Revelando a Pequena Vendedora de Fósforos.

Meus ossos doem. Se fosse somente isso, não seria tão ruim. Mas, meus músculos, minha pele, as maçãs sem cor de meu rosto tilintam de dor e frio. Não consegui vender um fósforo nos últimos dias, e meu estômago dói de tanta fome.

Só me resta um; já o acendi, me aqueci, e ele se apagou. Agora, estou deitada aqui, enquanto a neve cai sob mim e congela meu nariz. Olho em volta e vejo casas altas, e imagino o quão quente e confortável deve ser estar debaixo de uma cama. Fecho os olhos e imagino uma mesa grande, com farturas. Lambujo meus dedos, ao me deliciar beliscando aquele bolo, feito para mim, por uma senhora bonita, de braços mornos e ternos e cabelos escuros. Olho-a e sinto a felicidade de tê-la por perto, e de a ver sorrindo, enquanto me alimento.

Meu corpinho estava já se congelando completamente, e quando abri meus olhos quase já mortos, eu a vi me embalando em seus braços, e carregando-me no colo. Senti meu corpo frio estacionar em algo macio. Algo que nunca sentira. E daí, ela cobriu-me com um cobertor quentinho, mas tão quentinho que dormi para sempre.

Fim.

Dama William Dante
Enviado por Dama William Dante em 09/03/2014
Reeditado em 08/04/2014
Código do texto: T4722398
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