Ajoelhou tem que rezar- Segunda parte.
Ajoelhou tem que rezar- Segunda parte
Recapitulemos brevemente:
Pois é, a nossa carente protagonista, depois de escolher uma foto de 30 anos antes e
postar as poesias (dela e de suas amiguinhas do tempo do primário), toda a vez que
recebia um comentário do seu príncipe (o dito cujo) ficava sem dormir pensando nele.
E por carência também, o machão se rendeu aos encantos da novata poetisa (lambia até
os cotovelos). Sua loucura amorosa se desmanchava em poemas, dedicações e elogios
para aquela inocente e bela criatura, varando madrugadas e esvaziando recipientes de
destilados com graduações altíssimas para incrementar seu palavreado e inspirações.
Oh! bela imaculada ninfa
És a mais bela na natureza
E antes que o sol se ponha
Eu estarei ao teu lado na mesma fronha!
Ela repicava:
Meu amado não é só a fronha
Que dividiras comigo
O meu coração por ti chama
Tens à disposição a minha cama!
(Pode?)
Ele aproveitava para postar sua megalopaixão em forma de baboseiras:
Minha amada!
Que venha a morte e me leve ao fim.
Se não conseguir contigo um chinfrim
Acabou o mundo pra mim!
(Dose não é?).
A turma bajuladora derretia-se ante tão belo e apaixonado casal.
Havia alguns que escreviam poeminhas, outras trovas e até os que já falavam em criar um
e-book.
A maioria puxava era o saco mesmo! (Observação: o número desses puxa-sacos não
passava de cinco).
E esses “idiopentas” encheram tanto, que o site que tinha mais de oitocentas participações
caiu para oito, ficaram os cinco puxa-sacos, um fiscal de palavreado, e dois que sem saber
da novela que rolava, entravam e caíam fora.
A empresa proprietária do site apavorou e fez uma grande campanha para os participantes
voltarem a postar suas poesias. (Os anunciantes estavam exigindo)
Foi um dilema, porque afinal os dois e a turma dos puxa-saco não estavam infringindo norma
alguma!Pelo contrário, estavam falando de amor, lírico, inocente, divino e imaculado, enfim,
amor de todas as formas.
Reuniram a diretoria para discutir e após a reunião resolveram marcar outra (como sempre
acontece após uma reunião) para ver o que fariam. E acabaram não fazendo nada.
Chegaram a cogitar a idéia de criar o site do “Visitante de Novela Mexicana” e
o departamento comercial imediatamente sugeriu que se fizesse um plano de vendas para
uma fábrica de lenços de papel, mas a maioria decidiu por manter o de poesia, porque
novela mexicana só dá certo no SBT.
Bernadina começou a usar outro nome. Afinal a preferida do Príncipe também teria que
assinar com um pseudônimo, fez um chá regado a biscoitos coloniais e convidou suas
amiguinhas para ajudarem a escolher.
Para agilizar colocou alguns que selecionara: Flor da Lua, Raio de Luar, Lua Prateada,
Redonda Carente da noite, Inspiração de poeta.
PS: O “agilizar” aqui é um neologismo proposital.
Mas nenhum que ela selecionou foi escolhido.
Uuma amiga do serviço após colocar em votação com todas as outras, definiu que
Bernardina passaria a se chamar Rainha da Noite!
E a partir daí Rainha da Noite e Príncipe do Luar desmanchavam-se em amores pelo
site de poetas livremente, sem contestação ou participações.
Namoravam das oito da manhã até altas madrugadas porque o Príncipe do Luar
sofria de Insônia (não conseguia deitar porque a cama e o quarto giravam ao seu redor).
Mas isto para ele também não era problema porque ele pensava mesmo que o mundo
girava ao seu redor.
Não percam !
Amanhã o próximo capítulo de: Ajoelhou tem que rezar.