Aumento salarial dos professores 
 
 
 
 
                  O movimento dos professores era muito sério. Os professores brasileiros tinham conseguido uma reunião em Nova York e muitos dos convidados presentes pertenciam à ONU. Foi uma ideia genial pedir ajuda internacional para o inconcebível descaso com os mestres.
                  Primeiro, houve um banquete, que, com sacrifício, os professores  pagaram do próprio bolso.  Mas todos diziam que desta vez o mundo se compadeceria do estado de penúria dos professores brasileiros.
                  Depois do animado jantar dançante, onde os americanos mais influentes e até ingleses ensaiavam desencontrados passos de forró com as professorinhas brasileiras, um orador americano prometia reverter esse  quadro doloroso,  apresentando uma verdadeira bomba. A esperança era enorme. Todos tinham a certeza de que os discursos em defesa do professorado atingiriam o efeito desejado, mormente diante de uma tal  estatística.. O último orador, um texano de dois metros de altura, com seu chapéu de xerife, iria ler a tal estatística.
                  Dito e feito.  O texano, como último orador, lê a estatística  que humilhava os professores brasileiros.
                  Dando ênfase, assim terminou o texano o seu discurso, para o mundo todo ouvir:  -  “ Senhores e Senhoras (falava num português arrastado, parecendo um bêbado, mas muito sério):  O professorado brasileiro é o mais mal pago do mundo. Está em último lugar dentre todas as nações civilizadas da terra, conforme publicação anual que tenho em mãos. Urge que o mundo se levante contra tal injustiça, ainda hoje.”  Neste momento, adentra o recinto o Presidente dos Estados Unidos da América, Sr. Obama. A plateia prorrompe em aplausos, que duraram meia hora.  Gritos de viva o professor brasileiro eram ouvidos até no Central Park. Um gaiato gritou:  - “Yes, we can”, arrancando um sorriso condescendente do Obama. E os demais gritavam: “Nós podemos” (que o presidente anotou no seu caderno).  
                  Não havia mais dúvida que chegara a hora da redenção do professor brasileiro. Era a apoteose!
                  Eis que um argentino, de nome Maradona,  pede a palavra.(não era o jogador famoso, mas com certeza torcedor do Boca Juniors).      Se coloca do lado dos professores, mas faz um adendo, em nome da verdade. Não gostava de mentir.
                  Disse o portenho,   finalizando o seu discurso:  - "a bem da verdade, não são os professores brasileiros os últimos do mundo em termos de salário", querendo agradar a platéia.  É possível que algum país bem pobre da África, ou mesmo um cacique de uma  tribo indígena pague salário inferior ao do governo brasileiro. Deixavam os professores, num lance inoportuno, de serem os últimos da lista, enfraquecendo o argumento do texano.
                  Silêncio sepulcral  no recinto. Ninguém esperava  essa bomba terrorista.
             Obama se levanta, no meio do silêncio constrangedor e arrisca no português, mostrando o seu apoio: - “Nôs podemos, nôs podemos”.
                  E o autor da ideia genial da reunião, num suspiro, arremata: - “Nôs podemos, mais uma vez”




Nota:  Embora o conto seja uma fantasia, visando o humor, não deixa de ser também uma homenagem indireta ao professorado brasileiro, chamando a atenção para a desvalorização de um ofício primordial para toda a sociedade. NÓS PODEMOS MUDAR ESTA SITUAÇÃO!
Gdantas
Enviado por Gdantas em 10/09/2014
Código do texto: T4956696
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