LUARA

Era noite de lua cheia.

Damião, um cigano sábio daquele acampamento fazia suas rezas e oferecia à lua uma oferenda para que o pequeno ser viesse ao mundo coberto de luz, enquanto as ciganas mais velhas acompanhavam o parto.

Do lado de fora da tenda de Rosalinda, todo o acampamento aguardava ansioso pela ciganinha que em breve seria mais uma das pupilas do seu povo. Sim, era uma cigana que viria ao mundo naquela noite, a lua parecia saber disto e reluzia como nunca se havia visto por àquelas pairagens. Rosalinda, a jovem e inexperiente parturiente, contava 15 anos vividos e havia se unido com Juan, de 18, apenas à um ano antes.

Eles haviam sido prometidos um ao outro desde o nascimento e conforme os costumes não havia porque esperar mais e assim a jovem foi introduzida no mundo das casadas e deixou de ser uma menina e passou a ser mulher. Uma mulher que conforme o nome já dizia...cheirava a flor. Era linda e seus cabelos avermelhados e longos ficavam ainda mais lindos quando ela os soltava ao vento e o cobria de pequeninas flores.

Ela tinha herdado o dom de sua mãe e tambem de sua avó. Ela lia as cartas como ninguém, e já fazia poções que aprendera com sua avó e que ajudava e muito os do seu povo. Era uma pequenina sábia e apesar da sua pouca idade seu amor pelo seu povo a fazia muito dedicada aos seus costumes. Era admirada por eles e agora tinha o amor do seu lindo cigano, o que ela poderia querer mais?

No momento tudo o que ela queria era ver o rostinho da sua ciganinha que em breve chegaria ao mundo. Ela sabia que era uma menina porque viu nas cartas, além de já ter sonhado com ela. Seria uma menina muito especial, e o fato dela vir ao mundo na noite em que a lua cheia escolheu para brilhar confirmava isto. Ela teria o dom da vidência e seria muito respeitada pelo seu povo. Enquanto sentia as contrações pensava em como ela seria feliz com aquele ser em seus braços.

Não demorou muito para que a ciganinha viesse ao mundo. O festejo começou do lado de fora da tenda de Rosalinda, o choro do bebe fez com que o pai chorasse de alegria.

A mãe chamou-o e disse que e homenagem a lua mais linda que ela já havia visto, o nome da menina que já se sabia tão especial seria Luara, que ela desejava que ela brilhasse tanto quanto o luar e que sua vida e sua estrada fossem sempre claras como aquela noite.

O jovem Juan concordou e diante da visão das duas mulheres que ele tanto amava achou mesmo que a tenda estava mais iluminada àquela dia e que Luara era um nome apropriado para ela.

Saiu e anunciou a todos o nome da sua princesinha.