Então, sonhou com Vivaldi.
Corria pelos corredores da igreja como se algo lhe perseguisse. Os cabelos esvoaçavam frente ao rosto. A cena poderia ter como trilha 'Winter' de Vivaldi. Mas a única trilha ali tocada era a de desespero.
Um desespero gelado lhe fazia gargalhar e ao mesmo tempo voar. O corredor não acabava. As portas permaneciam fechadas. A escuridão tomava conta de tudo.
Corredores e mais corredores - agora o violino de Vivaldi acelera. - Ela para assustada no centro de dois corredores.
"Para lá ou para cá?"
- AURORA! - um grito veio de um lado.
- SOCORRO! - veio de outro.
Mas e agora, para onde? "Para onde Aurora", ela se perguntava.
Aos poucos os olhos lagrimavam, eclodindo um grito. Agachou-se perdida. Levou as mãos a cabeça. A lágrima escorreu dos olhos.
- Sou eu... - a voz masculina afirmou fortemente.
- Não pode ser... - Aurora murmurou ao ver aquele homem ruivo lhe estendendo uma das mãos.
Abriu um dos olhos. Um faxo de raio de sol invadiu-lhe e matou-lhe de decepção. Bocejou.
- Por Deus! Que sonho bom... - e desligou o sonzinho que em máxima altura tocava Vivaldi e suas sinfonias.