A ÚLTIMA BALADA II

Do outro lado da cidade, num bairro nobre. Vamos encontrar o nosso conquistador: Morador e trabalhador, ele dispôe de uma peça para residir, num edfício luxuoso de alto padrão. Lá a kitinete do zelador é dele. Gusmão não sabe e nem consegue entender por que se sente tão inferior . O fato, de ele, ser um Profissional de serviços gerais talvez seja sua resposta. No seu quarto decorado com poster da seleção brasileira e mulheres peladas. Um rádio antigo e um televisor de tubo, junto com alguns livros e revistas masculinas espalhados, são seus amigos inseparáveis.

Por que aquela música não sai de minha cabeça? Não paro de pensar naquela mulher: que deusa. Como poderia dizer pra ela que sou um simples zelador. Uma mulher daquela até hoje só tinha visto em filmes ou festas na televisão. Foi muita sorte ter achado aquele convite, bem que eu poderia ter jogado fora. Contudo a minha curiosidade era maior . Eu queria ver de perto ; ter contato com com o mais fino e requintado; o mais belo ; o luxo. Doce ilusão !!!

Agora estou aqui sozinho e louco de vontade de tocar novamente naquela mulher-maravilha. sabe quando isso vai acontecer de novo? nunca! - pensou, resmundando. Ela nem deve se lembrar mais de que eu existo. Um grosso ; um estupido que nem coragem de se despedir teve. Podia no mínimo ter perguntado o nome dela, onde morava ou o que fazia: Não!... como um covarde fugir de fininho...sair à Francesa e trouxe comigo aquela musica, que insiste em me perseguir e, explodir o meus tímpanos com a sua melodia erótica.

Aquele perfume, devia ser Frances, nunca senti algo tão aromático. Nunca senti aquele cheiro. As meninas que vem me visitar, nenhuma delas usam. Outro dia desci no elevador social e lá estava aquele aroma vivo feito meu apetite por ela e minha ânsia de encontrá-la de novo. Mas como seria isso? Olá como vai? O meu nome é Gusmão.

Podemos jantar hoje à noite: onde ? na minha casa ou na sua? Isto funcionou lá, porque ela nem teve tempo pra pensar. O pior é que funcionou; quer dizer o melhor! No filme que assistir também funcionou , mas a realidade agora é outra. Estou perdidamente paixonado por ela. E não teria coragem de agir da mesma forma, pelo contrário . Eu gostaria mesmo era de trazê-la para viver comigo. Morar aonde? aqui neste cubículo?!? impossivel!.

Uma mulher daquela deve morar numa mansão, ou num apto destes daqui da cobertura, onde um cara como eu - só vai estar- sempre aqui embaixo. Mas de uma coisa eu tenho certeza: ela gostou de mim; ela sentiu a minha força conquistar a dela e com bastante vigor. E ai? do que adianta ?

Se ela não está aqui para segurar as minhas pernas e acariciar o meu égo com a sua força felina. E esta música que me persegue por todo lugar, tocando no meu coração e sensibilizando cada vez mais a minha alma, fragilizando o meu ser. Não sei se fico embriagado; não sei se morro de uma vez.

Não sei como encontrá-la. Fora de congitação voltar àquele lugar, para tanto teria que dispôr de todo meu salario, para tentar chegar mais perto dela. E ainda correria o risco de não encontrá-la ; fora a possibilidade de ela estar com outro. Droga!!! Nada disso é racional! Se pelo menos conseguisse um emprego melhor, mas eu estudei apenas para concluir o segundo grau.

Porém trabalhar aqui tem suas vantagens. Moro num prédio super bem localizado e luxuoso, não pago aluguel, nem condominio e ainda tem umas gatas maravilhosas tomando banho sol na piscina. Ironia! outra ironia. Atrás dessa máscara de grosso, escondo a minha sensibilidade de ser capaz. Ali do lado dela, naquela noite memorável, pude vislumbrar o poder da força, pude me sentir gente.

Às vezes este prédio pesa sobre meus ombros e comprimi os meus objetivos. Aqui sou feliz, sempre acordo feliz a cantarolar , cuidando dele como se fosse meu. O meu castelo, aqui é meu Reinado. Sinto a minha nobreza chocar-se na merda que represento. Oh, meu Deus! Tira esta mulher de minha cabeça... Não me deixa sofrer assim: se pelo menos soubesse onde ela mora, onde ela está, poderia visitá-la ao menos em pensamento. Contudo quando penso nela é naquela festa infeliz.

Pude sentir as correntes que atam a minha liberdade, sem elos e as minhas asas tomarem dimensões, fertilizando a minha capacidade de criação. Meu Deus faz parar esta musica: não seixa a ilusão iludir a minha vida, não seixa o sofrimento atormentar a minha paz. A fogueira do corpo dela queima a minha pele sedenta do seu toque.

Sinto - com delírio - a erupção de cada póro; sinto a dor que não dóe no corpo mas que corrói a alma. É amor... é amor...O que eu sinto é amor sozinho, fruto de um assalto ; um crime que cometi contra a minha própria vida. Usei e abusei de minha própria essência travestida de mulher.

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Aquela música tocava cada vez mais alto na cabeça dele desfalecido na cama estreita de solteiro-sozinho. A lutar por uma absolvição que não será tão facil assim. Mas no seu coração foi plantada uma esperança de crescimeento que o impulsiona. No fundo do túneo uma luz ensaia um brilho, mostrando pra ele que poderá ter tudo que quiser, basta pra isso trabalhar a sua capacidade e perceber que a harmonia mora harmoniosamente dentro de cada um.

JAILSON MERCÊS
Enviado por JAILSON MERCÊS em 14/11/2017
Reeditado em 14/11/2017
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