A personagem

Do projeto: Deixa-me

Sem programar, pela primeira vez, Beta Castellaña se apaixona por um homem doce e envolvente, com quem ela tem uma ligação muito forte, no sentido sagrado de um relacionamento a dois. Um homem que gostava de envolvimento, de compromisso, de companheirismo, de cumplicidade. Um homem leal a si mesmo e com as pessoas ao redor, leal a sentimentos e ideais.

Um homem que trouxe a Beta, lembranças da relação que ela presenciou até os seus dez anos do relacionamento amoroso entre seu pai e sua mãe. Um sentimento maior, que ela no fundo sempre quis viver, mas pelo receio de se machucar não se permitia experimentar.

Onde o amor começa? Em que parte do ser ele mora? Até que ponto seria saudável senti-lo? Traria alegria deixá-lo desabrochar em meu íntimo? Perguntas que Beta fazia a si mesma, sem que Germano percebesse sua inquietação.

Germano gostava de viver junto à natureza, certamente influenciado pelo seu perfil sensível as coisas naturais e da natureza humana. Vivia num sítio, no meio de um campo vasto de plantação de uvas, onde trabalhava por conta própria. Ele plantava, acompanhava seu crescimento, colhia e vendia sua produção para uma indústria vinícola da região.

O sítio ficava em São Leopoldo, município brasileiro do estado do Rio Grande do Sul. Um lugar de clima subtropical úmido, com verões quentes e invernos amenos de acordo com o padrão mundial, e invernos frios de acordo com o padrão brasileiro.

Com uma particularidade, além da plantação de uvas, Germano cultivava flores do campo, de uma coloração tão viva, tão bonita que na região as pessoas faziam encomendas, todos queriam ter a belas flores enfeitando seus lares.

A origem de Germano Zamboni Hoffmeistel é italiana e alemã, seus pais imigraram para o Brasil por volta do ano de 1945. E embora Beta tenha ouvido falar que o povo alemão é meio frio para demonstrar sentimentos, ao contrário Germano lidava muito bem com sua sensibilidade. Ele gostava de música, ouvia muitos compositores nacionais. Ele não tinha receio de expressar o que sentia e o que queria. Um homem inteiramente bem dosado.

Seu pai Gustav Hoffmeistel nasceu em Amberg uma cidade do estado da Baviera, na Alemanha. Após a Segunda Guerra Mundial, a Baviera foi enquadrada no setor americano, e quartéis americanos foram estabelecidos em Amberg. Foi quando Gustav decidiu ir embora para um país que não vivesse por pressões de guerras.

No segundo sementre do ano de 1945 Gustav decidiu partir rumo ao sul Brasil, onde planejou recomeçar sua vida, junto com sua esposa Glotilde Zamboni, italiana, nascida na cidade de Cortona, região da Toscana na Itália, cuja estradinhas cortam plantios de oliveiras, vinhedos e bosques de ciprestes, atravessam vales e colinas. Onde também é possível desfrutar de bucólicas paisagens que inspiraram tantos artistas, e surpreendem visitantes. Uma cidadezinha extremamente charmosa, com ruelas e construções medievais, local que certamente Beta apreciaria conhecer.

No sul do Brasil eles reconstruíram suas vidas, a mãe de Germano nasceu numa família que sempre trabalhou no cultivo de uvas, para a produção de vinho, uma das atividades mais antigas da civilização. Muitos imigrantes italianos vieram para região Sul do Brasil impulsionando à cultura no páis. A região Sul apresenta-se como a maior produtora de uva do Brasil.

Glotilde reconheceu o clima de São Leopoldo propício para o cultivo de uvas. Após dez anos de trabalho árduo, eles conseguiram desenvolve-se profissionalmente e financeiramente, e somente após este período, decidiram ter um bebê. Glotilde engravidou do único filho que recebeu o nome de seu bisavô materno, Germano Zamboni Hoffmeistel.

Germano teve o privilégio de nascer de um casal bastante unido, recebeu uma educação com muito afeto, com muitas conversas na lareira, a três. Ele conta para Beta que desde menino seus pais sempre foram presentes em sua vida.

Ao ouvi-lo Beta tenta imaginar como teria sido suas experiências de vida se tivesse sido criada pelo caloroso amor de seus pais.

O clima de intimidade é embalado por composições de Jorge Bem Jor, quem Germano admira. Entre as canções de sua preferência estão: Que Maravilha, Por Causa de Você, Menina, canções presentes nos momentos do casal. Quando eles trocam carícias e fantasias, e Germano com sua voz de trovador canta trechos das letras no ouvido de Beta. Enquanto ela deitada no sofá, recebe o carinho de suas mãos quentes de afeto. Nesse clima de cumplicidade, eles observam o estalar da madeira, queimando na lareira da sala grande, enquanto a chuva caia lá fora.

Que Maravilha

Lá fora está chovendo

Mas assim mesmo eu vou correndo

Só prá ver o meu amor

... Ela vem chegando de branco,

Meiga pura linda e muito tímida

Com a chuva molhando o seu corpo lindo

Que eu vou abraçar

E a gente no meio da rua do mundo

No meio da chuva, a girar, que maravilha

A girar, que maravilha. A girar... Que maravilha!

Por Causa De Você Menina

Por causa de você bate em meu peito

Baixinho, quase calado

Coração apaixonado por você

Menina... Menina que não sabe quem eu sou

Menina que não conhece o meu amor...