Nós,a Leitoa e Eles

Arthur era um homem de sorriso fácil,um olhar terno,todo azul,uma sombrancelha arqueada que lhe conferia a expressão enigmática que não passou despercebida à Clara,assim que viu sua foto anexada à um email todo apaixonado. Eles já trocavam emails e mensagens instantâneas já há um bom tempo e os encontros cada vez mais ardentes agora eram por telefone,e a cada dia a saudade aumentando e a necessidade do toque,do olhar,do conviver era mais urgente.

Tanto Arthur quanto Clara eram casados e não tinham intenção de acabar com a uniaõ estável que os unia aos companheiros,mas uma carência enorme,motivada pela rotina,pela correria do dia a dia,e de todos os problemas comuns aos casados os fazia a cada dia mais ligados a esta relação que passava do virtual para o real.

No meio da tarde se procuravam na rede virtual e logo iam para o telefone onde trocavam ardentes confidências amorosas,fantasias sexuais,que urgentemente precisavam ser vivenciadas.

Já eram amantes virtuais há alguns meses,e Arthur sonhava em possuir Clara,mulher ardente e sensual,que o fazia vibrar como nenhuma outra jamais fizera.

Arthur morando em uma capital movimentada,violenta,se sentindo mais e mais atraido pela vida bucólica de Clara,que residia na pacata e linda cidade de Araxá ,no estado de Minas Gerais,onde a vida passava em outra dimensaõ ;planejava propor à esposa uma mudança...

Juntos ele e Clara traçavam planos de viver na mesma cidade,de serem todos amigos, se encontrar com assiduidade,e matarem todo desejo contido.

Numa de suas conversas Arthur diz: Nós somos cara de pau, nem nos conhecemos ainda pessoalmente e já estamos fazendo planos de morarmos na mesma cidade,de convivermos ,de enganarmos.Ela concorda e diz: - Mas estou doida pra isso.

Combinam então um final de semana onde Arthur viria com a esposa conhecer a cidade,procurando moradia e os dois forjariam um encontro casual,já previamente planejado.

Seria na sexta-feira 13 de abril,um dia marcado pela superstição,um dia de transformação ou de azar, eles preferiam acreditar que seria transformado,a saudade em afeto real, matariam esse louco desejo,e saciariam toda e qualquer carência.

Sim,seria nesta sexta.

Arthur combina com a esposa,liga para Clara e avisa,estaremos chegando para o almoço,nos encontre com seu marido no restaurante perto do rio, "A toca do compadre",Clara toda entusiasmada lhe diz que já está tudo arranjado,contou ao marido que nutria um forte desejo pela comida típica do restaurante,queria comer leitoa a pururuca, este nunca lhe negava os regalos e mimos,por ser tão apaixonado e adorar ele mesmo o prato escolhido por Clara que na realidade não se sentia atraida em comer a pobre leitoinha ,mas enfim era um ótimo argumento.

Sexta,13 de abril,na hora marcada, lá estava Clara,escolhera um vestido de malha preto,que lhe modelava o corpo,sapato de salto alto na cor lilás,prendera os cabelos dourados em um lindo coque,onde os cachos pendurados emolduravam o rosto de olhar meigo ,cor de mel.

Escolhera um perfume suave de jasmim.

Quando entraram,todos os olhares iam em sua direção,faziam um belo casal,e sua beleza e altivez eram marca registrada.

Combinaram que como naquela hora o restaurante deveria estar lotado sem mesas extras,quando Arthur chegasse iria pedir naturalmente para usar parte da mesa. Eram 13:13 quando ele chegou,Clara ruborizada sentia o coração disparado, não ia aguentar tanta emoção...Arthur era tudo o que sonhava,alto,bonito,viril,charmoso e muito sensual.

Logo que a viu,molhou os lábios com a lingua, provocante e desejoso.

Clara os via aproximar,e não podia conter sua emoção...até que o que parecia uma eternidade aconteceu,Arthur se dirige a Clóvis pedindo para ocupar a mesa,que prontamente aceita.

Instalados e seguindo a sugestão da chef de cozinha pedem Leitoa a Pururuca.

Clara está ali muda,olhando fixamente para Arthur,que em um gesto impetuoso por debaixo da mesa lhe esfrega o pé na perna. Clara sobressaltada sente-se arder de emoção, até que um barulho estranho chama a atenção de todos. Vem da entrada do restaurante,olham para lá e um barulho de choro forte toma todo o ambiente...um homem de seus sessenta anos carregando uma porquinha nos braços, sendo barrado pelo garçon ,deixa a porca escapar ;quando Clara se dá conta, toda a clientela grita e corre assustada,ela sente um puxão enorme e cai ao chão vendo a mão que a segura. Arthur e ela estão embaixo da mesa,ela olha em volta e só vê pernas correndo e a porquinha arfante desenfreada.

Arthur a toma para si,a beija com volúpia,apaixonado e cheio de desejo.

Clara se desmancha em seus braços,até que uma lambida quente em lugar estranho a faz dar um grito e se levantar correndo ...

... " Agora é com você,prezado leitor,o que acha que era? Espero que participe com sua sugestão para o final deste conto.

Estou aguardando.

"Nós,a Leitoa e Eles "... até a próxima !