Hóspede inoportuno

Um grande guarda-roupas de cinco portas marfim claro. Cortina colorida entre o amarelo e marrom na parede branca. Em frente a janela,lado esquerdo de quem adentra ao quarto, um quadro pintado o mar e os peixes felizes nadando num vai e vem infinito,moldura marfim contrastando uma cama escura e única, de solteiro. O tom suave dos móveis suaviza o ambiente. A colcha estampada em forma geométrica, várias figuras no tom alaranjado quase tangerina.
A noite puxa-se um colchão “quase confortável” que se destina ao descanso da mãe que cede a cama ao descanso do filho. Não há mesa de canto. Há um computador para a execução de trabalhos de digitação (ganho extra) e um móvel improvisado, eram gavetas de uma mesa de escritório que foram colocadas uma em cima da outra para servir de suporte a TV portátil que transmite um único canal.
Uma mochila de escola jogada ao chão implacável. De lá saiu o indefeso ratinho...
O susto foi imenso e fez-me pegar uma vassoura que serviu de arma de defesa pessoal. Estava com medo da minúscula criatura . Não queria matá-lo, mas toquei com a vassoura a mochila e,o pobrezinho não teve tempo nem pra olhar para traz saiu em disparo e se escondeu embaixo do armário da cozinha e depois refugiou-se para a sala e sumiu...
Preocupada olhei se Roberta estava segura na sua casinha.
__Beta, Beta...Lá veio a hamster e sorridente recebeu-me. Que susto! pensei que a faceira menina havia fugido da prisão que vivia.Alívio.
Deduzi que a (o) hóspede inoportuno era de fato um “rato” .
Tive medo de dormir...
No dia seguinte, um alvoroço no quintal de minha irmã o assunto foi o aparecimento de um visitante. Coitado...Mortinho.
Abri a janela quando minha irmã contou-me.
Achei –o (a) morto Que peninha!
Perguntei sobre a aparência do animalzinho.
__Cinza claro, parecia uma bola de pelúcia e...e, sem rabo.
Coração agitado, acometida de tristeza...fui visitar Roberta, de novo,
__Beta, Beta... repetida vezes a chamei. Fiz barulho passando o dedo pelas frestas da gaiola onde ela vivia solitária e nada.
Com muito receio enfiei a mão e peguei o tubo de plástico que servia de túnel para seus passeios e,bati-o, lentamente, nada saiu de lá de dentro...
Conclui eu então, ...
A bola de pelúcia no quintal de Márcia era mesmo a hamster.
Coitada, triste seu fim...nenhum funeral.