A lâmpada maravilhosa

Aristóbulo era um homem correto e com um senso de moral bastante rígido, não entendia como o mundo podia estar do jeito que estava. Eram músicas horríveis de um lado, indecências na televisão de outro, gírias horrorosas de se ouvir, corrupção e crimes de todo tipo. Como o mundo podia ter ficado assim? Como ele gostaria de ter o poder de mudar tudo isso ...

Certo dia passeando na areia da praia, apreciando o calor do verão, observando que os biquínis estavam cada vez menores e que havia um monte de gente que, na sua opinião, estaria melhor na cadeia, terminou tropeçando em algo que parecia estar meio enterrado na areia. Agachou-se para ver melhor o que tinha causado o seu tropeção. Ficou surpreso ao ver que era um objeto metálico de formato curioso. Achou o objeto muito bonito e resolveu levá-lo para sua casa.

Chegando em sua casa Aristóbulo decidiu limpar o objeto para poder vê-lo melhor. Quando estava limpando-o eis que, de um pequeno bico numa das extremidades do objeto, começa a sair uma fumaça esbranquiçada. Aristóbulo assusta-se e joga o objeto no chão. A fumaça aos poucos assume a forma de um homem negro muito alto e musculoso.

- Olá, meu nome é Jamal Aziz. Você tirou a sorte grande, meu amigo. Eu sou um gênio.

- E eu sou o Aladin. Conta outra, camarada. Daqui a pouco vão aparecer os caras da TV pra dizer que é uma pegadinha ...

- Só para lhe provar que não sou alguém dessa tal TV enfie a mão no seu bolso e veja o que tem.

Um Aristóbulo muito receoso, mas também curioso enfiou a mão no bolso e dela retirou um maço de notas de dinheiro. Seus olhos arregalaram-se quando percebeu que ali deveriam haver mais de vinte mil reais. Pensou que com aquele dinheiro já dava para comprar um monte de coisas e pagar várias dívidas.

- Acredita em mim agora? Vamos rápido que não posso ficar aqui neste mundo muito tempo. Ah, você tem direito a dois desejos.

- Dois desejos? Mas não eram três desejos que eu teria direito?

- Não! Aquele era meu primo. Ele é mais bonzinho que eu. Comigo você só tem direito a dois desejos e vamos rápido que eu estou com pressa.

Sem perder tempo Aristóbulo desejou que em sua conta bancária aparecessem quinhentos milhões de reais. Calculou que esse valor era mais do que suficiente para viver confortavelmente até o fim dos seus dias. Com uma fortuna dessas ainda deixaria seus filhos e netos muito bem financeiramente.

Só para confirmar acessou a sua conta pelo celular e viu que de fato tinha quinhentos milhões de reais. Um sorriso brotou de seus lábios. Ele era um homem muito rico agora.

- Satisfeito? Agora diga-me qual é o seu último desejo porque eu já quero ir embora.

Fiel a seus princípios morais e éticos Aristóbulo formulou o seu último desejo.

- Eu desejo que todos os ladrões, assassinos, traficantes, corruptos e criminosos de todos os tipos desapareçam para sempre da face da terra.

O gênio assim o fez. Em um segundo todos aqueles que já tinham cometido algum tipo de crime desapareceram do mundo.

Aristóbulo desapareceu da face da terra.

A Receita Federal descobriu que a fortuna de Aristóbulo, misteriosamente aparecida em sua conta, não era declarada e isso só poderia configurar um ato criminoso.