O passarinho e a flor

De um bico de passarinho, caí á terra num buraquinho.

Era escura e fria a terra e tudo que nela encerra.

Fiquei encolhida e assustada, pois não ouvia ou via nada.

Pensei estar sozinha, desamparada e chorei que nem uma desalmada,

Por medo do escuro, e da solidão…

Não queria estar ali, muito menos sozinha, precisava de ter alguém por companhia,

Adormeci de cansaço, até que acordei com um grande arrepio de frio, algo me tinha tocado, e assustada gritei por ajuda, por luz…

O frio envolveu-me, e uma voz fininha ouvi ao meu ouvido sussurrar, que ela era uma gotinha de água que me alimentava, para eu da terra mais tarde brotar…

Passaram-se dias, e eu fui ficando mais forte, ganhei tronco, e meus bracinhos desenvolveram-se, estava a crescer, precisava de romper.

Senti-me mais segura e forte, e um dia a terra escura e fria tentei romper, ansiava ver o sol, ver a luz, e quem sabe também veria a mãe que me viu nascer.

Fiz força, voltei a fazer, e a terra que antes era dura, a gotinha de água diariamente a fez amolecer. Foi só mais um empurrãozinho, e minha cabecinha, saiu e a brisa suave do vento sentiu, o sol a aquecer, e meus olhinhos abri, e logo vi a linda Luz da vida, que de braços abertos me veio receber… Deu-me as boas vindas, e abençoou o meu ser.

Agora, estava feliz, já não me encontrava no escuro, nem no frio, apesar da mãe terra ser ainda meu buraquinho, podia sentir como era viver a vida na luz e acompanhada por iguais a mim e diferentes.

Todos os dias crescia um pouquinho mais. Um dia um bracinho de folha, no outro dia outro bracinho, e por aí fora até chegar onde estou agora.

Sou uma flor da pradaria que dou cor, perfume e alegria… Borboletas visitam-me diariamente, esfregando seu “narizinho” nas minhas anteras e recolhendo o meu pólen, quando as vejo imagino-as também como sendo flores vivas, que por onde passam exibem a sua majestosa beleza, fascinam-me as borboletas. Mas também me visitam as abelhas que levam meu pólen amarelinho para suas colmeias, para fazer um doce mel, e também não faltam as joaninhas com seus “vestidinhos” vermelhos e com pintinhas pretas, libertam-me de pragas e dançam nas minhas pétalas, e de vez em quando narizinhos de crianças felizes, aspiram meu perfume e sentem-se inebriados de alegria e felicidade. Ainda, só não tinha sido visitada, por um passarinho de suave bater de asas. Um dia talvez um me visitasse, talvez me fizesse essa honraria.

Cada dia, cresço mais um bocadinho, e já quase não recordo o buraquinho escuro e frio, mas não me posso esquecer, que se a mãe terra não tivesse sido o meu útero, eu não existiria, nem do sentido da vida e da luz usufruiria.

Mas, hoje sinto-me triste e a murchar, parece que estou a perder o meu viço e não é por falta de água, sol ou da luz, isso o Criador não me tem deixado faltar.

Sinto, que minhas forças diminuem, apesar do meu perfume continuar a exalar…

De repente, senti algo em mim a pousar, ouvi um ligeiro e suave bater de asas, e eis que ouço uma voz reconhecida de passarinho perguntar: - “ Olá linda flor, de suave e doce perfume, alegria da vida, poesia, harmonia e amor, dás-me licença que de ti leve uma semente, para na terra cair e mil como tu possam florir?”… Agora compreendia, que o passarinho tinha a missão, de a terra florir, do perfume espalhar, para que o amor e a alegria pairassem no ar… Não hesitei na resposta, dei-lhe consentimento, mas que me desse com minha “filha” semente um momento. Expliquei, a minha filha, que ia no bico do passarinho, o que lhe ia acontecer, mas que nada devia temer, que tivesse força e fé na vida, que o Criador dela iria cuidar.

E o passarinho com a semente no bico, bateu asas e voo levantou em direcção a um recanto na terra, que tinha um buraquinho escuro e frio, onde a semente iria cair, e dali germinariam mil flores de cores diversas e encantos tamanhos, com perfumes diversos para a vida a exalar, e a terra renovar!

Maria Irene
Enviado por Maria Irene em 21/06/2017
Reeditado em 21/06/2017
Código do texto: T6033381
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