O Caos, o Mundo e a Névoa

“O Caos cria a ordem, e a ordem alimenta o Caos.”

Livro dos Sacerdotes de Mwr

O raio azul cintilante ainda descia dos céus em direção à abóboda central do Templo Maior. Vinha dos céus encobertos pelas nuvens, descia por detrás delas trazendo os mistérios dos Gigantes da Névoa. Desde tempos imemoráveis, quando os primeiros homens conheceram os Gigantes, o raio descia, e por ele podiam conversar. Os mais sábios homens reuniam-se em ocasiões secretas, em tempos determinados, para falar com os Gigantes a fim de obter conhecimento e pedir favores. Os Gigantes da Névoa eram seres inteligentes, sem forma e que habitavam a região superior acima das nuvens, o Éter ou Névoa. 42 Gigantes da Névoa nasceram no início dos tempos, quando o centro de tudo, Mwr, fluiu sua energia para fora de seu centro, dando origem aos dois mundos. O mundo físico Mundo, e ao mundo etéreo Mokem. Mokem é uma palavra de um idioma antigo e conhecido apenas pelos mais velhos sacerdotes do Templo Maior, significa névoa, ou neblina. Quando os Gigantes adquiriram consciência passaram a moldar Mokem, mas com o tempo, ansiavam por alcançar os limites do mundo físico, desejavam tocar a matéria física e a observavam incessantemente. Por isso, passaram a moldar o Mundo, a fim de criar o lugar ideal para que seus corpos etéreos adquirissem constituição física do Mundo.

Havia um conselho de sábios, formado por cinco mulheres e sete homens. O posto mais alto era ocupado por uma mulher, de idade avançada, que guiava e administrava as reuniões secretas e tarefas no Templo. Era chamada de Bruma Progenitora, a mulher que ocupasse este posto era capaz de trazer a vida, em forma humana, alguma entidade que habitasse as nuvens superiores. Os postos menores eram ocupados por sacerdotes e magistas, que organizavam rituais e tecnologias durante os eventos de comunicação com os Gigantes. As mulheres sempre estudavam e treinavam para um dia ocuparem o posto de Bruma Progenitora.

Há muitos anos, quando os primeiros homens passaram a ocupar cada vez mais áreas sobre o Mundo, saindo das cavernas e das florestas densas, os Gigantes, arquitetos do Mundo, observaram aqueles pequeninos seres moldando a superfície e erguendo construções. Um dos 42 Gigantes decidiu sacrificar sua existência para criar um laço forte e físico entre os dois Mundos. Desceu dos céus, entre as nuvens, como um cristal octaédrico e chocou-se contra o solo inexplorado e virgem do Mundo. Ali cresceu uma imensa árvore ao redor do cristal translúcido e brilhante, seus galhos e tronco eram pálidos e aparentavam uma leve fosforescência, erguia-se a metros de altura e estendia-se por metros ao redor do tronco. Suas raízes perfuraram o solo até a mais profunda caverna e sua copa era vista por milhares de quilômetros. Isto chamou a atenção de sete caçadores de uma tribo na região. Enquanto caçavam a noite, viram ao longe a estranha árvore cintilando. Aproximaram cautelosos, mas Gargamir o mais velho e corajoso decidiu avançar e tocar na árvore. Era como se algo caminhasse por cada centímetro de seu corpo, algo tomasse sua mente. De repente os outros do grupo viram, atônitos e sem reação, Gargamir entrar por uma fenda no tronco. Muito tempo se passou até que ele voltou. Estava nu, porém com um aspecto mais jovial e auspicioso, vestiu-se com algumas roupas emprestadas por seus amigos e começou a falar, tão diferente.

Gargamir havia sido levado para as alturas, para junto dos Gigantes, e lá recebeu conhecimento e capacidade de entender as mazelas e engrenagens do Mundo e de Mokem. Recebeu a capacidade de moldar o éter e assim, moldar o mundo físico, chamando isto de magia ou como no idioma antigo, Samartha.

Daniel Gross
Enviado por Daniel Gross em 31/01/2019
Reeditado em 31/01/2019
Código do texto: T6564115
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