A Lua Cheia a Meia Noite

Capítulo UM

A Lua Cheia a Meia Noite

O cheiro de cigarro já era sentido ao longe. Já tinha chegado no filtro. Com um movimento o cigarro voou pelo ar e se dividiu em dois. Lentamente a caixa foi aberta pra pegar outro.

- Droga! Péssima hora pra ter terminado a caixa. E não tem nenhuma loja ou bar aberto. Porcaria de cidade.

Karl já estava cansado da sua cidade. Sempre que ele precisava de algo tinha que desistir porque ele não podia encontrar na cidade dele. Eram onze e meia e não tinha nenhum bar aberto pra ele poder comprar mais cigarros.

Resolveu caminhar pela cidade. Não tinha mais nada pra fazer. Era uma cidade antiga, que não cresceu nem evoluiu. Manteve os mesmos costumes. Então qualquer coisa de diferente já era uma aberração.

Karl era uma aberração e já se acostumou de ouvir os mais velhos falando isso dele. Mas não dava a mínima. Se eles soubessem do que ele podia fazer, eles jamais iriam chegar perto dele.

Uma janela bateu com força ao seu lado. O coração do garoto quase pulou para fora do peito. Achou que já eram problemas. Passou um bom tempo fugido do seu dom. Até ele transformar-se em maldição. É isso que acontece quando esquecemos do que podemos fazer e o ignoramos.

Fazer uma escolha. E foi isso que ele fez. Não agüentava mais ser perseguido por todo tipo de criaturas. Ele já tinha tentado de tudo. Ignorá-las não deu certo. E isso quase lhe custou a sua mão esquerda. Onde uma das criaturas o atacou. E ele fingindo que ela não existia não se defendeu e foi atacado. E fugir não era uma palavra que ele conhecia. Mas ele não tinha defesa nenhuma, ou pelo menos não a conhecia.

Havia uma cicatriz agora no local do ataque. Ele sempre ficava olhando para ela. Dava pra ver as presas daquilo que o atacou. Aquilo mostrava que aquelas coisas existiam sim. E que ignorá-las não era mais uma opção. Pois elas não iriam ignorá-lo.

Mas ao menos ele podia distrair sua mente com musicas. Era uma coisa que ele podia fazer para distrair o seu tempo. Uma canção estava se formando em seus lábios.

Eu não sou obrigado a gostar de você

Eu já não me importo e não quero nem saber

Meus sonhos são bizarros, o que eu posso fazer?

Eu saio pela rua louco pra beber!

Uma presença estranha o estava preenchendo por dentro. Parecia que alguém estava olhando para ele. Olhando para trás tudo o que ele pode ver é que a rua estava vazia. O que era normal, na sua cidade.

Um barulho estranho vinha nos seus ouvidos. Parecia o zumbido de abelhas e estava muito alto. Isso era um problema. Pois ele era alérgico a abelhas. Se houvessem algumas ele teria que sair. E ele sabia que haviam abelhas africanas numa fazenda ali perto. Ele percebeu que já era hora de uma saída estratégica.

Karl saiu correndo pela rua. Cruzou a praça que ficava no meio da cidade até se sentir seguro o suficiente para caminhar. Ele ficou olhando para todos os lados, mas não percebeu nada.

- Não acredito que onze e meia da noite eu precise sair correndo pela rua pra que essas malditas abelhas não me piquem. Eu sou mesmo um idiota por ser alérgico a esse tipo de bicho. Onde eu estava mesmo? Lembrei.

Não..(não)

Não me importo com o que pode acontecer

Eu sou eu, você é você

Não..(não)

Não me importo com o que pode acontecer

Eu só quero aproveitar

Até o amanhecer

Parecia que as abelhas já tinham desistido. Karl aproveitou para deitar na grama olhando para a lua.

Karl nunca foi normal. Desde criança aconteciam coisas engraçadas com ele. Desde os sete anos coisas estranhas começaram a acontecer com ele. Após ele completar os sete anos ele começou a ver fantasmas. Mas com o tempo as coisas foram piorando.

Ele já havia sido possuído duas vezes por espíritos e em ambas às vezes ele conseguiu expulsar eles.

Alguns anos depois ele começou a ver criaturas estranhas. Diferentes de qualquer animal que ele já tinha visto. E elas não paravam de aparecer. Mas parecia que apenas ele as via.

Elas apareciam apenas por um momento, mas logo sumiam no ar.

Mas havia alguma coisa estranha no ar àquela noite. Ele percebeu assim que saiu de casa. Mas mesmo assim ele saiu. E essa sensação ainda não havia passado e ele pensou que isso tivesse a ver com as abelhas.

Karl se levantou na grama. A sensação tinha se tornado mais forte do que antes. E ele sentiu que ela era mais forte vinda do outro lado da praça. De onde ele tinha vindo.

- Não acredito! Eu corri meia cidade e elas ainda estão me perseguindo. Devo estar ficando louco. - um zumbido estava vindo do outro lado da praça do lugar aonde vinha àquela estranha sensação. – Acho que hoje não é o meu dia.

Parecia que as abelhas estavam voltando. Karl resolveu ficar parado. Talvez elas não o vissem e voltassem para sua colméia.

Não deu certo. Parecia que seu otimismo não iria ajudar ele naquele dia. O zumbido agora parecia maior. Era hora de olhar se eram realmente abelhas.

Para seu azar, um enxame de abelhas estava vindo. Isso já seria assustador pra ele. Só que mais assustador ainda, era o fato que elas brilhavam no escuro.

Karl saiu correndo pelas ruas como se a sua vida dependesse disso. E ela realmente dependia.

As casas cruzavam rapidamente por seus olhos. Já não sabia por quanto tempo estava correndo, mas elas estavam sempre atrás dele. Ele tentava despistar elas, mas não importava o que fazia elas o encontravam. E elas estava voando cada vez mais rápido.

Nenhuma idéia vinha em sua mente de como escapar delas. Ele só podia correr. Nada mais adiantava.

Passou a mão pelo rosto pra limpar o suor. Claro! Havia um rio ali perto, ele poderia fugir delas caindo ali.

- Vamos logo. Não vamos perder pra umas abelhinhas inúteis.

Era hora de correr mais um pouco. A ponte ficava perto. Mais alguns metros e ele iria conseguir. Mas ainda estava em duvidas disso. Elas estavam muito perto. E a cada instante elas ficavam mais perto.

- Vamos, só mais alguns metros! Não quero ir morrer agora.

Ele chegara à ponte. Mais alguns passos e ele poderia saltar. Sua perna direita estava doendo de cãibra. Mas isso não tinha a menor importância. Ele já tinha chegado na metade da ponte onde o rio era fundo. Era a hora, já poderia saltar.

Karl ficou esperando na borda, para ver elas mais de perto para poder saltar. As abelhas estavam mais perto agora.

E não pareciam mais abelhas desta distância. Isso era bom e ruim ao mesmo tempo. Não era o inseto que ele detestava. Mas era pior. A distancia em que estavam, ele pode ver que eram enormes. Cada uma tinha mais de trinta centímetros de comprimento.

No ultimo segundo possível pulou para trás, virando a cabeça e estendendo os braços acima da cabeça.

A sensação era incrível. Poder voar. Pena que fosse por pouco tempo. Mas mesmo assim já era incrível. Aqueles segundos pareciam que não iam acabar. O rio já chegava perto. Karl puxou uma golfada de ar para os pulmões. E caiu espalhando água para todos os lados.

Ele ficou alguns segundos aproveitando a sensação, nadando dentro da água. Mas não podia ficar por muito tempo. Tinha que saber se elas ainda o seguiam e precisava de mais ar. Nadou lentamente dentro da água ate chegar à borda.

O ar cortava como facas. Não tinha percebido que estava tão frio. Saiu devagar do rio e sentou-se na grama. Não podia ficar com aquelas roupas. Tirou a camisa e ficou olhando para o rio. As abelhas já não mais podiam ser vistas. Ele já podia descansar um pouco. Caiu sentado e jogou sua camisa para o lado.

- Não sei que diabos eu fiz. Mas hoje não estou com sorte. Primeiro ganho uma detenção por ter quebrado uma perna da cadeira do meu professor de história e fazer ele cair no chão. Meu pai teve que ir me buscar na escola e me da de presente mais um sermão. Minha carteira de cigarros acaba e sou perseguido por abelhas assassinas que brilham no escuro. Que mais me falta hoje?

O zumbido voltou. Karl olhou para a esquerda e as viu voltando.

- Aqui vamos nós sua boca idiota.

Saiu quase sem saber o que fazer primeiro. Mesmo estando todo molhado e sem camisa saiu correndo mesmo assim.

Enquanto colocava a camisa na via para onde ele estava indo. Somente sentiu uma dor horrível na cabeça. Quando terminou de puxar a gola viu o que tinha feito. Enquanto não via para onde estava correndo bateu com a cabeça numa arvore.

- Droga! Tarde demais. – as abelhas já estavam encima dele – mas não vou ir assim.

Levantou-se e tentou sair correndo. Mas torceu o pé na árvore que estava perto. E caiu no chão mais uma vez.

Fechou os olhos. Não queria morrer com os olhos abertos. Nem queria que eles fossem picados.

Os segundos passavam como se fossem horas e em cada um deles parecia que as coisas iriam piorar. Mas nada aconteceu.

Dois sons cortaram o ar. Pareciam chicotes. Jogou-se para o lado e olhou para trás. As abelhas já não incomodariam mais. Dois lagartos estavam atacando as abelhas.

A cada chicotada aconteciam pequenas explosões. Algumas abelhas iam morrendo aos poucos e as que não morreram iam fugindo.

Karl tinha caído sentado no chão e ficou olhando os lagartos atacando as abelhas. E eles não estavam com uma boa cara. Afinal, a cada explosão a pele deles era queimada. E as abelhas que seriam o seu jantar viravam pó durante a explosão e tudo o que sobrava era um líquido brilhante que cobria cada vez mais o corpo deles a cada explosão.

Ele aproveitou para sair mancando até sentar em um toco de uma arvore onde ficou torcendo o pé para ele voltar para o lugar certo.

Após alguns minutos ele pode sair daquele bosque que tinha ali. Eram apenas algumas árvores, mas tinha alguma coisa estranha ali. Parecia que o ar era pesado e quanto mais tempo ele passava ali mais difícil ia ficando de respirar e se manter acordado. Tinha algo de sobrenatural ali e ele podia sentir isso. Parecia que havia uma magia estranha naquele lugar, que fazia ele se sentir como se estivesse saindo do próprio corpo.

Karl mal começou a andar pra fora do bosque, quando sentiu uma dor lancinante na sua perna direita.

- Lagarto idiota!

Ele teve que se jogar para o lado para não ser atingido por mais uma rabada dos lagartos. E teve uma visão completa dos bichos.

Cada um deles passava de um metro e meio de altura. Karl não queria ter a menor idéia do comprimento.

Karl tinha que se jogar de um lado para o outro o tempo todo para não ser acertado pelos animais.

Mas o problema maior era que eles o estavam encurralando de volta para o bosque. Karl estava desconfiando que ali houvesse uma passagem para outro mundo. E ele não queria chegar perto.

Numa tentativa desesperada, Karl tentou se jogar para longe dali. Mas não teve sorte, pois o outro animal o acertou e o fez cair para o lado. Dessa vez foi no braço, de onde o sangue começou a sair rapidamente.

Ele ainda tentou fugir, mas ele tinha sido jogado contra uma arvore muito grande e os dois animais o tinham cercado, e o único caminha que ele tinha para escapar era correr para dentro do bosque.

Ele sabia que se não fizesse alguma coisa ele poderia morrer. Ou devorado pelos lagartos ou sendo sugado pelo portal indo parar em algum lugar que ele não tinha a menos idéia.

Karl olhou para cima e viu a lua. Cheia e brilhante. Ela parecia que queria falar com ele apenas com a sua luz. E ao olhar para ela ele percebeu que poderia entender ela um dia. Estava na hora de revidar.

Ele olhou para ela pedindo ajuda. Só ela poderia ajudar ele naquele momento. E foi o que ela fez.

A lua brilhou como se tivesse entendido o pedido e o atendeu na mesma hora. Karl brilhou ficando da cor da lua. Sentiu a magia pulsando dentro dele. Era uma sensação que ele nunca tinha sentido na vida.

Já tinha como fazer alguma coisa. Já tinha o poder pra isso.

Começou a levitar aos poucos. Ficando a uma distancia segura dos animais. Era a mesma sensação que ele tinha sentido quando pulou da ponte, mas dessa vez ele podia ficar parado no ar e ele podia se movimentar no ar.

Mas isso estava acabando com ele. Cada segundo que ele passava no

ar parecia que o corpo dele queimava por dentro. Ele precisava de algo que acabasse com os animais de uma só vez.

Desceu do ar. Não conseguiria lançar nada enquanto flutuava. Mas dessa vez estava a uma distancia segura dos animais e não estava mais encurralado. Precisava concentrar toda a sua força de vontade e energia para conseguir fazer isso.

Estendeu as duas mãos para os animais. Começou a respirar fundo. Esqueceu os animais que estava ali.

- Mas o que eu faço agora? Não sei nada que possa me ajudar, água não vai ajudar, nem abrir um buraco, o vento não vai ajudar em nada. O único jeito é usar o fogo. Não tenho outra escolha.

Mas o fogo é incontrolável. Ele tem vida própria, vontade, alegria e tristeza.

Mas não havia tempo pra pensar nisso. Precisava usá-lo. Fechou os olhos.

Sentiu a respiração indo e vindo. Podia sentir cada centímetro do rosto. Cada veia do pescoço. Sentia os pulmões enchendo e esvaziando. O coração batendo com toda a força. E então achou. O centro de tudo. Atrás do coração, o centro. Onde toda a energia ficava. O Segundo Coração.

Sentiu as pontas dos dedos queimarem. Era à hora de colocar tudo pra fora.

Abriu os olhos. Os lagartos estavam na frente dele. Esperando pelo jantar. Mas eles nunca mais jantariam.

- Feuer! – um grito ecoou no silêncio.

Começou a guiar a energia para as mãos. Sentiu o fogo dentro delas, pronto para sair.

Uma explosão aconteceu. Das mãos de Karl saíram dois jatos de fogo e foram de encontro aos animais.

Tudo que estava na frente dele foi destruída. E Karl foi jogado pra trás. Caindo perto do rio desacordado.

Seis da manhã Karl acordou com o sol batendo na cara dele. Estava cansado e todo sujo.

Ele começou a andar de volta pra casa. O lado bom de estar caminhando nesse horário era que ninguém mais estava pela cidade pra lançar olhares tortos pra ele.

O lado bom de ele ter dormido ali, era que ficava perto da casa dele. Ele apenas precisou subir algumas ruas. As mesmas que ele teve que correr durante a noite.

Levou pouco tempo pra chegar a sua casa. Ficava a pouca distancia do rio. Era onde começava a cidade. Ficava ao lado de uma loja de móveis. Puxou a corrente para fora do pescoço, de onde tirou sua chave.

Entrou calmamente na casa. Seu pai ainda estava dormindo. Ele trabalhava as oito então só se levantava às sete e meia.

Karl entrou direto para o chuveiro e tomou uma ducha. Ele ficou alguns minutos parado debaixo do chuveiro, segurando o braço direito. Refrescou a mão, mas ele sabia que teria uma cicatriz ali, mais uma para a coleção. Mas o fogo que ele tinha lançado fechou o corte e ficou parecendo uma queimadura. Secou-se na toalha e guardou as roupas sujas numa sexta que havia no banheiro.

Saiu sem roupa pela casa, afinal ainda era cedo para o pai dele acordar. Parou na cozinha, e colocou a cafeteira pra funcionar. Virou-se pra ir pro quarto se vestir.

Poucas vezes na vida dele ele tinha ficado com vergonha. E essa foi uma dessas poucas vezes.

Isso sempre acontecia quando ele a via. Parecia que não tinha mais ar nos pulmões. Ela tinha um longo cabelo ruivo e olhos verdes. Kate colega de turma dele. Imediatamente ele puxou um vaso que tinha encima da mesa e colocou na frente dele.

- Kate! O que você esta fazendo aqui? Como entrou?

Karl estava completamente vermelho, nunca o pegaram desprevenido. Nessas horas apenas o pai dele estava em casa e ele não tinha porque se preocupar. Mas dessa vez uma garota tinha chegado.

- Seu pai me deixou entrar ele disse que você estava aqui na cozinha, então eu vim aqui. – Kate estava muito vermelha também. Era difícil dizer quem estava mais vermelho dos dois. – Eu vim buscar o trabalho de Literatura. Você fez sua parte dele?

- Claro que eu fiz. Parece até que eu sou um aluno que deixa de entregar um trabalho. Ele está no meu quarto, eu já vou pegar ele enquanto eu vou me vestir.

- Você só fez porque era a sua obrigação. Se não eu te matava. E esse é que eu saiba o primeiro trabalho que você vai entregar nesse semestre. Agora me entregue o trabalho que eu vou embora. Tenho ainda que passar em casa.

- Não, sua casa fica no caminho da escola. Primeiro tome um café aqui. Se não quiser eu queimo o trabalho.

- Tudo bem. Mas você não está precisando de nota?

- Não, já passei em literatura.

- Karl você esta me escutando?! – Alexandre seu professor de filosofia o tirou do devaneio em que ele estava.

Já era um dos últimos períodos e no próximo ele teria prova. Karl não se importava, pois já tinha conseguido os pontos necessários para essa matéria. Estava pensando no que tinha acontecido com ele durante a noite.

- Que? Não, eu estava pensando em outra coisa.

- E que coisa seria essa que é mais importante que os sues estudos?

- Não importa. Pelo menos não pra você.

- Senhor ou professor. Não aceito insolência da parte dos alunos. Ainda mais de um que não presta atenção nas aulas. Agora fique quieto.

“Professor besta. Não sei como colocaram um professor desses na escola”. Mas Karl não pode mais ficar pensando nisso. O professor falou que iria fazer um teste para os alunos para o próximo período e que seria sobre o assunto que eles falavam.

- Como eu ia dizendo antes de falar com o senhorzinho ali. Um dos assuntos do teste será sobre os mitos. Como que eles eram úteis antigamente para a humanidade, mas que hoje já não são mais úteis, pois a ciência junto com as bases da filosofia já desmistificou o que era acreditado.

- Professor. – Kate levanta a mão.

- Fale Kate.

- Eu gostaria de saber que tipo de prova vai ser. Será objetiva ou escrita?

- Ambas. E não será admitido nenhum tipo de consulta nem de materiais nem dos colegas. Ouviu Karl. Você tem algo a dizer sobre isso?

- Tenho sim. Apenas o seguinte. Durante uma cirurgia, os médicos levam junto todo o tipo de exames que ajudam a continuarem o que estão fazendo sem errar. Os advogados têm sempre tudo que está escrito sobre o caso na hora do julgamento, e sempre estão com o código penal e civil. Então nunca vi problema em ter uma coisa ou outra do meu lado.

- Chega! Não quero que alunos se metam na minha maneira de ensino. Ainda mais falando dessa maneira. Se vocês se acham tão espertos assim, comecem tirando melhores notas nas minhas provas. E se mais alguém acha que não sou um bom professor, saia da sala agora.

Lucas se levantou. Parecia de incrível humor. Era um dos poucos que se davam bem com Karl. Talvez pelo fato de também for um estranho na cidade. O que os tornava amigos.

- Até mais. Quando aprender a dar aula me avise que eu venho pra cá. – ele já havia conseguido os pontos que a matéria pedia. Ele tinha gabaritado todas as provas que o professor dera, e não havia estudado para nenhuma.

Dessa vez ele fora longe demais. Todos perceberam isso. Lucas era do tipo que não se importava com as regras. Ele as fazia. O que o colocava em encrencas.

- Suspensão agora mesmo.

- Dane-se. Não me importo. Essa é a ultima prova mesmo.

- Todos fiquem na sala que eu vou levar esse engraçadinho para a

diretoria para ter o devido castigo.

O sinal foi dado. E os alunos teriam mais cinco minutos até o professor voltar para entregar a prova.

- Que sinal mais irritante parece uma sirene da polícia. Eles poderiam

trocar isso pra algo melhor. – Karl detestava aquele sinal. Ele já tinha botado fogo nele uma vez, mas substituíram por um maior, então ele desistiu de destruir o sinal.

Alguns alunos se levantaram pra poder ir pra fora deixando apenas alguns alunos na sala. Ficaram apenas Karl que estava cansado e algumas garotas na sala que queriam estudar mais um pouco.

Karl aproveitou isso para poder descansar. Colocou as pernas encima da mesa e esticou os braços atrás da cabeça e fechou os olhos.

Mal tinha fechado os olhos quando foi incomodado mais uma vez. Dessa vez na forma de uma voz feminina.

- Karl, tire os pés da mesa. Ela não foi feita pra isso.

- Tem razão – disse abaixando os pés – assim como você só sabe reclamar do que eu faço. Até parece que me ama. Fala aí, não é difícil dizer eu te amo não é?

- Nem que você fosse o ultimo homem na face da terra.

- Mas eu garanto que você gostou do que viu hoje de manhã não é mesmo? Aposto que vai sonhar comigo.

- Não muito obrigada. Não quero ter pesadelos.

As amigas dela começaram a perguntar para ela o que tinha acontecido entre eles durante a manhã. Karl apesar de ser rebelde tinha todas as garotas da escola que ele quisesse. Menos Kate, e isso era uma das coisas que mais o atraia nela.

O sinal tinha tocado mais uma vez e não demorou muito para o professor entrar novamente na sala. Ao mesmo tempo em que Karl e Kate estavam começando a discutir.

- Bom senhores. Não importa o quanto suas vidas amorosas sejam importantes. Nessa aula elas não tem valor nenhum. E façam silencio a prova vai começar.

Karl sentou-se novamente na sua cadeira olhou para sua prova. Questão numero 1: Você acredita em forças sobrenaturais? “Sorte minha que já passei de ano”. E com um sorriso depois desse pensamento e ele começou a escrever na folha.

Beff
Enviado por Beff em 16/03/2007
Reeditado em 13/06/2009
Código do texto: T415035