A FLORESTA ENCANTADA //CONTO FANTASIA

A FLORESTA ENCANTADA

Embalada pela música que de longe me chegava, a sonhar estava eu, que a mata era encantada. Mas logo na entrada, vi cargas de lenha seca e muitos feixes de plantas sem vida, pela ação de facões e machados. Tinham cortado tantas árvores, que a mata me pareceu tão rala! E no caminho por onde eu vinha, voavam tantos passarinhos que pareciam sem rumo , como se procurassem um cantinho verde onde pudessem pousar.

Gravetos prontos para uma combustão espontânea esperavam à beira da estrada. E de onde eu estava, dava pra ver que havia pequenos lagos lá pra dentro das clareiras, cheios de entulho. Aquele era um sonho infinitamente triste e desolador! Porque estava tudo muito desanimado. Apenas uns poucos animais rasteiros ainda corriam de um lado pra outro sem lugar pra ficar.

E eu pensei: Mas esta floresta não é encantada? Como pode estar assim tão silenciosa, sem nada que afronte este silêncio, onde os animais? Todos fugiram e vagam perdidos ou invadindo as cidades? Onde estão os aromas e as flores? Onde estão os frutos carnudos e docinhos?

Tudo estava tão cinzento! E as fontes murmurantes, onde estavam? Estavam secas! Ali só havia pedras, muito lixo e barro.

Se eu fosse comparar a mata com uma pessoa, diria que aquela sua exuberância fora definhando com a ação dos predadores. E devastada, nas suas entranhas, a meus olhos, parecia uma pobre velhinha encarquilhada, quase sem carnes, um amontoado de restos, cuja vida ia se esvaindo rapidamente...

Ia eu tão pensativa, que tropecei numa garrafa fechada. Peguei e abri. E dali começou a sair um líquido azul e uma fumaça que tinha uma cor dando para o lilás. E aquele material ia se expandindo e tomando toda a floresta. De repente, as cores da mata começaram a voltar . E como num encantamento, árvores inteiras verdes, floridas e com os pássaros bicando os frutos, foram preenchendo os vãos que as máquinas dos cortadores haviam deixado.

Aí, os animais foram voltando, os sons característicos dos bichos se fizeram ouvir e acabaram com aquela calmaria anterior.

A mata estava morrendo daquele jeito, porque uns homens maus, cortadores de árvores e outros que eram caçadores, capturaram toda a magia da floresta com suas riquezas e puseram dentro daquela garrafa que eu achei, por mero descuido deles , que pensavam que já tinham ganho a batalha contra a Natureza.

No meio de todo o resto de bosque ali existente, perdeu-se aquela garrafa, enquanto eles se preocupavam em carregar a madeira de todos os tipos que encontravam...

O encantamento de volta, a selva voltou ao seu estado natural e ficou repleta de vida fervilhante.

E aqueles que amavam o ar limpo que as árvores traziam e todos os benefícios de uma floresta vibrante com seus unguentos e perfumes...seus sons variados ...seus lagos sem entulhos...ah! todos se reuniram e puseram guardas que protegessem aquela verdadeira riqueza, para que nunca mais qualquer ser do Mal pudesse se assenhorear de toda aquela magia.

Reedição

Esther Lessa
Enviado por Esther Lessa em 07/07/2015
Reeditado em 07/07/2015
Código do texto: T5302586
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