O SUPOSITÓRIO MÁGICO

Ontem tive um sonho premonitório, um imenso supositório e todos sentavam lá. Eram índios, empregadas, motoristas, pais-de-santo, açougueiros e frentistas. Empresários, banqueiros e madames. Passaram por lá também cocotinhas, patricinhas e boyzinhos com suas roupas de grife e perfumes importados. Todos atraídos pela estranha sensação, que diziam ser de prazer infinito.

O enorme bastão vermelho, pulsava e ao mesmo tempo brilhava. Um brilho intenso que a todos atraía. Seu odor de frutas frescas completava o atrativo. Tinha um movimento vibratório intenso em intervalos de tempo variados. Era uma intermitência curiosa, que deixava os que experimentavam sentar com os olhos revirando de puro enlevo. Dizem que surgiu no centro da praça na alta madrugada, em meio a uma nuvem de fumaça azulada. Até o padre Marcelo (não o famoso), não resistiu e esgueirou-se pelas sombras da noite e foi experimentar a novidade, acompanhado do sacristão, o Edésio, que mais parece a sombra do pároco. Dizem que voltaram mais duas vezes antes que o dia raiasse. A pequena cidade de Águas do Palmital virou atração turística da região. O prefeito pediu aos vereadores que votassem uma lei instaurando uma espécie de pedágio, cujo nome mais apropriado deveria ser anágio, para quem quisesse fazer uso da mais nova atração.

-Nóis num pode perdê a chance de levantá uma verba extra pros cofre púbrico, disse o prefeito, defendendo a instituição da nova taxa.

Os que costumeiramente sentavam no aparato, diziam-se transportados a um lugar paradisíaco, repleto de ninfas e faunos praticando sexo em todos os lugares possíveis. Diziam ainda que além da irremediável pressão anal, sentiam uma sensação de orgasmos múltiplos até que resolvessem levantar. Muitos ficavam ali por meia hora, ocasionando inevitáveis filas de espera.

No sonho eu cheguei a me dirigir para a pequena pracinha, meio cambaleante e sem saber o que fazia. Quando finalmente cheguei perto do supositório brilhante e baixei as calças do meu velho pijama, comecei a suar como se tivesse contraído malária. Nesse momento fui acordado por Lurdes, minha empregada que me salvou de um desvirginamento inevitável.

Mais tarde pensando com meus botões:

-Já pensou se a Lurdes não me acordasse, o perigo é gostar e não parar mais. Vade retrum satanás!!!