Guerra

Guerra! Esta é a palavra de ordem em nosso mundo. O Caos é o nosso senhor. Não existe mais paz. Esperança é um sonho, há muito esquecido. Só existe Guerra. Guerra e Caos. E como há caos. Casas destruídas, famílias separadas. Apenas Guerra e Caos. E são esses os dois deuses que governam nosso mundo. Woz, Mão de Ferro, o Senhor dos Exércitos e Furdh, Senhor das Almas, o Mestre do Caos. Nosso mundo sobrevive segundo a vontade dos dois.

Era noite e a terra estava tingida de vermelho.

Dagor era um cavaleiro. Talvez o maior de toda Aglar. Desde criança fora treinado nas artes da guerra. Aos doze anos participou de sua primeira batalha. Aos dezesseis já era general. Natural de Sigil, um pequeno reino ao norte do continente, agora ele comanda as fileiras de Magol, uma terra de coragem e poder.

Dagor preparava-se para mais uma investida contra o reino de Hathol, o maior dentre todos.

- Atan, sempre houve guerras em nosso mundo, não é? Desde antes de eu ou você nascer o mundo já era destruído por essa batalha sem fim. Gerações após gerações e nada muda. O mundo é apenas guerra.

Atan era um jovem. Um guerreiro de pouca experiência, mas por quem Dagor tinha uma grande admiração. O jovem era o segundo no comando do exercito de Dagor.

- Verdade, General. A guerra é o que move nossa gente. Somos criados para guerrear. A palavra paz há muito já não existe mais.

- A Noite dos Tormentos. O dia que o sol morreu. O inicio de tudo. São muitos os nomes dados ao dia que essa guerra sem fim teve inicio. O mais obscuro da história de Aglar, quando o primeiro reino atacou e a guerra nasceu. O começo do fim. Este é o nome que eu mais gosto para esse dia. Afinal, foi nele que começamos a guerra. O instrumento que, apesar de nos manter vivos, será o causador do nosso fim.

Havia um brilho no olhar de Dagor enquanto ele falava. Atan apenas olhava, atento e confuso, para o rosto forte de seu general.

- As histórias contam que tudo foi obra do acaso. Que um, dentre os vários reis e regentes da época, desejou o mundo para si e para isso deu inicio ao caos que existe hoje. Um simples gesto que mudou Aglar para sempre. Que transformou uma terra prospera e de povos amigos num lugar onde apenas a Guerra governa. Woz, de seu trono celestial, abençoou cada exercito existente e então se sentou para assistir a batalha sem fim que se iniciava. Os reinos foram se destruindo. Aglar tornou-se outra. Dos reinos daqueles dias, apenas Dam se mantêm de pé. Todos os outros caíram e outros nasceram. Alianças foram feitas e quebradas. Guerreiros de valor defenderam nossa pátria até a morte, enquanto outros deixavam sua terra em busca de um lugar mais desafiador. Muitos foram os traidores e vários são os heróis. A guerra existe dentro de cada um de nós.

Dagor falava como um sábio. O espírito da guerra corria em suas veias. Ele tinha um jeito todo especial para falar de guerra.

- Senhor, porque me diz essas coisas? Conheço a história de nosso mundo. Não devíamos estar nos preparando para o ataque? – Atan não entendia porque seu senhor dizia aquelas palavras naquele momento que antecedia uma grande batalha.

- Atan, você é jovem. Nem mesmo eu sei o que realmente houve naquele dia. Sabemos das trevas que existem sobre nossa terra, mas o porquê disso apenas os deuses tem conhecimento. E isso importa para alguém? Alguma pessoa já se interrogou por que nosso mundo é caótico e destruído por infindáveis guerras?

- Não, General. Nunca havia pensado nisso. Acredito que as pessoas também não se interrogam do porquê guerras ocorrem. Mas isso é importante?

- Essa é a questão. O porquê não importa. Só precisamos de guerra. Então vamos a ela!