As Crônicas de Vahl Hallen
 
Capítulo 30
 
   Victor usou seus poderes para adquirir o livro, assim o fechou juntamente do portal, não havia mais monstros surgindo na caverna, Gellard se aproximou dele.
-Muito bem, filho. – Falou.
-Ainda não acabou, todos estão em perigo.
-Está certo. Mas, por favor, pense bem no que irá fazer a seguir.
-Como é?
-Victor, passei séculos cuidando de dragões, descobrindo tudo que estavam sentindo, acredita mesmo que não posso saber o mesmo em você? Sei o quão brutal foi seu treinamento.
-Você não estava lá. – Respondeu Victor.
-Estava sim, muitas vezes, chamado por seu pai para lhe dar novos desafios. Você se tornou o maior de nós, até mesmo Theodor reconhecia isto. Não use seu poder para vingá-lo, nem por ele ou por ninguém.
-O que mais você sabe?
-Sua mãe, Christine, lembro do dia em que seu pai a conheceu, de seu casamento e de quando você nasceu, naquela noite, a perdemos, para sempre.
-Como sabe de tudo isso? Como conhece tão bem meu pai?
-Christine era minha filha. Você é meu neto, Victor.
-Então, durante todos esses anos, você mentiu? Por que esconder algo tão importante?
-Pois você já havia sofrido demais, sabia o quão duro seria me ter por perto. Uma lembrança constante sobre a mãe que nunca teve a chance de conhecer.
   Victor ficou de joelhos, sentia que algo em si estava completo. Gellard se aproximou e colocou a mão em sua testa.
-Espero que isso lhe faça bem. – Ele projetou cada memória que tinha guardado de Christine, Victor, enfim, via a mãe que nunca pode ter ao seu lado.
-Ela era tão linda. – Seu rosto foi tomado por lágrimas.
-Ela sempre foi, o fruto do meu amor, e hoje, estou diante do amor dela. Você é tudo que me restou, Victor. Não o deixe vencer.
   Lisel estava sobre a ponte principal, a gigantesca passarela de pedras. Todos os monstros que restaram se aglomeravam ali, esperando as ordens de seu mestre.
-Então ele a deixou com a missão de me deter? – Perguntou Zerthor.
-Pelo visto, ele já recuperou o livro, seu exército queimará perante nós.
-O livro era realmente útil. Porém, o transformei apenas em uma distração, ele não está aqui para lhe salvar.
   Zerthor apontou seu cajado para ela, disparando o raio negro das trevas, Liam tentou usar a lança, mas seu braço parecia dominado contra suas vontades. Ela caiu, após ser atingida, Lisel ficou inconsciente, Victor pulou do dragão escocês e correu até ela.
-Como pôde fazer isto! – Gritou e voltou-se a Zerthor.
-Ela era fraca. Um desperdício de magia.
-Poderia lhe dizer o mesmo, talvez seu maior poder seja apenas essa mente manipuladora.
-Cuidado com o que diz, rapaz. Você não tem poder para me vencer.
   Victor estendeu a mão, criando um cajado entre seus dedos.
-Este é o cajado de Darien. O Arcano que você manipulou e destroçou.
-Ele era apenas mais um de meus soldados.
-Assim como eu. Mas, antes de morrer, ele me ensinou tudo que podia, me fez entender todas as artes místicas e me tornou um Arcano Supremo.
-O quê? Nem mesmo Darien tinha este poder.
-Tem razão, ele já estava velho, contudo, sempre guardou consigo todos os pergaminhos que encontrou em sua vida e depositou em mim, sua confiança.
   Victor fechou os olhos e o cajado vibrou, fazendo com que toda a legião de monstros de Zerthor desaparecesse, restando apenas o pobre e velho mago das trevas.
-Você não pode fazer isto, esqueceu do poder das trevas, de tudo que já fez?
-Não, mas lembrei, de tudo aquilo que ainda posso fazer. – Victor apontou o cajado para Zerthor, criando uma esfera cintilante que o atingiu.
   Zerthor fora derrotado, as trevas nele se dividiram por todos os cantos. A vitória, porém, não aliviou em nada Victor.
   Lisel continuava inconsciente, Derek e Liam se reuniram ao redor dela. Todos faziam pedidos para que ela voltasse, que acordasse. Victor se pôs de joelhos ao seu lado.
-Lembro-me de nosso primeiro encontro, estava coberto pela loucura, mas, vi em você uma luz diferente, algo que jamais havia sentido. – Pronunciou Victor. – Agora, sinto a mesma dúvida, sinto as trevas que tentam corromper sua alma. Não as dê ouvidos, não se esqueça da maior lição que me ensinou. Nossa força não vem da experiência ou de qualquer outra arma, mas sim, do coração.
-Victor? – Lisel abriu os olhos devagar.
-Estou aqui, hoje e até o último de meus dias.
   Lisel se levantou e o abraçou, todos comemoraram o fim da batalha. Algumas vidas, infelizmente acabaram sendo perdidas, porém, sua luta e bravura jamais serão esquecidas.


 


Fim


 
 
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 30/04/2017
Código do texto: T5985970
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