O caminho da saudade



O caminho da saudade... É um caminho muito longo a percorrer...
Procurei o caminho mais perto para matar essa saudade com um aperto de mão, com um carinho. Ficou um caminho mais longo de difícil acesso, mas esse eu precisava seguir com mais calma, com tranquilidade. Resolvi percorrê-lo em trechos cheios de pedras onde minhas delicadas mãos não estavam acostumadas a enfrentá-los.
Continuei a andar por esses trechos cheios de pedregulhos. Cada pedra que eu a encontrava eu pegava e colocava num canto da pequena estradinha. Em cada passo que eu dava, eu encontrava pedras e mais pedras a serem retiradas do meu caminho. O tempo foi passando eu continuei a perseguir a saudade, fui encontrando pedras de todo o tipo e mais que depressa eu a pegava e colocava naquele montinho que agora não era mais um montinho, se transformou numa gruta, que dei o nome de Gruta do Amor.

Era uma gruta muita linda que todos que passavam não resistiam logo entravam para admirar a beleza, a paz, o aconchego daquela pequenina gruta. Mas a curiosidade, os olhares de indagação, de perguntas sem respostas vinham na mente de cada um. Eles se perguntavam como pode alguém construir uma arte daquela num lugar tão distante e cheio de pedras. O que eles mais admiravam eram os nomes das pessoas colocadas em um canto da gruta. Tinham a saudade, o carinho, a ternura, a solidão, a desilusão, a tristeza, a alegria, a esperança e principalmente o amor.
-Um deles perguntou: qual desses você escolheu?
-Eu respondi: escolhi a saudade.
-Por que a saudade? - Porque através da saudade eu encontrei o amor para que me desse forças para continuar a minha jornada.
Mas a curiosidade permanecia aguçada na mente de cada visitante, eles ficavam olhando à distância mais não tinham coragem de perguntar. Um deles criou coragem e perguntou: - por que a saudade está tão distante dos demais nomes?
-Porque a saudade continua chorando pelos os seus entes queridos.
-Está vendo aquela fonte jorrando água tão delicadamente, tão límpida, tão cristalina aparentemente? São as lágrimas da saudade que ainda não se purificaram.

Eu continuei desbravando caminhos e caminhos retirando todos os impencílios. O mais difícil deles foi a solidão, essa sim demorou sair, pois ela se divertia junto com a tristeza, junto com a desilusão. Mas de repente o amor entrou em ação. Ele percebeu que, para acabar com todo aquele desafeto era preciso seguir com a saudade aquela caminhada. E fomos andando, andando, parecia que nunca chegávamos cada trilha que percorríamos, mais pedras eu encontrava, ia pegando uma a uma. - A saudade perguntou: por que você quer mais pedras se você sem querer construiu uma gruta? Eu, carinhosamente respondi: é apenas para retirá-las do nosso caminho para que os nossos pés não se machuquem.
Voltamos a andar, chegamos ao nosso limite. Olhamos no infinito e nada conseguíamos ver. Eu já estava tão consada que decidimos voltar para trás.  O caminho de volta era mais longo do que eu imaginava, o pior era que ninguém poderia me ajudar pois era uma cruz que eu tinha que carregar. Chegou a esperança com seu deslumbramento, com sua alegria, me mostrando que tudo se consegue com fé e otimismo. Retornamos sem olhar para trás.

Ufa! Chegamos! Coloquei as pedras que trazia no chão, descansei um pouco, e comecei a pensar: e agora, onde é que eu vou colocar essas pedras? As outras eu não sabia o que estava fazendo, mas essas eu as trouxe conscientemente. Entrei na gruta, passei a olhá-la, a observá-la, canto por quanto, todos os detalhes tentando descobrir um lugar certo para empilhar aquelas preciosas pedras. Preciosas sim porque de rústicas, elas passaram a brilhar como se fossem ouro, parecia dar vida aquele lugar tão majestoso.
Olhei fixamente para frente, descobri onde eu iria colocar as pedras. Em pensamento eu disse pra mim mesmo, vou construir uma pequena casinha sagrada. Nela eu vou colocar tudo que não é bom para ser convertido em algo maravilhoso. Então, peguei a solidão e coloquei-a em diagonal, peguei a desilusão coloquei-a na lateral também em diagonal, peguei a tristeza coloquei-a também na lateral e fui completando com as outras pedras que restaram. Mas a saudade, vendo tudo aquilo acontecer, se aproximou e perguntou: o que vc tanto olha para dentro da gruta? Quando ela chegou mais perto eu disse: eis aqui a casinha do Senhor. Aqui reinará o amor, o carinho, a esperança, a ternura, a solidariedade, a alegria, muita alegria. Ela olhou a pequena casinha ficou logo de boca aberta admirando tamanha beleza.

Sem que ninguém percebesse, a saudade foi se afastando, se afastando cada vez mais das pessoas que ali estavam presentes. Mas eu havia percebido sim, só não tive oportunidade naquele momento de falar com ela. Os dias foram passando e a pequenina gruta do amor era visitada por pessoas de todos os lugares. Eles chegavam e ficavam maravilhados com a estrutura da pequenina gruta.
-Mas algo não estava bem havia alguma coisa que estava incomodando a saudade e o amor. - Então me aproximei da saudade e perguntei: por que essa tristeza saudade?
-Ela me respondeu: você encontrou lugar para todo mundo menos para mim.
-Será que eu não valho nada sou tão insignificante assim? Não sirvo mais?
-Respondi para a saudade: engano seu saudade, você serve sim ,  é através de você que sentimos o cheirinho gostoso de alguém, é através de você nos juntamos à esperança, corremos em busca da nossa felicidade e que tentamos alcançar nossos objetivos. É através de você que sentimos a saudade mais gostosa de alguém que se foi mas que deixou muitas lembranças que guardamos com muito carinho dentro do peito. É claro que você vai ter que continuar o seu caminho porque outras pessoas também vão precisar de você para que elas possam seguir em frente buscando e matando a saudade com beijos e muitos abraços. Mas o ciúme não tem jeito ele chega em qualquer situação, lá vem o amor com seu jeitinho meigo e pergunta, e eu, por que me desprezou? Eu não servi pra muita coisa. Dei um sorriso e disse: amor, meu lindo amor, não seja modesto você está em toda parte mas o maior amor está no Nosso Senhor Jesus Cristo. Se todos conseguissem aprender um pouco com esse amor com certeza não haveria tantos sofrimentos. Mas você amor, é tão forte que quando é verdadeiro vence qualquer barreira, qualquer obstáculo. Vem amor, vem ocupar o seu lugar, o lugar de destaque bem no centro da pequenina gruta do amor, na casinha Sagrada do Senhor. Aqui, você reinará e muitos fiéis, aqui chegarão para glorificar o Senhor.
Fiquei ali um bom tempo olhando cada rosto, cada lágrima todos encantados
me senti gratificada e feliz e que a minha missão havia terminado. Encontrei o meu verdadeiro eu. Agora estou feliz, preciso partir. Mas o amor como sempre, atento a tudo e grita: hei! Você não me disse o seu nome? Qual é o seu nome?
Mas uma vez dei um sorriso e disse: - pode me chamar de ; PAZ!