De Bem com a Vida de Mal com a Sorte

De Bem com a Vida de Mal com a Sorte

De bem com a vida, solteiro, paquerador e sem problemas financeiros aparentando ter entre 25 e 29 anos, Flavio era sempre visto acompanhado de lindas e encantadoras mulheres, de fazer inveja a qualquer mortal que enxergasse a luz do sol; Quando não eram louras, eram morenas, quando não eram morenas eram ruivas e mulatas de tirarem o chapéu. Além disso, não importava a idade, se era jovem, balzaquiana ou coroa, se era filha ou mãe, para todas elas, ele tinha um assunto, um papo, uma sedução incrível em que todas caiam em sua parla e elas pareciam estar bem e super feliz com Flavio. A rapaziada da rua olhava Flavio com inveja e perguntava.-Pôxa, o que é que ele tem que eu não tenho?

Por sua vez Flavio notava que os camaradinhas o olhavam com inveja e ciúmes, mas este nem ligava, e aos íntimos que lhe perguntavam.-Como é que você tem tanta sorte assim com essas mulheres lindas? –É dinheiro?

-Flavio respondia: Claro que não. Pois eu não o possuo assim em tanto volume como parece, e algumas vezes, elas financiam a minha companhia.

-E eles perguntavam.-Mas então como é que pode?-Qual é o segredo?

-Flavio respondia.-Segredo nenhum.

-Como assim Flavio? - Tornavam a perguntar.

-E Flavio explicava: Ora basta ser bem natural, sincero e ávido por uma boa companhia, trate-as, como se fossem suas irmães, suas parentas, com respeito e inspirando confiabilidade, proteja-as, se mostre capaz, prevenido, altruísta, deixe-as falar, seje bom ouvinte e você terá as mais belas companhias femininas desse planeta, seja como for, algumas vocês terá conseguido levar para a cama, outras querem de você apenas a sua boa companhia, e ainda outras querem mostrar pra seus conhecidos, que são também capazes de ter um homem ao seu lado; mas no final de tudo quem sai ganhando é você se soube bem se-lhe dar com elas, pois essas coisas no mundo feminino correm a boca pequena, e uma vai contando pra outra do que você é capaz e todas no seu intímo ficam tentadas a experimentar, assim que você sair de uma delas, ou então ainda nem sair.

E Flavio explicava, explicava e alguns, até seguiam os seus conselhos e tentavam, mas na hora ága nada funcionava, falhava tudo e vinham de novo tomar lições de “Dom Juan” com Flavio que já não estava interessado contar mais as suas peripécias sensuais.

Certa ocasião, já alta horas encontrava-se Flavio em um restaurante perto de uma orla marítima no litoral, sentado em uma cadeira numa mesa vazia; estava só, pensativo, bebericando umas e outras, quando de repente sentiu como se tivesse sendo olhado, esmiuçado, levantando a cabeça lentamente e olhando para os lados, Flavio percebeu quem lhe observava disfarçadamente, verificou que era uma jovem-mulher com aparência de uns trinta e poucos anos, morena clara, olhos, talvez verdes, cabelos compridos, bustos eretos e de boa aparência.Estava sentada em outra mesa próxima a de Flavio, com uma colega conversando que Flavio, não pode destinguir a sua tez, pois estava de costas para a sua mesa, e para não assustar a sua admiradora, pois ficara curioso para saber quem era, pensou que talvez fosse alguma namorada do passado em que ele não se lembrara mais, começou a dissimular que não estava notando o interesse da moça. Quanto mais ele disfarçava, mais ela fazia tudo pra ser notada por Flavio, que depois de certo tempo pode observar com certeza que não a conhecia e certamente a moça se interessara por ele.

Vendo então que as coisas se facilitariam, Flavio se mostrou o mais solícito possível e começou a sorrir, e perguntar com sinais se poderia sentar em sua mesa e se não haveria problemas ou se ela estava esperando ou acompanhada de algum homem.Nisso a sua amiga notou a comunicação entre os dois, e virando de costas para Flavio este viu quando as duas combinaram em vir a sua mesa.Flavio mais que rapidamente ajeitou as cadeiras como que a dizer: Podem vir sem susto.

-Oi como vai tudo bem? Eu sou a Marina esta é a minha amiga Sofia.

-Prazer eu sou Flavio, tudo bem?Mas o que traz vocês aqui, eu não me lembro de tê-las visto por aqui.

-Realmente você tem razão, é primeira vez que nós viemos aqui, não costumamos freqüentar estas paragens, de modo que pra nós duas tudo isto aqui é novidade.

-E você?- Vem sempre aqui?

-Sim, de vez em quando, quando estou só.

-Imagino que hoje você se encontra só?-disse Marina.

Sim e precisando de companhia.

-Além de vir aqui de vez em quando, o que mais você faz, Flavio?

-Bem trabalho em uma empresa multinacional, e sou auditor.

-Mas fala-me de você.-Disse Flavio.

-Sou secretária bilíngüe, e trabalho em uma empresa ligada ao Mercosul.

-E a sua amiga, o que é que ela faz?

-Bem eu sou professora de espanhol, mas não moro aqui e estou de passagem comprada para amanha.

-O muito bem.-disse Flavio.

Enquanto ia se desenrolando esse papo, o garçom chegou perto da mesa deles e perguntou.-Vai mais um chope aí?

-Sim, por favor.Todos disseram ao mesmo tempo

Lá pelas tantas e uns poucos chopes, todos já se encontravam bastante íntimos, e Marina já se insinuara abertamente para Flavio e que agora se encontrava ao seu lado, de vez em quando deixando a sua cabeça deitar ao seu ombro o que fazia que Flavio a abraçasse. Do outro lado da mesa Sofia, que tudo via e aprovava, como que carecesse também de uma companhia intima disse:

-Vamos gente já esta quase amanhecendo o dia e amanha estarei indo embora para a minha terra.

-Disto isso todos os três se levantaram, chamaram o garçom e Marina fez questão de pagar a sua conta e de sua amiga que ficara em outra mesa, Flavio então pagara a conta de sua mesa, e foram caminhando para o estacionamento do restaurante que àquela hora ainda se encontrava de casa cheia.No estacionamento Flavio inspirado perguntou.-Nós voltaremos no seu carro ou no meu?-Marina disse.

-Deixe o seu carro aí e vamos os três no meu.

-Esta ok.

Flavio, Marina e Sofia entraram no carro, e Marina deu a partida, rodaram mais ou menos uma meia-hora, e chegaram em frente de um prédio com jardins e arvores a suas entradas, com portaria de quebra-luzes e porteiro uniformizado, que quando identificou Marina comandou a abertura da porta da garagem, permitindo que o carro adentrasse o subsolo do prédio.Chegando na sua vaga de garagem, todos saltaram, e Marina mostrou o elevador que deviam pegar, se encaminharam para ele em silêncio, que se encontrava no subsolo como que os esperando, entraram os três e Flavio viu quando Marina apertou o botão nº 12.O elevador subiu normalmente, mas deu a impressão a Flavio que subira rápido demais, o que o deixou um pouco tonto, mas na verdade era efeito dos vários chopes que ele tomara anteriormente.

Chegando no andar previsto o elevador parou e todos soltaram e se dirigiram para uma porta de madeira envernizada de bom gosto, Marina a abriu-a e os três entraram, luzes acesa e Marina mostra a Flavio o banheiro dizendo que lá se encontrava tudo que ele precisa-se.Enquanto isso Sofia sumiu em outro aposento da casa.

No banheiro enquanto se lavava, Flavio pensava:- Será que essa mulher é casada?

-Como será que ela mantém tudo isso aqui?

-É... Deve ser mais umas dessas solitárias-independentes endinheirada precisando de companhia, quantas não existem por aí pra quem sabe descobrir.-Pensou Flavio

-Depois de uma meia hora no banheiro curando um pouco a bebida Flavio saiu, e já Marina estava na porta esperando-o só de calcinha, o que Flavio prontamente pegou-a no colo e beijando-a na boca, procurou instintivamente o quarto de Marina, em que a mesma o guiava com o dedo. Entraram e fecharam a porta.

-Já ia dia alto quando Flavio acordou e não viu Marina no quarto, se levantou procurou o banheiro do quarto lavou-se e vestiu-se, se preparando para sair.Já de novo Marina o esperava á porta do quarto, dessa vez vestida até o joelho, pegou em sua mão e levou-o até a mesa de café.Enquanto tomavam café confabulavam.

-Dormiu bem?-Perguntou Flavio.

-Sim, e você?

-Muito bem obrigado

Quando é que vamos nos ver de novo?

-O dia que você quiser.

-Tem certeza que não há nenhum problema?

-Problema nenhum.-Disse Marina

-Bem então ligarei logo para você ok?

-Por mim tudo bem.

-A onde é que esta a sua amiga?

-Oh. Ela teve que ir embora, e partiu de manhã.

E continuaram conversando por mais alguns minutos, depois pegaram o elevador desceram o prédio e Marina foi deixar Flavio no lugar onde o mesmo deixara o carro na noite anterior, Istoé no estacionamento do restaurante onde se conheceram. Lá Flavio pagou o manobreiro do estacionamento despediu-se de Marina e entrou no seu carro dando a partida, viera pensando: Ela deve ter grana não há duvida, e parece que é mesma sozinha.

O tempo passou, talvez uns seis meses, e o namoro entre Flavio e Marina estava em pleno vapor, a ponto de ficar mais tempo com Marina que com as outras.De quando em vez iam a um motel ou na maioria das vezes, Flavio e Marina depois de uma “noite maravilhosa” acabavam mesmo era no apartamento de Marina que possuía mais conforto que a casa de Flavio que era longe e um pouco afastada do litoral, e assim transcorria a vida de Flavio, sem problemas e intimamente pensava, “que essa era sem sombra de duvida a maior caçada da sua vida romântica e não fizera nenhum esforço para isso, vindo como que a coisa caída do céu” o que se podia confirmar dada à boa vida em que Flavio levava com Marina, pois quando alguém abria o guarda-roupa de Flavio, via-se, que camisa era o que não faltava, calça e sapatos de bom gosto também, cuecas de varias cores e feitios, escolhidos a dedos e a alho por quem lhe presenteava, fazendo do seu gosto o do Flavio que de nada reclamava e só agradecia; enquanto o seu carro ficava na garagem, ele saía com o de Marina, como gosto que faça a dona, se encontrando com ela duas ou três vezes por semana, era um “bon vivant”.

Em uma tarde, em que Marina se demorou mais no serviço, Flavio lhe telefonou e disse a ela que ia para sua casa espera-la. E que ela não se demorasse.Como de costume chegou tirou a roupa colocou-a no quarto sapato, meias, calça e pegou a sunga limpa, toalha e bermuda e foi ao banheiro do apartamento, que fica do outro lado, depois da sala no corredor, tomar banho.Depois de se ensaboar todo e tomar um refrescante banho, já vestido de sunga e com a bermuda na mão, Flavio sai do banheiro, e passa lentamente a caminhar na direção da sala, quando tem a impressão que a porta da frente do apartamento se abre como se tivesse entrando alguém pensou a principio que fosse Marina e esperou que ela lhe chamasse como de costume, mas como nada ouviu, Flavio resolveu de sunga como estava e com a bermuda dobrada na mão, ir a sala ver quem era ou que teria sido.Quando chega a sala do apartamento vê um individuo vestido de jeans dos pés a cabeça, de compleição forte, que ao ver Flavio, fica por um minuto surpreso, mas que rapidamente se refaz, e pergunta, lhe encarando com autoridade:

-Meu irmão o que você esta fazendo aí?

-Eu e que pergunto, o que você esta fazendo aí?

-O individuo responde: Essa é minha casa Mane, o que você esta fazendo aí?

-Que tua casa o quê, como é que você conseguiu entrar?

E o cara pondo a mão na cintura e sacando uma pistola calibre “45” fala:

-Cadê a Marina, eu sou o marido dela.Flavio diz:

-Calma aí o meu deve haver algum mal-entendido, eu estou com ela já há algum tempo, e ela nunca falou de você para mim, que estória é essa? Pergunta Flavio tentando acalmar o individuo.O cara diz:

-Aí otário tu vai morrer agora abre a boca.

E o cara colocou a pistola na boca do Flavio e ameaçava a qualquer momento a atirar, a essa altura Flavio tremia todo, de sunga e com a bermuda na mão, suas pernas eram incapaz de lhe manterem em pé, já sentia um leve suor a escorrer-lhe o rosto, pedia com arma na boca:

-Carma aí companeiro deve haver algum engan.

-Engano nenhum, tu vai morrer agora.

Então Flavio no desespero da morte teve a feliz idéia de:

-Ligue para ela... Ligue pro celular dela e ela poderá esclarecer.

O individuo se distanciou de Flavio, mas com a pistola apontada para sua cabeça, se dirigiu a mesinha do telefone e discou olhando para Flavio.

-Alô... Marina, sou eu, acabei de chegar, estou te esperando.

Mas não disse nada a Marina do ocorrido, mas disse para Flavio:

-Nós vamos ficar aqui esperando até ela voltar; vai morrer os dois.

Foram duas horas de mal com a morte.Cada segundo, parecia um minuto, cada minuto parecia uma hora, e cada hora uma infinidade.Flavio que a essa altura já havia recostado no sofá e sentado no chão, pois não parava de tremer, suava frio e dizia para o cara:

-Deve haver... Algum engano companheiro.

-Engano nenhum vai morrer os dois.

Nesse ínterim enquanto Marina não chegava o cara teve uma “brilhante idéia”. Para que ninguém visse Flavio sair do apartamento de Marina, segundo o seu pensamento, disse para Flavio:

-Aí ó Mane... Tu vai descer pela janela, até lá embaixo se não quiser morrer agora.

E mandando Flavio se levantar saiu, empurrando-o com o cano da pistola em sua costa, levando-o na direção da janela.Flavio tentava convencer a todo custo o individuo que não era bem o que ele pensava, que ele estava de inocente na parada.

-Calma aí... Com... panhei...ro ela poderá lhe explicar.

-Não quero saber, é safada também, e pra você só tem uma solução, desça pela janela até lá embaixo.

Com a arma encostada nas costas, Flavio chega ao parapeito da janela e olha lá para-baixo, na esperança vã de segurar em alguma coisa para descer os doze andares do prédio, e vê que é humanamente impossível descer d’aquela altura sem tomar um tombo e se estatelar lá embaixo.

Flavio tremia e suava, passando a se mijar todo.Nesse momento toda a sua vida passou-lhe na cabeça em questão de minutos, enquanto o outro raivosamente gritava.

-Desça já.

Viu-se como neném no berço de uma fase de que pouco lembrara ou falavam, viu-se como menino e lembrou das travessuras que fizera a sua mãe, as pedras que jogara nos telhados dos vizinhos e a falta de respeito que tivera com os mais velhos, zombando dos mesmos, e quando já era rapazinho, no colégio sacaneava as professoras e colegas com espelhos no sapato, vendo as suas calcinhas; e também uma vez quando fugiu da polícia passou de moto na blitz sem parar porque estava sem capacete, sem habilitação e duro por isso não parou.Só não chorava porque “Homem não chora”, isso ele aprendera desde tenra idade porque lhe ensinaram, mais agora não sabia de mais nada e estava certo de que ia morrer, jurava por todos os santos, nunca mais comer mulher dos outros nem por engano, se preciso cortava o membro fora e virava Gay, pois como diz o ditado:

- “Mais vale um covarde vivo, do que um Herói morto”, e ele tinha medo de morrer e pela atitude e comportamento, o cara não estava brincando e não tinha jeito sua pena de morte havia sido decretada e estava faltando apenas pouco minuto para que isso acontecesse.Logo no Brasil que não tem Pena de Morte, pelo menos a oficial tudo isso lhe veio à mente n’aqueles minutos de terror, enquanto olhava pela janela do apartamento a Avenida lá embaixo com seus carrinhos coloridos a passar, pra lá e pra cá, e o cano da arma em suas costa a confirmar a ordem: desça, desça...Enquanto esperava Marina que ele não sequer sabia, se era melhor a sua chegada ou não chegar nunca.

Sentindo que Flavio estava fraco, dominado e apavorado, o individuo como que num desanuviar de consciência começou a explicar para Flavio a sua relação com Marina, sem momento algum retirar a pistola de sua costa e deixa-lo desencostar da janela, disse-lhe:

-Você sabia que sou o marido dela a mais de oito anos e viajo fico fora às vezes até um ano, e que essa casa é minha?

Vendo que o cara queria dialogar, Flavio lhe respondeu:

-Pô... Ela não me disse nada, e eu nunca vi roupa de homem aqui nesse apartamento.

Eis que a porta se abre e entra Marina calmamente, que vê a cena, e fica muda, parada, estupefata.

Quando o individuo vê Marina, imediatamente pede explicações, tira a pistola das costas de Flavio e aponta para ela e diz a Flavio:

-Suma d’aqui, cara nunca mais quero te ver, nem sentir o teu cheiro.

E Flavio gaguejando.

-Si...m, si...m, sim..., Pega a bermuda que já se encontrava no chão, veste, rapidamente e se encaminha para a porta de saída do apartamento, passando por Marina que se encontrava próximo dela; no chão ao lado da porta vê seu chinelo, pega e põe nos pés, deixando sapato, meia, calça comprida, cinto e camisa no apartamento de Marina, abre a porta com força e sai correndo, esquecendo de fechar, procura as escadas e desce sem olhar para trás, completando os doze andares em poucos minutos, chegando no Hall do edifício, passa correndo pelo porteiro, que pensa que é assalto e procura se esconder o mais rápido possível, procurando um telefone para ligar para a polícia, nesse ínterim, Flavio chega no portão da rua, que se encontra fechado, e grita para o porteiro: Abre, abre...Sem saber direito o que esta acontecendo, e vendo Flavio sem camisa, só de bermuda e descalço, pois perdera os chinelos quando descera os doze andares na correria, o porteiro que já chamara a polícia resolve abrir.Flavio sai na rua e tenta atravessar a Avenida cheia de carro, e então se lembra de olhar para cima, para ver se o cara não esta mirando em sua cabeça e com mais esse pensamento de terror e pânico, atravessa a Avenida de qualquer jeito sem esperar que os sinais fechassem, quase sendo atropelado por um carro.

-Que morrer corno...? Grita o motorista.

Quando se deu por si já tinha corrido bastante e estava longe do local, aí e que foi pensar em pegar um táxi, e se lembrou, cadê a minha carteira?

Foi muita sorte, pois ao colocar a mão no bolso lá estava ela, tinha ficado no bolso da bermuda, senão teria ficado no apartamento também, junto à calça e o sapato, que indubitavelmente não voltaria para buscar, fez sinal para vários táxis, mas nenhum parou, e então tentou pegar um ônibus, mas o motorista vendo ele de bermuda, sem camisa e descalço àquela hora da noite, pensou tratar-se de um maluco, e novamente foi o mesmo resultado.Nesse ínterim passa o carro da polícia que o porteiro chamara achando que era assalto no edifício, os policiais olharam para ele e tiraram-no como suspeito, pararam a patrulha e pediram –lhe documento, Flavio já se sentia mais seguro agora e procurou se tranqüilizar ainda mais; mas cadê o documento? Tinha ficado no bolso da calça comprida que ficara no quarto em cima da cama, e não podendo se identificar e havendo suspeita de assalto na área Flavio escutou de um dos policiais: Esteja preso.

Ainda tentou dialogar, mas o seu estado psicológico alterado e a sua vestimenta desmentia tudo que ele dizia aos policiais, e não conseguia falar o que realmente aconteceu, ninguém no momento acreditaria.Os policiais colocaram Flavio na caçapa do camburão e foram ao local aonde havia uma suspeita de assalto

Chegando no edifício Flavio viu pela fresta da caçapa do camburão o tal marido da mulher na portaria, tinha discutido com a Marina e enchido a sua cara de porrada, só não a matando porque ela também desceu os doze andares do prédio gritando e chegando na portaria os moradores que assistiram a confusão a escondeu.

Sabedores do fato os policiais deram voz de prisão ao tal individuo que ainda talvez se encontrava armado, pensou Flavio e se ele se encontrassem na caçapa do camburão certamente Flavio não escaparia.Pensando nisso começou a bater fortemente na caçapa do camburão, para poder explicar os policiais o que se tinha passado, mas não resolveu. Eles não ligaram. Por sorte chegou outro camburão e Flavio viu quando colocaram o tal individuo na outra caçapa para alivio seu.

Na delegacia devido ao nervosismo de quase ser morto e o outro chegar a qualquer momento, Flavio sofre um ataque de risos e nada consegue explicar ao delegado, que achando que ele era maluco, por já estar sem camisa e descalço àquela hora, resolveu por bem trancafia-lo no xadrez e chamar os bombeiros, que prontamente lhe deram um sossega-leão; dormiu até o dia seguinte.

No outro dia mais calmo e sereno conseguiu contar ao delegado o que se passara com ele.

O delegado rapidamente identificou a mulher e disse que isso não é a primeira vez que acontece, e acha que tanto o marido traído como a mulher deste, tem um parafuso solto, mas que não pode fazer nada, pois até agora eles não cometeram crime nenhum e por sinal as “vitimas” passam um tempo muito bem obrigado.