A noite na praia

Não lembro a hora nem mesmo o momento em que isto que vou contar aconteceu. Lembro apenas que eu caminhava pela beira da praia, a noite não era uma das mais lindas, mas era agradável, me possibilitava andar com a camiseta aos ombros, procurava visualizar o horizonte escuro, onde eu apenas enxergava pontos de luz de embarcações pesqueiras em alto mar. Geralmente quando se caminha pela praia, e geralmente a noite, procura-se sempre pensar em assuntos clichês da vida, trabalho, dinheiro, festas, família e principalmente na pessoa amada, e era isso que exatamente eu fazia naquele instante,

em meio aquela deserta praia, me enganava a ver de encontro a mim, a pessoa que habitava meus pensamentos naquela época. Tudo era tão real, nem me dei conta que era apenas um fruto da viagem da minha imaginação, o único fato que me causava estranheza era que quanto mais eu tentava me aproximar dela, mais distante ela ficava de mim. Foi quando ouvi uma voz que me parecia pertencer a uma criança me chamou, girei sobre eu mesmo, e não vi ninguém. Fiquei meio ressabiado,confesso, mas tentei procurar a pessoa amada novamente.

Neste instante a vi sentada com as pernas cruzadas, a cinqüenta metros de distância de mim, mais ou menos, e para minha plena alegria ela realmente estava lá, não apenas na minha imaginação, apressei meus passos e a chamei pelo nome, prontamente ela me atendeu com um sorriso que pareceu-me iluminar aquela escuridão da praia. Perguntei se eu poderia me sentar ao lado dela, ela balançou a cabeça positivamente, eu nada bobo

fiz isso prontamente. Perguntei a ela o que ela estava fazendo perdida pela praia e ela me respondeu assim:

- Sempre tive vontade de visitar a praia a noite, caminhar , abrir os braços e sentir-me abraçada pelo vento, quando você me veio ao pensamento, depois sentei aqui para escutar a música que é produzida pelas ondas do mar, comecei a pensar em nossos momentos juntos, aí como por mágica você me apareceu aqui, agora por favor, me dê um abraço, bem forte.

Senti uma lágrima rolar sobre meus olhos, mas não era de tristeza, e sim de muita alegria, afinal por muito tempo sonhei com um momento semelhante aquele. Este abraço durou cerca de trinta segundos, aliás foram os trinta segundos mais demorados da minha vida de tão agradável que era, logo depois segurei a mão dela, olhei bem nos

olhos dela e dirigi a ela palavras doces e apaixonadas, e ela como sempre em situações de eu me declarar a ela , apenas sorriu, tantas coisas mais tentei dizer mas as palavras eram bloqueadas por uma garganta seca, uma boca aflita que procurou outra, cerrei meus olhos e senti minha boca sendo beijada. Aquele dia que não lembro qual era, naquele momento se tornou um dia de praia na virada do ano, fogos e mais fogos de artifício explodiam pelo ar, mas não comemoravam um ano que nascia, e sim uma união de duas pessoas que se amam. Quando o beijo cessou, a minha euforia era tanta que a única frase que consegui dizer foi : - “ Promete que jamais irá duvidar do meu sentimento ?” - Ela apenas sorriu novamente, e me convidou para caminhar pela praia, quando olhamos ao horizonte, os primeiros lampejos de luz do sol já davam as caras, continuamos a caminhar, não demorou muito para o sol já se tornar escaldante e os primeiros guarda-sóis serem armados, todos viam em meu rosto a alegria estampada. Mas quando procurei os lábios dela para beijá-la novamente, escutei o barulho de um alarme tocando... Ah, era apenas mais um sonho.

Oscar Bottaro
Enviado por Oscar Bottaro em 26/09/2007
Reeditado em 27/09/2007
Código do texto: T670062
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