O rastreador de pessoas

 
       

     O cientista de informática Gilbertini Franquini Infezzadi resolveu de uma vez por todas o problema do ciúme entre os habitantes da Calábria, na Itália.

                                   Desenvolveu um aplicativo em que os casais se rastreiam mutuamente nas 24 horas do dia. Os celulares ficam ligados a uma central de rastreamento. É só entrar na central e apreciar o que o seu namorado, esposo, esposa, namorada estão fazendo. Por exemplo: a noiva diz para o namorado que está em casa, preparando-se pra dormir. O noivo, naturalmente, ciumento, entra na Central e a vê entrando em um restaurante, ou se dirigindo para uma balada funk na periferia da cidade. Pronto. É um caso de rompimento comprovado. A Justiça local já tem jurisprudência aceitando esse tipo de prova.
                                   Em outro exemplo menos assustador.  A noiva e o noivo são fiéis. Exemplo: o noivo vê a noiva realmente se preparando para dormir (sozinha). Pode não gostar ao ver a noiva metendo o dedo no nariz, ou soltando um “pum”, ou dois puns. Mas o leitor concordará que isso é o de menos. E o noivo dormirá tranquilo em sua casa.
                                   Segundo os jornais locais, a Delegacia de crimes contra as mulheres e o famoso clube brincalhão  dos “cornos” fecharam, uma vez que a infidelidade foi  totalmente extinta na Calábria.
                                   Para os que acham um absurdo este invento, o cientista Infezzadi declarou que já estamos vivendo a era do rastreamento total. Somos filmados o tempo todo, tanto que, por brincadeira, ao entrarmos numa loja qualquer, lá está o aviso: “sorria, você está sendo filmado”.
                                   Não me venham com direitos humanos. Afinal, o que vemos o dia inteiro?  As pessoas nas ruas, nos veículos, nas casas, todas, sem execeção, com o celular no ouvido. E a primeira pergunta é sempre essa: "Onde você está?"  Assim, disse o cientista, acabamos logo com essa dúvida cruel!  O efeito colateral da tecnologia ter acabado com o ciúme compensou essa leve restrição à privacidade. E concluiu, enfaticamente, aos gritos, como bom italiano calabrês: - “Quem não deve não treme”!  E soltou um agudo, com a voz tremulante,  “a la Pavarotti”.
 


Nota:  Continuo de férias. Mas às vezes tenho uma recaída e acabo publicando um texto. Meu abraço aos amigos e amigas!