O arqueiro solitário

Era uma vez um arqueiro solitário. Vivia por entre as árvores e se alimentava se seus sentimentos.

Um dia, cansou de ser só e foi viajar entre as aldeias, conhecer gente. Mas as pessoas só estavam preocupadas com suas próprias vidas inúteis, e o pequeno arqueiro continuou a ser só, mesmo com tanta gente ao seu redor.

O arqueiro continuou sua busca, sua caçada. andava por entre ruas sujas, não mais se alimentava. Só sentia frio, solidão. As pessoas apenas jogavam à seus pés míseros trocados sujos e algumas porções de ódio e rancor. Ele se sentia cada vez mais solitário e moribundo.

Seu coração começou a murchar. O arqueiro não era mais um arqueiro, se transformara em estátua de pedra na porta da igreja.

E, ao raiar de um dia novo, o coração do arqueiro, coração este que já era vestígio de pó, pediu aos céus que lhe enviassem novamente vida.

Mas os céus não atenderam seu pedido. Quem respondeu ao seu chamado foi um pequeno menino de ouro e sua irmã cristalina. Os dois levaram a estátua de arqueiro para sua humilde choupana. Limparam-na, aqueceram-na e o coração daquele arqueiro solitário tornou-se novamente um membro vibrante, de energia. O coração do arqueiro bombeava novamente, por entre suas veias, sangue quente repleto de alegria, e a estátua ganhou sua vida de volta.

Os céus não atenderam seu pedido, mas as duas crianças sim.

A moça e o rapaz ficaram tão felizes que compartilharam com o arqueiro seu sangue, sua casa, suas vidas.

O pequeno arqueiro solitário não mais seria só, e viveria eternamente abraçado àqueles que lhe devolveram o que jamais tivera. Viveria eternamente junto deles.

Até o dia em que seriam apenas poeira das estrelas e seus corações voltariam a reluzir como prata polida, até os céus, até o infinito.

Bárbara Guerra
Enviado por Bárbara Guerra em 22/03/2007
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