Pequenas estrelas cintilavam, quando a lua cheia invadiu o ambiente com os sons e aromas noturnos. As sombras das árvores se espichavam no chão sob a claridade, enquanto o vento fresco espalhava folhas secas cobrindo a terra.

Debruçada à janela do quarto, a moça aspirava o perfume especial do luar. Observando os pastos raiados de luz, sentindo na pele um arrepio trazido pela brisa, como se fosse um beijo com sabor de sereno. Desejou tomar posse da lua, tê-la consigo e sair nas noites soltando lampejos de claridade pelos campos, como os vaga-lumes assanhados, indo para o alto desafiar estrelas.

Voou pela noite adentro... A paisagem da serra punha uma mancha arroxeada nos caminhos. No espigão, pelos morros umas florezinhas miúdas amarelavam o chão pedregoso por onde passavam os dois...

Sob a luz da lua, pararam à beira de um rio... Cheiro de capim, frescor de água escorrendo mansa sobre as pedras. Pés que não sentiam o chão, pois ainda não era dia e só as estrelas seriam testemunhas de corações disparados, olhares inquietos, mãos entrelaçadas, bocas coladas em meio a suor e febre. O fogo por dentro só se abrandaria após uma batalha sem tempo e espaço...

Um galo canta e outros respondem mais adiante. Ruídos de grilos nas moitas e sapos na beira do rio misturam-se ao barulho da correnteza. É como se todas as vozes e cheiros do mato chegassem unidos até eles num feixe penetrante de sons e aromas.

Nessa hora, o orvalho da manhã de braços dados com o primeiro raio de sol, abriram a cortina dos sonhos e o dia amanheceu inebriando abelhas e pássaros... A sensação foi tão real que ela podia sentir o sangue aquecer-lhe as faces...

 
                        


*Fotos da autora.

Este texto faz parte do Exercício Criativo - Noite de Lua

Saiba mais, conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/noitedelua.htm

 
Maria Mineira
Enviado por Maria Mineira em 15/12/2014
Reeditado em 15/12/2014
Código do texto: T5070146
Classificação de conteúdo: seguro