GLÁUCIA - EM BUSCA DA JÓIA DE SETE FACES - parte 1

Glaucia após receber a carta em sua casa, ajeita seus cabelos negros, longos e encaracolados e começou a ler a missiva, temendo pelo que seria;

“Guerreira Glaucia,

Nos últimos meses perdemos muitos de nossos homens na missão de capturar a jóia de sete faces chamada Amor-Perfeito. O dragão chamado Maior-Medo que habita na região sombria do topo da montanha de WikiMétthrika, pelo que parece tem se reproduzido e dado a luz a vários filhotes e destruído muitos exércitos de todos os condados. Porém isso não é o pior. Tememos que nosso condado seja invadido pelos seus adeptos orcs montados nesses dragões menores e não consigamos nos defender. Sendo assim, decidi te nomear nova guerreira alfa responsável em liderar a equipe mais forte de guerreiros de toda a terra de Litherátuhus, para resgatar a joia e destruir o dragão. Separei alguns dos mais nobres cavaleiros para te ajudar. Olliveira, o cavaleiro que no brandir de sua espada de trovão, destrói muitos inimigos; Hammorim, o profeta do mar, do vento e do fogo; Giz Ellen, a maga que pode invocar qualquer animal para a batalha; Augusto, o noctívago, com poderes de enegrecer tudo ao seu redor, facilitando ataque e defesa; Galva Negra, uma amazona muito forte que pode quebrar os ossos dos inimigos com sua clava; e DeoMiro, o espadachim místico, muito veloz, a ponto de ninguém ver quando ele entra ou sai da batalha. Porém, tememos que exista um mal ainda maior. Afinal, de onde surgiram tantos dragões? De onde vem a força desse dragão Maior-Medo? Sei que está apreensiva porque ainda não sabe qual é o seu poder. Você o descobrirá quando necessário. Minha esposa Larissa e minha filha Beatriz dizem que você é forte o bastante para vencer o dragão. Acredito nelas, justamente porque elas não são de falar muito. Leve seu livro mágico, monte uma estratégia, já que você é a única que entende de territórios perigosos e suas armadilhas, mesmo sem nunca tê-los visitado, e salve nosso povo. A terra de Litherátuhus conta com você.

De sua majestade,

Rei Andher Son.”

Gláucia muito temeu por sua vida, porque desde criança sabia que fora chamada para isso, mas nunca descobriu quais eram os seus poderes. Treinou muito sozinha e estava preparada. Porém, mesmo sendo forte e inteligente o suficiente, ela temia por ter que liderar tal missão. A mais perigosa que já ouviu falar seria logo aquela que ela teria que enfrentar.

Ao se reunir no monte Khoffie com seus novos soldados, uma ave desastrada aproximou-se deles e veio gritando:

- Por favor! Deixem-me ir com vocês! – a ave chorava com sua fala fina.

- Ué, mas quem é você? – perguntou o profeta Hammorim.

- Sou apenas um homem amaldiçoado pelo dragão. Ele tirou meu ofício e raptou minha mãe. Ela está presa nas cavernas de Battheria Vis Iada. Porém infelizmente não consegui resgatá-la e fui transformado nesse pombo inútil e ridículo.

- Pobre animal... digo, pobre homem – disse a maga Giz Ellen para o homem em forma pombal - Não tenhas medo. Fique calmo que nós iremos ajudá-lo.

- Sim. Eu agradeço a ajuda – dizia com voz embargada o pombo – porém se não chegarmos a tempo... ela pode...

- Se acalme moço – disse em tom consolador Gláucia – Se junte conosco que iremos lutar contra o dragão também. Estamos em busca da joia de sete faces.

- Poxa, gente... muito obrigado. E vocês sabem alguma coisa sobre essa joia? Tanto ouvi falar, mas nunca entendi direito.

- No meio do caminho te diremos – Augusto com seus olhos por completo brancos disse com ar apressado. – Por ora vamos em frente.

Enquanto caminhavam, Gláucia teve uma forte tontura ao ponto de se ajoelhar com as mãos na cabeça quando chegaram na travessia de um lago que refletiu o rosto de cada um de seus amigos:

- Ei ei ei! Está tudo bem, moça? – disse solícita Galva Negra tentando levantar a líder do grupo.

- Sim, sim. Estou bem. Eu sempre tenho essas tonturas, mas ultimamente elas ficaram cada vez mais fortes.

- Gláucia – se aproximava DeoMiro perguntando – nós todos fomos chamados por sua majestade, o rei Andher Son, para essa missão. Cada um de nós possui um poder específico. E cada um desses heróis que estão entre nós eu já ouvi falar. Exceto... nosso amigo pombo aqui

- Eu não sou um pombo! Eu sou um guerreiro diferente de vocês... só... estou em forma de pombo. – disse a ave.

- Vem cá – disse segurando o pombo com suas fortes mãos a amazona Galva Negra – qual era o seu poder então, amiguinho?

- Me larga! Você tá me machucando, sua parva. – a ave se debatia enquanto resmungava.

- Galva, solta ele. Tadinho. – falou Giz Ellen com dó do pobre animal.

Após Galva Negra ter soltado o pássaro ele num voo subiu ao céu e gritou de lá de cima:

- EU SEI RIR!

Nesse momento todos olhavam paralisados com rostos de espanto e sem graça para a ave que, imponente, estufava o peito, parada no ar. Todos caíram na risada.

- Ué? Qual a graça? De quê estão rindo?

- Nobre guerreiro – dizia alisando a barba o profeta Hammorim – se o seu poder for esse... eu não te venceria numa batalha jamais.

- Engraçadinho. – e a ave desceu mostrando a língua curta. – quero apenas resgatar minha mãe. No estado em que estou é impossível lutar. Por isso preciso da vossa ajuda.

- Ok, nós vamos resgatar sua mãe. – disse DeoMiro.

- Ela sim. Ela tem poderes muito fortes. Porém não resistiu a cólera do terrível dragão Maior-Medo. Se eu colocar minhas mãos naquele réptil asqueroso... ele vai ver só.

- Mas então... nos responda a pergunta. – disse Augusto.

Todos olharam para Gláucia.

- Oi? O que? Gente, qual pergunta?

- Qual o seu poder? – DeoMiro perguntou outra vez.

Ela abaixou a cabeça e fez silêncio. Todos ficaram um tanto preocupados com aquela atitude, já que era sua líder na batalha mais difícil de todas as suas vidas. E se a própria líder não conhece os poderes que têm, como poderia liderar, pensava alguns.

Chegando na Terra de WikiMétthrika, um fantasma mulher passou perto deles dizendo:

- Quem entrar na terra do caos, caos também se tornará. Quem ousar entrar nas cavernas, terrores sem fim encon-trará. Trará!

E saiu voando.

Todos estranharam aquela mensagem. O pombo voou até o fantasma mulher para tentar conversar com ela:

- Ei, qual o seu nome?

- Meu nome se diz ao contrário. Ylleuname. Não posso ajudá-los nessa batalha contra o dragão. Se eu fosse vocês, fugiria também.

- Mas eu preciso resgatar...

- Não há mais tempo. O caos reinará!

E sumiu nas nuvens que se escureciam.

Os guerreiros chegaram ao topo de uma montanha que dava vista para a Terra do dragão. A entrada daquelas terras era sombria. Havia nuvens negras densas e enormes sobre o topo de uma montanha, um castelo imenso no fundo da paisagem, e de cima avistaram um sem números de orcs monstruosos andando para todos os lados.

- Essa é boa. Como entraremos agora? – vociferava Oliveira.

Nesse instante Gláucia fechou os olhos. Ela pode contemplar quais as entradas da cidade, quais os túneis, os acessos menos perigosos e o caminho para chegar até o topo da montanha e enfrentar o dragão.

- Olhem só – Gláucia dizia jogando uma espécie de pó verde ao alto fazendo um mapa brilhante sobre eles. – Viremos pela parte de trás desse vilarejo. Tentaremos não combater com ninguém, pois eles estão em infinita maioria. Se nos virem, Augusto e DeoMiro darão um jeito de nos livrar deles. Após isso iremos pela floresta. Há poucos orcs ali, mas temo que haja dragões pequenos também. Aqui Giz Ellen tentará jogar os dragões contra os orcs e em seguida Galva Negra acabará com todos eles.

- Meu feitiço não funciona com dragões. Pode deixar. Já sei quais animais chamar.

- Tudo bem. Galva Negra, então, já sabe o que fazer.

- Tô pronta pra tudo! – Disse Galva balançando sua clava de uma mão para a outra.

- Perfeito. Depois teremos que subir e para chegar até a montanha é necessário passar por um mar feito de sangue, onde dizem que os piores monstros estão debaixo daquele líquido.

- Certo. O que faremos aqui? – disse Olliveira.

- Aqui eu necessito da ajuda de vocês, Hammorim e Olliveira. Claro que todos são úteis para todos os terrenos, mas estou adaptando a habilidade de cada um ao contexto em que nos encontraremos. Como aqui a força deve ser intensa, os ataques também.

- E depois? – perguntou a ave.

- Subiremos até o topo da montanha e todos lutaremos juntos. Até chegarmos ao dragão.

- Mas espere –perguntou Hammorim – então quer dizer que a única coisa que você veio fazer aqui é ser líder de torcida? Só isso? Você só veio dar ordens e não irá atacar em momento nenhum?

- Não me espanta a sua indignação profeta – disse Gláucia – porém estarei lutando junto com vocês em cada momento. Apenas confiem em mim, até porque sem mim vocês não saberiam por onde entrar por essa cidade nefasta.

- Ora, é só estourar a cabeça desses orcs e tá tudo certo – trovejou Olliveira.

- Não, gente. Perai... – disse a ave. – Os orcs podem ser lentos, mas os dragões não. Eles são muito rápidos e podem nos alcançar facilmente. Sem falar nas muitas hostes infernais que esses monstros possuem. São milhares. E estamos apenas em pouco número. Os orcs são muito fortes. Nem as flechas da terra de Soneto foram capazes de perfurar sua carcaça dura.

Todos então se entreolharam e fixaram sua atenção em sua líder. Gláucia abaixou a cabeça pensativa:

- Meu Deus. Qual o meu poder? Por que estou aqui? Logo eu terei que resgatar essa joia. Mas por que eu?

- Vamos? – disse a maga Giz Ellen.

- Ok - disse Gláucia - Vamos.

CONTINUA...

Leandro Severo da Silva
Enviado por Leandro Severo da Silva em 11/07/2019
Reeditado em 16/07/2019
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