A Maior das Magias

A tempestade girava ao redor do castelo. Estavam todos reunidos na grande sala de feitiços, as trovoadas lá fora ressoavam a uma certa distância. Dentro da sala o ar tornava-se cada vez mais impregnado de tensão, era quase que possível, tocar a energia que envolvia a todos.

No centro da sala quatro magos, sendo dois humanos e dois da raça das fadas, vestindo longas túnicas, entoavam um feitiço numa língua já a muito adormecida, o feitiço era como uma melodia que ora acelerava como as águas de um rio em fúria, ora era calmo como a superfície de um lago em meio as montanhas. No meio dos magos, vestida com uma túnica branca, estava uma jovem mulher com longos cabelos vermelhos, seus olhos estavam fechados e seu rosto era delicado como uma flor primaveril. Ela permanecia em pé como um pilar e não produzia som algum .

Num canto da sala encontrava-se, sentado na posição de lótus, um outro mago , ele tinha os cabelos brancos e trazia no rosto as marcas do tempo. Permanecia em silêncio com os olhos fechados com se estive-se a meditar profundamente e de seu corpo emanava uma tênue luz branca..

A energia que envolvia o ambiente, começava agora a se concentrar ao redor da jovem, o feitiço melodia voltara a ficar acelerado, a tempestade também aumentara sua intensidade. Derepente os magos se calaram, a energia agora estava toda concentrada ao redor da jovem, o ar estava mais tenso que nunca , os relâmpagos pareciam que caiam dentro da sala. Então de súbito ela abriu os olhos, era como se a sala ganha-se uma nova luz, seus olhos cintilavam como estrelas recém nascidas e transbordavam de vida, tal como tais estrelas. Ela começou lentamente a inclinar a cabeça para cima, e seus braços acompanharam o lento movimento, e então com ambos erguidos ela começou a cantar. Era como se a energia que a envolvia, ganhasse mais e mais vida a cada nota que saia de sua boca, e o canto tal qual ao dos magos mudava seu ritímo a cada instante fazendo com que a energia pulsasse como um coração.

Aos poucos a energia foi subindo para cima da jovem e acomodando-se logo acima da sua cabeça, entre suas duas mãos erguidas. A massa disforme começou a ganhar forma e a cada instante, transformando-se num pequeno utero, e dentro dele apenas um ponto de luz brilhante, como um pequeno sol.

A jovem continuava a cantar, seu rosto transparecia além da grande concentração, uma ponta de alegria. Os magos agora, recomeçaram seu canto, e juntaram-se a jovem, e dentro do pequeno utero podia-se ver um pequeno embrião no lugar do ponto de luz, os cantos agora unidos pareciam nutrir o embrião e este logo tornou-se um pequeno bebê, então numa ultima nota, tão forte como o nascer de um novo sol, o utero se abriu e o bebê chorou o choro dos recém nascido. A jovem o pegou nos braços e o colocou no seu peito.

Estava feito, a maior de todas as magias, a vida. Todos ali presentes se preparam durante muito tempo e esperavam o momento certo para tal feito, e agora estava ali junto aos braços da jovem, a esperança na forma de um pequeno bebê. A jovem sorria, era impossível não deixar que a alegria toma-se conta de si, os magos também mostravam um sorriso de satisfação. A criança agora mamava, reconhecendo sua mãe. Estava feito a esperança nascera.

Então, sem aviso algum, um raio explodiu a parede do castelo, que dava para o lado de fora, e lá pairando no ar encontrava-se quatro espíritos. Eles eram de uma brancura morta e traziam em seu rosto uma mescla de ódio e maldade. Os magos ao vê-los tentaram proteger a jovem, mas foram contidos pelos espíritos, que num único raio de luz negra transformaram em pedra os quatro magos, a jovem tentou fugir, mas foi detida pelos inimigos e em sua cabeça apenas um pensamento salvar a criança. Derrepente a sala encheu-se de luz, os espíritos ficaram imóveis por um instante e do canto da sala saltou o mago que estava meditando, e aproveitando a imobilidade deles, correu de encontro a jovem e quando a alcançou, esta passou o bebê para as suas mãos e pronunciou sobre eles um encantamento, ao mesmo tempo um dos espíritos livrou-se do encanto de luz e tentou deter a jovem, porém já era tarde, os dois, o velho e o bebê já haviam desaparecido.

Os outros espíritos então se libertaram e ao perceber o ocorrido soltaram um grito de ódio e foram para cima da jovem, que agora demonstrava apenas calma, então ela fechou os olhos, pois sabia que não teria força para enfrenta-los, pensou uma ultima vez no seu bebê e depois sentiu o frio consumir sua alma.