MEU SONHO MACABRO

MEU SONHO MACABRO

Estava eu escrevendo algo no computador, quando arás de mim um estrondo é feito e ouvido na divisória de vidro da recepção da Academya.

Daí para frente não sinto nem percebo mais nada.

Desperto-me em outro tempo, em outra época, onde não lembro de mais nada de meu passado recente. Via-me somente de meu longínquo passado, entre 20 e 40 anos atrás.

Dirigia eu um fusquinha azul claro, levando no banco traseiro o meu amigo e sócio em uma antiga gráfica, a Ubatam, em Brasília, o Sr. Péricles Paula Brito Castro, já desencarnado, de fala mansa e calma:

- Jorinha, como ele me chamava, o carro mão querer subir, vamos ter que deixar os passageiros da traseira ( sonho é sonho pois o passageiro da traseira era ele) afim de que possamos chegar logo, senão você não vai mais recuperar a sua cabeça.

Assustei-me, apalpei o lugar onde devia estar a minha cabeça, sentia que ela estava lá mas ele insistia que não.

- Péricles o que ouve comigo? Indaguei.

- A sua mulher te degolou, jogou ela algum objeto, acho que foi uma cadeira na divisória de vidro da recepção da Academya, com a força que foi arremessada, um estilhaço grande caiu sobre o seu pescoço rompendo-o totalmente.

- Não é possível Péricles, então eu morri ?...

- Sim e faz tempo, uma geração aproximadamente.

Eu sentia que estava com a cabeça, tanto é que a virei para trás e pude ver os passageiros que lá estavam. Era o tio Juca, Dr. José Ludovico de Almeida e o Sr. Benedito Tavares, o Bozó, velho amigo e mestre cuca de primeira, cuja nossa convivência no Clube de Regatas Jaó , foi saudável e muito gratificante. Os dois já haviam desencarnado. Ambos riram para mim. O tio Juca falou:

- Vamos descer, o carro com nós dois que somos muito pesados, ele não vai subir e o Jurinha tem que chegar logo.

- Certo Dr. Juca vamos descer, retrucou o Bozó.

Parei o veículo e ambos desceram. Coloquei o carro em movimento com o Péricles junto de mim, saindo em disparada pelas bandas do " Campo da Esperança", a procura de minha cabeça.

Ao me aproximar do cemitério, avistei um vulto de mulher, vestindo um tubinho branco, chegando perto dela vi que era minha amada esposa que veio me encontrar chorando e implorando:

- Meu bem, meu amado, me perdoe, me perdoe.

Goiânia, 23/12/13.

jurinha caldas
Enviado por jurinha caldas em 26/12/2013
Código do texto: T4625516
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