A MORTE DO CANTADOR

Ary Bueno [ O Príncipe dos poema e do amor ]

Hoje me sentindo muito triste e sem animo, peguei minha velha e inseparavel viola, companheira deste cantador, e fui até o antigo carramanchão, aonde me sentei sob a sombra amiga da primavera florida. Meus olhos olharam para o alto do morro aonde ainda restam as ruinas da antiga casa que la havia. Foi ali na minha mocidade, que iniciei minha jornada com a minha doce amada. Ali tivemos nossos filhos adorados, que hoje já casados tomaram rumos em outra plagas bem distantes, deixando somente a saudade machucando meu peito de cantante. Ao lembrar a minha doce e querida esposa, que um dia adoeceu com um mal que não encontramos cura, me deixando a claridade da vida transformar-se numa eterna noite escura, lágrimas doloridas correram sobre meu rosto tão cansado.. Era tão grande este amor, que nunca sonhava eu que haveria de perder este alguém, que era a razão do meu viver. Mais Deus sabe o que faz, então só me resta resignar-me e esperar o dia em que eu parta para reencontrar tão grande amor, na outra vida, na eternidade. Meus dedos correm pelo bordão tangendo de leve as cordas, e meu dedilhar acompanha o compasso da batida de meu coração. Tento cantarolar uma canção de amor, tento tocar algo alegre, mais as notas teimam em partir numa cadência sonora que soam de forma tão triste, que mais aumenta a agonia do velho sertanejo, que a tantos anos não sabe bem o que é uma grande alegria. O sol de forma dolente, caminha pelo céu até ir se esconder no poente, como se tambem se arrastasse de forma chorosa ao som da música que agora sai mais triste ainda. Vejo uma andorinha solitária que perdida passa ligeira, e como querendo ser minha companheira, para em cima da cumieira, e começa a tentar achar uma fresta no telhado para ali se abrigar da noite que se aproxima ligeira. Fico a olhar e penso até que é a alma de minha cabocla que ali esta em forma de uma andorinha para se abrigar novamente sob minha proteção, sob meus braços em um carinhoso abraço que sempre ao anoitecer eu dava a ela com tanto amor. Então meus olhos esmaecidos se fundem com a dor da minha alma e um mal estranho começa a correr pelo meu corpo, deixo sem querer cair a viola ao chão, enquanto a noite cai mais rápida ainda para mim, e vislumbro ao longe envolta em uma névoa louca, a minha cabocla com os braços abertos, que com um terno abraço, envolve meu corpo e com um beijo louco com ela me aconchego. E é neste instante que tomba de vez o corpo cansado, que com sua doce amada inicia a jornada para sempre ao infinito, com este amor tão bonito que torna o caminho estreito em uma larga estrada de luz que ao céu me conduz, amparado pelos braços de minha adorada esposa e caminhando sempre para os braços queridos e a proteção divina de nosso pai... Jesus.

Principe dos poemas e do amor
Enviado por Principe dos poemas e do amor em 04/04/2007
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