Os violinos do amor, a canção que virou conto.

 

 

 

Tu não sabes que coisas eu fiz naquele dia quando a encontrei na praia...

 

Fiz papel de palhaço para mostrar-me, exibir-me aos olhos dela, que nem ligava pra mim. Ela brincava com todos os rapazes e moças, mas me deixava de fora, nem olhava pra mim.

 

Por quê? Por quê? Se ela gostava de mim? Perguntava-me.

 

Naquele momento eu tive certeza de que ela me amava e me odiava. Amor e ódio. Por que aquele proceder contrariando toda a razão?

 

Eu nem menos era seu namorado, mas ela sofria por mim e, para fazer-me ciúmes, naquela noite à beira mar, ela chegou contigo.

 

Agora tu vens perguntar a mim onde está tua mulher.

 

Tu devias imaginar que cedo ou tarde ela iria embora. Te deixaria. Tu casaste com ela sabendo que ela morria por mim.

 

Amigo, com teu dinheiro compraste o seu corpo, mas não seu coração.  Tu sabias que ela me amava e me odiava, era louca por mim.

 

Sabe? Um dia, logo depois do vosso casamento, eu a vi entrar no meu quarto. Ela me olhava silenciosa, esperava um meu “sim”.  Então me levantei da cama e a olhei por inteira. Ela parecia um anjo.

 

Apertava-me com seu corpo, deu-me seus lábios, sua boca, dizia que era minha. Mas eu me mantive como se fosse de pedra.

 

Eu a amava e a odiava. Naquele momento era contra o sentimento que sentia por ela. Se eu não fui seu namorado a culpa era dela.

 

Então, num acesso de crueldade, comigo e com ela, segurei seu lindo rosto e a mandei sair dali, ordenei que voltasse para ti, que agora me perguntas por ela.

 

Eu a vi sair do quarto. Parecia um anjo que chorava. Então voltei ao leito e chorando sonhei com ela a apertar seu corpo ao meu, doando-me sua boca, dizendo que era minha. No sonho eu a beijei.

 

A música dos violinos ciganos chegava aos meus ouvidos, invadindo o meu sonho. E ao som deles, nós dois dançávamos como loucos enamorados.

 

 

Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 16/10/2007
Reeditado em 16/10/2007
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