites quando estava com 7 anos de idade ele acordou e viu um vulto em sua frente, cerrou o punho e o ergueu em direção ao vulto o mais forte que pode, escutou o baque do choque sua mão doeu um pouco o vulto soltou um palavrão que fez Carlinhos ficar orgulhoso por ser tão corajoso.

<CONTINUA>

Adilson Roldão
Enviado por Adilson Roldão em 03/02/2013
Reeditado em 06/02/2013
Código do texto: T4121072
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