Encontro lunar.

Em meio a luz noturna da lua, estrelas belas no céu formavam uma pintura sombria e terna.

As criaturas da noite começavam a se espalhar pela floresta, as pedreiras eram como belas pedras ornamentais trabalhadas a mão, formando um quadro de êxtase total.

Caminhando pelo bosque percebi o quanto era linda a noite, com uma candeia na mão e meu fiel amigo a me acompanhar, entrei mata a dentro, a luz da lua era tão forte que mal precisava da luz da candeia para iluminar o caminho.

Cheguei a caverna, fiz uma pequena fogueira e vi minhas amigas se aproximarem, eramos quatro, naquele momento deixavamos nossas raizes pra trás e passavamos a ser nós mesmas, sem regras e livres.

Cada uma de nós tinha um amigo fiel que nos acompanhava, naquela época cultuavamos a deuses e deusas, acreditavamos na essência do poder e sabiamos que na noite inicial de cada ciclo lunar deviamos saudar a lua e a natureza, nos reunindo em um local que para nós era santo e místico.

Cada uma de nós representava um elemento, esse que ligava o mundo ao Deus do poder, nossos animais eram fieis pois faziam parte de nossa alma e juntos eramos dois mundos em um, fogo (Torá), terra (Soyan), água(Terynia) e ar (Nirha).

Preparavamos então um místico ritual,onde as criaturas da noite observavam a nossa postura e brindavam conosco a paz trazida pela lua, mãe eterna da nossa Deusa.

Torá então jogava pó de insenso com ervas no fogo e ele crescia enquanto dançavamos ao redor da fogueira cantando cânticos mágicos, Soyan levantava aos céus a terra e as frutas trazidas para nos alimentar naquela noite, agradeciamos todas o alimento dado pela mãe terra naquele ciclo, Nirha girava em torno do altar de flores e frutas montado perto da fogueira e pedia que os ventos abençoassem o local assoprando uma vela e a acendendo com seu sopro vital e Terynia erguia o vinho e a água que beberiamos em seguida, agradecendo aos deuses da vida pela consagrada água vital que nos tornava limpos e fortes para o ciclo que ia se iniciar.

Dançavamos e cantavamos felizes e assim amavamos a vida com mantos coloridos e com nossos amigos fieis que se separavam de nós quando saiamos da floresta, eramos um só naquele instante, uma só carne, uma só luz.

E mais uma noite mágica havia sido criada, mais uma noite vivida por damas da noite, feiticeiras do mundo atual, senhoras da luz de um mundo que hoje é só lembrança, é só paz, mas que um dia foi real.

A única coisa que nos entristecia era termos que nos separar de nossas almas animais a cada novo dia pois não diferente dos dias de hoje existiam medos e insegurança nos que não nos conheciam e nos chamavam de adoradoras do ser do mal, pena, pois nossos amigos eram reais e sentiamos falta deles mas os seres humanos não se misturavam com eles, por não terem corações abertos para entende-los e respeita-los.

Então a cada fim de noite voltavamos para a aldeia, tristes e com saudades da maravilhosa companhia de nossas almas animais.

E assim fogo (serpente), terra(gato), água(sapo) e ar(coruja)ficavam na floresta e nos encontravam a cada ciclo lunar para brindarmos mais uma noite pelas grandezas da vida e amor eterno.

Senhora da Luz
Enviado por Senhora da Luz em 23/08/2005
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