O FANTÁSTICO MUNDO DO JASPION

Naquele dia, eu já acordei mal-humorado. Ponto de fazer tempestade em copo d’água; naquilo em que se atrevesse a parar na minha frente. Algo que não deixei ninguém avisado pelo falar, mas quem já me conhecia, só pela pose das minhas sobrancelhas, poderia o recado pegar.

Com a rotina de folga, levantei-me às dez horas sobre o silêncio, sem ao menos lavar o rosto ou pentear os cabelos, indo direto da cama à cozinha. A poucos passos pegando-me a uma caneca, enchendo-a de café com leite, acompanhado de um pão francês somente com maionese.

Sem muita cerimônia, como de sempre, descartei sentar-me à mesa. Partindo dali para o meu quarto, fechando a porta, evitando ao máximo ser incomodado. Ciente daquela decisão, já não muito amigo da programação dos canais de televisão, decidi sem muita opção a não assistir televisão, mas, persistente de que não estaria a fim de escutar ninguém que viesse a incomodar-me naquele domingo, instalei o aparelho de DVD na televisão e com o primeiro filme em mãos, coloquei-o no aparelho.

Em poucos segundos, fui surpreendido! Um grande desenho que me conquistou e muito, na minha infância, juntos àqueles que tiveram a mesma infância que eu, na década de oitenta para noventa percebi que “Jaspion” entrava em cena.

Aquele filme mexeu comigo. Lógico, não com a mesma visão de minha infância, mas sim, com a grande recordação do quanto aquilo realmente teve uma história na minha vida! Eu ainda não havia percebido, mas aquele antigo seriado havia me emocionado! Sem muita cerimônia, ao passado fui transportado e a cada segundo que aquele seriado era passado, eu ia cada vez mais, relembrando da minha infância. Tempo que não voltará jamais! Em questão de quinze minutos o seriado acabou. Minha viagem ao passado também, sem ao menos fisicamente me machucar. Meu mau humor sem despedir de mim se perdeu naquela viagem, não voltando ao tempo junto a mim. Tive naquele instante a sensação de requerer fazer aquela viagem, mas “o não” falou mais alto, não sei, talvez seja pela preguiça de brigar com o velho controle remoto da televisão, ou senão a grande conscientização de que aquele velho seriado trouxe a mim. Para que desperdiçar um simples minuto de nossas vidas, por algo que às vezes não nos damos conta do que realmente nos aconteceu; se mais vale a pena, um dia olhar para trás e diante de uma emoção, confessar a nós mesmos, o quanto valeu a pena ter passado por isso ou àquilo.

O fantástico mundo de Jaspion matou o terrível monstro do mau humor que estava em mim. Sem ao menos a minha idade diminuir. Pode uma coisa dessas?!