Seven Devils - O Início do Fim

Meus demônios encontraram um caminho até o reino dos Elfos Negros. Um deles encontrou o antigo local da batalha e não muito longe dali onde enterraram o Éter. Porém, quando chegamos lá havia uma mulher caída. Ajoelhei-me perto e passei de leve minha mão em seu braço. Suas veias se mostraram vermelhas.

-O Éter está dentro dela. Quem é essa mulher? Já a vi em algum lugar.

-Ela é a amada do Thor, minha rainha.

-Mesmo?! - Olhei para o meu demônio com um enorme sorriso nos lábios- Oh isso vai interessante! Se as lendas estiverem certas, Malekith está acordando.

-O que faremos com ela?

Senti que Heimdall a procurava. Tratei de esconder a mim, meus demônios (ele é único, além de mim, que consegue vê-los) e a ela também.

-Vamos leva-la de volta para Midgard.

-Por que, minha criança?

-Thor está em busca da mortal. Quando Heimdall disser que não a vê, ele ficará preocupado. Em Midgard retiro o véu que a está escondendo, o Deus do trovão a levará para Asgard e o Malekith irá atrás. A destruição da cidade começará.

Levamos a mortal de volta, observamos até ela acordar. Vi o Thor aparecer e usar a Bifrost;

-Hora de voltar a Svartafheim, meus queridos.

Malekith já estava no local com alguns dos seus... Conterrâneos. Aproximei-me; ele falava sobre seu legado e seu ódio por Asgard.

-Olá, Malekith.

Eles levaram um susto, pois não haviam notado minha aproximação.

-Quem é você?

-Eu sou Cristie de Centurion.

-Matem-na!

Alguns se aproximaram, mas os derrubei facilmente com minha energia. Então, fiz o Malekith e seus guardas ficarem paralisados.

-Não consigo me mexer! O que você fez comigo, bruxa?

-Eu sou filha do senhor dos dez reinos, acha mesmo que sou tão fraca quanto uma bruxa? - Cheguei bem perto dele. –Uma vez conseguindo entrar nas profundezas da mente de alguém, se consegue qualquer coisa do corpo dessa pessoa.

-Você não irá nos parar! Vamos destruir Asgard e pegar o Éter de volta.

Eu sorri.

-E quem disse que vim pará-lo? Oh Malekith! Eu odeio Odin e sua família até mais do que você. Quero vê Asgard em ruínas. Eu estou aqui para ajudá-lo.

Após uma promessa de me ouvirem até o fim, os libertei do meu controle mental. Fiz um resumo do que houve com o décimo reino, com minha família e comigo. Então começamos a negociação, nós falamos sobre o que eles querem; o que eu quero; o que eu ganho; o que ele ganhará. Malekith, é claro, ficará com o Éter e fará o que bem entender com ele. Já eu, bom, ver a destruição de Asgard já seria um bom ganho, porém gostaria de um algo a mais...

Demos início ao planejamento. Eu faria Heimdall não vê-los, pelo menos até certo ponto. Uma nave de distração para as outras entrarem. Enquanto isso, um dos monstros já teria se infiltrado nas masmorras mantendo o Deus do trovão ocupado por um tempo. Havia ainda o problema do escudo, mas com a garantia de esse monstro ser, praticamente, indestrutível. Informei o local onde se encontrava o núcleo que faria o castelo ficar vulnerável.

Malekith conseguia sentir o Éter, ele saberia o lugar em que a mortal estaria. Eu o alertei sobre ela ser a amada de Thor, portando a rainha tentaria mantê-la perto. Afirmei que não deveriam subestimá-la, Frigga é uma boa lutadora e tem grande poder de magia, no entanto ele já não me ouvia nessa parte, pois deu início ao seu ritual para a futura transformação do amigo.

Para termos certeza, eu observava a criatura através dos seus olhos. Já nas masmorras, saí de sua mente e decidi visitar o Loki. Ele estava tendo uma conversa com Frigga, no fim acabou dizendo que ela não era a sua mãe e a fez sumir.

-Por que mentiu?

-Cristie! Podia avisar antes de aparecer assim.

-Desculpe se o assustei. Por que mentiu para Frigga?

-Eu não menti.

-Ela está certa, sabia?! – Ele me fitou de forma interrogativa. – Você é perspicaz sobre todos, menos sobre si mesmo.

-Por que está aqui?

-Senti sua falta. Eu te amo!

-E qual a verdade?

-Oh você me conhece tão bem! – Mostrei um sorriso cínico e orgulhoso. – Porém, negócios são negócios e não tenho certeza sobre a sua posição no que estou fazendo.

-O que quer dizer?

-Você saberá quando acontecer. Por enquanto, meu amor, continue sua leitura ou com seja lá o que faz aqui para se distrair. – Beijei minha mão e soprei o beijo para ele; desapareci.

Com tudo organizado partimos para Asgard, tudo corria como o planejado. Era muito divertido assistir de perto toda aquela desolação. Vê o desespero dos guardas, o castelo sendo devastado... Era magnífico!

Eu estava na nave principal, não acompanhei Malekith. Quando ele já estava no castelo, me projetei para mostrar ao monstro o caminho até o quarto de Frigga.

No recinto a mãe de todos estava com a adaga no pescoço de Malekith. A criatura livrou o chefe das garras da rainha e a segurou. Ao notar que a mortal, na realidade, não estava ali, Malekith ficou possesso e com um único golpe o seu ajudante acabou por matar Frigga. Thor ainda conseguiu atingir o senhor dos Elfos Negros com um raio, falei na mente daquela aberração para tirá-lo logo dali. Ele obedeceu imediatamente.

A dor no olhar de Odin; a dor no olhar de Thor ao vê Frigga morta. Uma lágrima desceu pelo meu rosto, mas não era de tristeza. Eu estava feliz! A primeira etapa da minha vingança contra o pai de todos e a família real estava completa. Senti-me satisfeita. Porém, lembrei-me de um detalhe: Loki. Ele a amava, por mais que dissesse o contrário. Ele a amava. Meu coração se encheu de infelicidade ao imaginar o quão profundamente ele ficará ferido.

“Sinto muito, meu amor, mas os meus interesses estarão sempre em primeiro lugar” disse para mim mesma.

Fui retirada do meu estado de transe com o monstrengo agarrando meu pescoço, ele conseguiu me levantar acima dele. Contudo, isso não durou muito, pois meus demônios trataram de fazê-lo me soltar. Atingiram-no com grande força e ele acabou caindo longe.

Eu estava no chão, encostada na parede, tossindo com a mão na garganta. Meus demônios estavam a minha frente formando um escudo de proteção.

-O que foi isso? - Perguntou ele.

-Meus demônios! Lembra-se do resumo que fiz? Eles existem e estão aqui. – Falei enquanto levantava. -Agora, não deve descontar em mim se vocês não foram capazes de pegar a garota.

-Você prometeu... – Começou a dizer ao ergueu-se.

-Prometi que entrariam em Asgard. Pegar o Éter era trabalho seu e do Malekith.

-Você conseguiu o que queria, filha de Born. Ainda nos deve a nossa parte.

Ele se aproximava.

-Para começar, se der mais um passo meus sete irão derrubá-lo novamente e eu não devo nada a vocês. Meu trabalho aqui está feito.

-Você não sairá daqui.

-Tente tocar em mim e todos aqui morrerão. Não se preocupe, fera, o Éter virá até vocês. Thor irá querer vingança pela mãe.

-Como pode ter certeza?

Eu suspirei com impaciência.

-Você me faz ser repetitiva. Eu cresci com Thor e o conheço bem. Como garantia, irei projetar-me mais uma vez e ter certeza do plano dele. Saia daqui, eu preciso me concentrar.

Fiquei sozinha no cômodo, meu pensamento era apenas em saber como o Deus da trapaça estava. Quando apareci na cela do Loki, ele estava soltando um terrível grito de agonia. Ajoelhei-me a seu lado, só então permiti que me visse.

-Cristie! – Ele parecia querer um abraço.

-Infelizmente, você não pode me tocar.

-Gostaria que pudesse.

-Eu também.

-Onde você está?

-Eu não posso te contar.

-Diga que não tem nada a ver com isso.

-Eu não tenho nada a ver com isso.

-Você está mentindo?

-Sim. No entanto, eu não empunhei a arma que levou Frigga a morte. E essa é a verdade, Loki, eu sinto muito pela dor que está sentindo.

-Você a odiava. – Ele virou o rosto.

-Sim. Ainda a odeio, mas detesto te vê assim.

Ele mostrou um sorriso triste ao retornar a o olhar para mim.

-Eu disse que ela não era minha mãe.

-Tenho certeza que ela sabia que não pensa assim de verdade. – Ele abaixou a cabeça. – Loki, olhe pra mim. – Voltou a me fitar. – Você não tem culpa de nada disso. Se estivesse fora dessa cela, Frigga ainda protegeria a mortal e acabaria morta. O resultado por mais que calcule, sempre será o mesmo.

Ele passou a me encarar de uma forma estranha.

-Você poderia ter salvado ela?

-O que? - Surpreendi-me com a pergunta.

-Você me ouviu. - Com a permanência do meu silêncio ele gritou. – Fala!

-Mesmo com essa forma posso usar alguns dos meus poderes. Teria conseguido fazer a criatura parar e poupar a vida de Frigga.

-Mas não fez. - Loki aproximou-se de mim. – Você a assistiu morrer.

-Eu a queria morta. Assim como quero Odin, Thor... E Freya.

-Suma da minha frente!

Nunca havia visto o Loki me olhar com tanta raiva.

-Eu vou, mas saiba de uma coisa: se eu amasse uma pessoa que você odeia, sei que faria o mesmo. A diferença é que você teria mentido pra mim.

Continuei ali, apenas sumi da visão dele. Loki continuou sentado, chorou por um tempo. Não tenho certeza se as lágrimas nesse instante eram pela morte da mãe ou por eu ter tido algum envolvimento nela.

O meu amado sofria pela mãe e me compadeci por ele, no entanto não pensem que me senti culpada ou arrependida. Frigga colocou a D. Silla para cuidar de mim; nunca verificou como eram esses cuidados; nunca se importou comigo. Grande parte do meu padecimento foi culpa dela. Eu ficava contente ao saber que tive alguma participação na sua morte, que só não ocorreu pelas minhas próprias mãos por amor ao Loki.

Continua...

ALANY ROSE
Enviado por ALANY ROSE em 11/08/2016
Código do texto: T5725244
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