A MENINA E A FANTASIA II



CAPÍTULO I - A CHEGADA DE MARIA

Aos nove anos, Lolita começou a estudar o terceiro ano. As Aventuras vividas com muita fantasia, no ano anterior, fizeram com que Lolita vivesse num mundo só dela. É claro que tinha amigas, mas o seu prazer era viver na fantasia.
Aquele ano passou rápido para Lolita. Com tantas fantasias, sonhos, quase não teve tempo de pensar em outras coisas. Vieram as festas Natalinas, os preparativos para o Ano Novo e tudo corria normalmente até que...
Um dia, nas férias, chegou uma priminha, filha da irmã do seu pai, que já era falecido, para passar uns dias na casa de Lolita.
O nome da menina era Maria. E sua tia era Marta. A tia Marta avisara que Maria chegaria para respirar um pouco daquele ar gostoso do interior, e também aproveitar a natureza, pois sabia que na casa de Sally, a natureza sobrepujava.
Os pais de Maria moravam na Capital, em apartamento, e isso podava muito a menina de aproveitar as árvores, jardins etc.
Lógico que Lolita amou a ideia de sua prima passar uns dias em sua casa.
Para a chegada da menina, Sally preparou biscoitos, bolos, doce de amora, torta de morangos e outras guloseimas que toda criança gosta.
Depois de uns quatro dias após a notícia, a menina chegou. Maria logo se imaginou aproveitando as árvores, jardins etc.
Logo que a viu, Lolita ficou feliz.
Sua prima era muita linda.
Morena, olhos azuis claros, cabelos pretos caídos ao longo das costas.
Maria sorriu ao ver Lolita e correu para abraçá-la. Pronto, a partir daí, começava uma amizade para sempre. As duas meninas logo estavam conversando sobre a escola, professores, amigos, e tudo que podiam conversar.
Sally, por sua vez, ficou satisfeita. Pelo menos por uns tempos, sua filha teria a companhia da prima.
Na hora do lanche da tarde, as meninas comeram biscoitos e torta de morangos. Estava uma delícia! Maria ficou sabendo por Lolita que tinha um pomar no fundo do quintal, e lá havia plantação de pés de amoras e morangos. Mas naquela época, os morangos e amoras derramavam-se ao chão. A menina então ficou ansiosa para conhecer o pomar, mas só seria possível no outro dia, pois já estava de noite.


CAPÍTULO II - O QUARTO DE MARIA

Como a casa de Lolita era bem espaçosa, Luciana, a babá, já havia arrumado o quarto para Maria, próximo ao quarto de Lolita.
Era um quarto mais espaçoso que o de Lita, com televisão, cortinas longas, verdes, da cor do mar, com umas ilustrações de peixes. As janelas eram amplas, e com isso o quarto era bem ventilado. A mala de Maria foi colocada no quarto, sobre um sofá creme, para depois suas roupas serem arrumadas no pequenino armário de roupas.
Maria estava muito feliz. Ao acompanhar a Lu ao quarto onde iria dormir, foi prestando atenção nos detalhes simples, mas revestidos de traços marcantes, coloridos e isso foi deixando a menina sem sono, inquieta. Queria logo que o dia amanhecesse para brincar com sua prima Lolita.
Depois que Maria tomou um banho, penteou o cabelo que ia até a cintura, com ajuda da Lu, fez uma linda trança, vestiu um conjunto de saia e blusa florido, a menina foi até à janela e olhou para o enorme quintal da casa de sua prima Lolita.
Maria ficou extasiada.
Seus lindos olhos azuis acompanhavam todo aquele cenário. E aí ela já sentiu um arrepio. Era como se ela sentisse uma magia vinda das árvores, no vento leve que vinha do lago, só que ela ainda não sabia da existência nem do lago, nem do jardim quase secreto e do pomar.
Maria tinha completado dez anos, dois meses antes de viajar, e já iria estudar a quarta série.
O sol já havia se posto, quando Maria lembrou-se de Lolita. Já tinha arrumado sua mala e seus pertences, e ali, olhando toda aquela beleza, resolveu encontrar a prima novamente.
Lolita já estava lhe esperando na sala de televisão.
- Oi prima Lita, demorei muito?
- Não, prima. Agora vamos para a sala de jantar. Mamãe e Lu já nos espera
para fazermos a refeição.
-Então vamos, Lita. O aroma já está aqui na sala. Vamos, prima.
E as duas meninas se abraçaram, e foram felizes para o jantar.



CAPÍTULO III – O GUARDIÃO DO JARDIM


O jantar realmente estava saboroso. Luciana fez uma sopa de legumes, ervilhas e batatas doce, acompanhada de frango assado.
Por isso o aroma lá na sala, antes que as meninas fossem para a sala de jantar.
Após a sopa deliciaram-se com um pouco da sobremesa, que foi amora em calda.
Maria achava tudo maravilhoso, mas já dava sinais de cansaço.
Ao terminarem a refeição, as primas ficaram um pouco na televisão, e Sally e Lu davam uma organizada na cozinha.
Lá para as nove horas da noite, todas foram dormir. Lita em seu quarto, e Maria no seu.
Lita não se aguentava de alegria em ter sua prima como companheira durante as férias.
Queria que ela aproveitasse bem, iria lhe mostrar tudinho.
Sua prima gostava muito de conversar, e com aqueles olhinhos azuis Lita a achava muito linda e inteligente.
Só não sabia se ela teria os mesmos sonhos e fantasias que ela.
Lita chegou ao seu quarto, trocou-se, fez uma oração e foi se deitar.
Maria também fazia as mesmas coisas, no mesmo momento que Lita.
As duas estavam ansiosas, ficavam apreensivas a qualquer rumor, ouviam depois, felizes, o canto noturno dos passarinhos.
Logo começaram a relaxar, e com o embalo da brisa, que vinha de fora, batendo levemente na vidraça da janela de cada uma, por fim, adormeceram ao mesmo tempo.
Durante a madrugada as duas começavam a sonhar.
Elas se encontravam num pomar maravilhoso.
Ao chegarem lá, tiveram de passar pelo portão que era guardado por um ancião, todo vestido com roupas verdes e um manto vermelho sobre os ombros. Lita até chegou a pensar que era Papai Noel, mas depois de olhar bem, viu que não era ele.
Já Maria viu que o senhor, já idoso, era um guardião já muito antigo; na sua cabeça estava também uma coroa da realeza. Dava para perceber que a coroa pertencia a um reino diferente, pois ao invés de estrelas de ouro, havia lindas amoras feitas com material dourado e coladas na coroa.
Só mais tarde que Lita também pode perceber esse detalhe.
Na verdade, aquele senhor era o guardião do pomar.
É que aquele local era o reino das amoras e morangos. E elas iam-se adentrando por ele, e assim começava a fantasia das duas meninas.
Elas viam tantas árvores recheadas de amoras, que ficavam surpresas. Nunca elas haviam visto tantas amoras. E o perfume da fruta exalava por todo o pomar. As duas meninas caminhavam de mãos dadas, observando todo o local. Parecia que no reino das amoras e morangos também era Natal, pois no meio do pomar, erguia-se uma enorme árvore com o formato de árvore de Natal. As amoras faziam cachos ao redor e pendiam-se da árvore, formando cascatas de amoras. As meninas pararam. Entreolharam-se. Que árvore mais linda!
Ficaram ali uns cinco minutinhos e voltaram a caminhar. Mais à frente avistaram uma bela fonte rodeada de enormes amoras. E sentado no meio delas estava o rei do reino das amoras. Esse era o rei Elos, com um manto que arrastava até o chão; uma coroa mais brilhante que a do guardião, mas também toda cravejada de amoras douradas.
O rei Elos cumprimentou-as:
- Boa noite princesas. Estava esperando por vocês.
Vocês são as duas princesas que estava esperando para visitar o meu reino.
Ao que as meninas responderam em uníssono:
- Boa noite rei Elos. Quão magnífico é o seu reino.
-Onde fica o seu castelo?
O rei Elos levantou-se e começou a caminhar. O seu manto vermelho arrastava-se pelo solo vermelho.
Lolita e Maria ficaram extasiadas. O reino do rei Elos era todo vermelho.
E era Natal também no reino. Estava tudo mais vermelho, até as folhas das árvores eram vermelhas.
O rei Elos pediu que elas o acompanhassem até o castelo. E maravilhadas, Lolita e Maria o seguiram.
O rei Elos era muito alto, e suas passadas eram enormes. As meninas como que corriam para acompanhá-lo. E tudo que elas viam era vermelho.
Logo mais elas avistam um enorme castelo.
O castelo do rei era também todo vermelho. Os enormes vidros eram transparentes, mas vermelhos. Aquele reino poderia chamar-se reino vermelho. Mas o rei explicou às meninas que como ali só havia amoras e morangos, o nome era “Reino das amoras e dos morangos”.
Mas as meninas já estavam com vontade de comer amoras. Elas já estavam sentindo fome, pois parecia, para elas, que haviam andado muito.
E as duas dormiam e sonhavam, até quando o sol começou a espalhar seus primeiros raios de sol sobre toda a propriedade de dona Sally.
E aquele ventinho morno, já com o sol brincando nas cortinas, acordou as duas meninas.



CAPÍTULO IV – SONHOS IGUAIS PARA AS DUAS PRIMAS

- Hum! Que sono gostoso! Disse Lolita em seu quarto.
- Ah! Que sonho fantástico! Que pomar! E o rei Elos então? Magnífico. Falava Maria em seu quarto
Espreguiçaram-se as meninas. Ainda não sabiam o que falar uma com a outra, pois cada uma tinha receio que a outra achasse estranho aquele tipo de sonho.
A inquietude das duas primas saltava-lhes aos olhos de cada uma, espantadas, cheias de segredo ao se encontrarem à mesa do café da manhã.
Maria e Lolita levantaram com bastante apetite. Saborearam os sucos deliciosos, rosquinhas de nata, torradas com pasta de amendoim.
Combinaram de dar um passeio pelo quintal, talvez fossem até o pomar.
E assim fizeram.
Com os rostos corados por causa do tépido solzinho da manhã e uma brisa moderada que enrubescia a face da cada uma, chegaram à entrada do pomar, que era diferente do sonho das meninas.
Havia sim várias árvores, com frutas gostosas como amoras, morangos, uvas, maçãs e outras.
Então Maria fala sem sentir:
- Queria tanto ver o Rei Elos!
Lolita assustou-se.
-Rei Elos do sonho?
-A que sonho se refere?
-Ao sonho que tive essa noite.
-Tinha até um guardião.
E surpresas as meninas descobrem que tiveram o mesmo sonho, de acordo cada uma ia relatando o sonho.
Ficaram maravilhadas, mas uma fez a outra jurar que ninguém saberia. Seria um segredo só delas, e o que acontecesse no reino das amoras e morangos só a elas pertenciam.
E as meninas se sentiram encantadas com a narrativa uma da outra. Os pés enormes de amora e de morangos que havia no reino, o rei Elos, a fonte que jorrava água vermelha... Era tudo lindo.
Enquanto conversavam elas passeavam pelo pomar, olhando os passarinhos que voavam nas árvores, as folhas que caiam, e as duas corriam brincando de pique, às vezes assustavam os passarinhos que estavam nos seus ninhos e nas árvores, e estes saíam em um voo rápido, assustados com as risadas das meninas.
O sol já ia alto quando resolveram voltar para casa.
Estavam radiantes de felicidades.
Descobriram que elas sonhavam iguais, e que nada iria fazer com que essa magia se perdesse.
E de mãos dadas, foram para casa, pois queriam tomar um banho, para se refrescarem do calor e depois iriam almoçar.
Lolita estava feliz demais com a visita de sua prima Maria.


CAPÍTULO V – LOLITA E MARIA VÃO AO CIRCO

Os olhos verdes de Lolita faiscavam de encantamento.
Sally e Luciana estavam na varanda e se surpreenderam com a vinda das primas.
Cada uma disfarçava o que lhes passava na alma.
Aquele segredo ninguém podia saber, nem mesmo Sally.
Depois do almoço as duas meninas conversaram bastante tempo deitadas em redes coloridas que havia na varanda.
As lembranças do período letivo e as amigas de cada uma se tornou o tema principal.
Mas Lolita não tinha muitas amigas. As poucas amigas eram da escola. Agora, além de Maria ser sua prima, era também sua amiga. E ela estava feliz por isso.
As meninas queriam saber se elas teriam o mesmo sonho toda vez que uma sonhasse. E assim aconteceria mais vezes.
Dois dias depois Lolita e Maria foram assistir ao espetáculo na cidade.
Sally e Luciana também foram.
Todo o tempo elas ficaram fascinadas com tantas peripécias dos artistas.
Depois de duas horas de espetáculo elas vieram embora.
E foi um tagarelar contínuo até chegar em casa.
Após um delicioso jantar as meninas se prepararam para dormir, não sem antes assistir um pouco de televisão.
Às nove horas elas já estavam ressonando.
E aí tudo recomeçou...


CAPÍTULO VI – REAPARECE O UNICÓRNIO

Enquanto caia uma fina neblina sobre a casa de Sally, durante a madrugada, Lolita e Maria começam a sonhar.
Sonhavam que estavam em um enorme circo na capital.
O circo principiou com músicas, palhaços e mágicas.
Na hora do trapézio, as trapezistas eram Luciana e Sally.
E as que iam também apresentar nesse número eram as duas meninas.
A primeira foi Maria.
Ao suspense da música Maria era pega por Luciana que a fazia rodopiar, rodopiar e era impulsionada para Sally.
Maria estava feliz da vida. Estava com uma trança nos cabelos e uma roupa linda, que era uma saia verde com um collant circense vermelho, e sapatilhas brancas. Maria pegava a corda e ia se enrolando nela até ir de Luciana para Sally, e de Sally para Luciana.
Era tudo um mundo fantástico.
O número de Maria termina. Os aplausos ensurdeciam na plateia. Agora era a vez de Lolita. Lolita estava receosa.
Mexia na cama de um para o outro lado e se viu enroscando na corda para começar o espetáculo.
Estava linda. Com uma roupa tipo a de Maria. Usava um collant branco com uma saia circense azul escuro, também usava sapatilhas azuis.
Lolita começa a voar no espaço do circo onde faz as apresentações.
Sally estava maravilhada com a perfeição de sua filha.
Os vai e vem de Lolita deixava a plateia sem fôlego.
Quase terminando esse espetáculo Lolita vê passar um animal que muito a lembrou do unicórnio de seus sonhos mais distantes. E nesse momento que ela olha para o belíssimo animal, ela se distrai, seu pezinho escorrega da corda e a menina começa a cair lentamente.
Vai caindo... Caindo... Caindo. De repente ela vê que realmente era o seu unicórnio. E ele voa... Voa... Voa até Lita se agarrar a ele e montar em seu dorso.
Nesse momento todo o circo vai à loucura.
E Lita sua... Sua... Sua e acorda toda ensopada de suor.
Maria também.
Não sabia que unicórnio era aquele.
Mas ela iria perguntar à Lolita.
Claro que Lolita saberia a resposta.
E arfando também Maria acorda.
As duas meninas procuram se acalmar.
Vão até à janela respirar um pouco do ar puro e aromado da neblina que acabava de pairar sobre o sítio de Sally.
E uma fragrância de azaleias preenche todo o ambiente onde estão as meninas, que sonolentas e cansadas voltam a dormir até o galo cantar e os passarinhos de todas as cores também anunciarem o advento de mais um dia maravilhoso.


CAPÍTULO VII – A REVELAÇÃO SOBRE O UNICÓRNIO

Ao amanhecer do novo dia, depois do gostoso café da manhã, as duas primas vão passear na praça da cidade. Aquele era um dia de Domingo, e havia um parque na cidade. Luciana levou as duas meninas para se divertirem, andar nos brinquedos e também se distraírem.
Luciana sentou-se num banquinho da praça e deixou que as meninas fossem tomar sorvete, e ficou ali tecendo seu crochê. Lolita e Maria sentaram na relva e logo em seguida Maria perguntou:
- Lolita! Agora me explique sobre o unicórnio.
De onde você o conhece? Vi no sonho que você é amiga dele, mas quero entender como é essa amizade.
Então Lolita, com mais uma passada de língua no sorvete de morango, explicou sua fantasia sobre o unicórnio e todas as experiências que viveu com o pé de feijão. E prometeu a Maria que a levaria onde estava o pé de feijão.
Maria ficou inebriada com a estória e sentiu-se agradecida por participar das novas fantasias junto com a prima.
Maria sentiu muito não ter conhecido o unicórnio. O que a conformava era que Lolita também iria lhe mostrar o unicórnio que encontrara naquele dia embaixo do pé de feijão.
Foi preciso Luciana aproximar-se das meninas para ver por que elas ainda não tinham ido ver os brinquedos no parque, que ficava num espaço da praça.
Maria estava tão feliz que andou em todos os brinquedos com sua prima.
Elas andaram nos patinhos, cavalinhos, roda gigante infantil, barquinhas e muitos outros. Tudo foi tão lindo que quando chegaram em casa já passava do meio-dia. As meninas foram almoçar, depois conversaram na varanda. Lita pediu à Sally que mostrasse o unicórnio para Maria, que deu um suspiro de admiração.
Também foi motivo de felicidade quando Lolita a levou para conhecer o pé de feijão, que estava bem grande. As duas meninas ficaram a tarde toda passeando pelo pomar, pelo jardim, lago e muitos outros lugares. Agora era só irem embora para tomar uma ducha, jantar e direto para cama, pois estavam cansadíssimas.



CAPITULO VIII – BAILE À FANTASIA


Nessa noite Lolita e Maria adormeceram logo que se deitaram.
Também com tantas emoções!
Maria estava que não aguentava de tamanha ansiedade em continuar com os sonhos e a s fantasias.
Nunca havia experimentado tantas alegrias em seu coração.
A companhia da sua prima, de Sally, de Luciana a fazia esquecer de que um dia teria que ir embora, que voltaria para sua casa. Não queria nem acreditar que voltaria para sua casa e continuaria a estudar. Não que estudar fosse ruim, não... Não era isso.
Mas ter que deixar um reino de fantasias para trás... Deixar sua prima Lolita e aquele espetáculo de quintal. Era demais para ela!
Maria adormeceu pensando essas coisas. Lolita ficou pensando em como era bom ter a sua prima passando as férias com ela. E o pior, que as férias estavam quase acabando.
Sua tia Marta logo viria buscar a sua prima Maria. E um aperto no seu coraçãozinho fez com que uma lágrima corresse dos seus verdes olhos.
Mas adormeceu vencida pelo cansaço.
Após umas duas a três horas de sono, com a madrugada já começando, as meninas começam a sonhar!
Elas foram convidadas a participar de um baile à fantasia. Mas era só para crianças. E seria no castelo do Rei Elos.
Ah! Que lindo! Elas iriam encontrar-se novamente com ele.
Seria uma fantasia e tanto.
No dia do baile elas se arrumaram como verdadeiras princesas. Lolita de vestido longo, vermelho, uma fita envolvendo sua cintura e uma flor rara nos cabelos. Estava radiante.
Maria com um vestido longo bem rubro, cheio de florezinhas ao redor da cintura e da gola. E uma flor bem lilás na sua cabeça destacando os seus olhos azuis.
Enfim, as duas estavam lindíssimas.
O Rei Elos enviou uma carruagem puxada por dois cavalos branquíssimos para levá-las. O lacaio era o guardião do jardim, que estava uniformizado com roupas vermelhas do reino.
A máscara das meninas eram iguais. Era tipo um leque ornamentado em ouro com vermelhíssimos desenhos de morangos.
As meninas foram ajudadas pelo guardião a subirem na carruagem e essa partiu voando por muitas e muitas léguas.
Ao chegarem ao reino elas não estranharam, pois já o conhecia. O rei Elos já as esperava sentado no seu trono. Assim que as viu, levantou-se e foi abraçá-las. Maior surpresa foi quando chegaram dois jovens príncipes, que eram sobrinhos do rei. Eles eram lindos, todos dois ruivos, de olhos amendoados e cabeleira vasta. Os jovens estavam também vestidos com roupas do reino, eles eram os únicos herdeiros do rei. E o baile começou. E Adam já tirou Lolita para dançar deixando o seu primo Roger dançar com Maria.
Nisto o salão real estava cheio.
Todos olhavam para os dois casais e faziam reverência, pois sabiam tratar-se dos dois príncipes, sobrinhos do rei Elos. E a música clássica continuava a embalar os sonhos das meninas, que foram acordadas por um forte trovão. É que naquela época do ano, as tempestades chegavam sem esperar.
Lolita e Maria, cada uma sentada em sua cama, revivia aqueles momentos lindos. Lolita, dançando com Adam, e Maria, por sua vez, com Roger.
Dona Sally correu ao quarto de Lolita, e Luciana no de Maria. Mas as meninas estavam bem. Fora só o susto do trovão.
E a noite passou, dando lugar a mais um dia de conversa entre as duas primas. E naquele dia, então, elas teriam muito que conversar.



CAPÍTULO IX - FESTA NO REINO DOS ANIMAIS

Aquele dia também amanhecera chovendo. E Lolita e Maria não saíram de casa. Ficaram na sala vendo televisão e conversavam em voz baixa sobre o sonho. As meninas estavam encantadas com os sobrinhos do rei Elos.
- Ah! Dizia Lolita. Adam é um garoto lindo. Seus olhos amendoados são lindos. Parecem duas claras amêndoas cintilantes. Eu não queria nunca parar de dançar com ele... Mas aquele trovão acabou com nosso sonho.
- Verdade! Justo na hora em que Roger ia começar a conversar comigo... E que olhos lindos! Maravilhosos! Mas o susto foi tão grande que acordei na hora também.
E as meninas relembraram o encanto que fora a recepção no castelo do rei Elos e a festa maravilhosa. Só lembravam que o salão estava cheio de meninas e meninos dançando, mas tamanha era a alegria que elas nem se lembravam dos outros convidados.
Passados dois dias de chuva em que as meninas não podiam sair, veio a notícia que dali a três dias Marta viria buscar Maria, pois as férias estavam quase no final. Marta teria que levar Maria à costureira para fazer outro uniforme. Lolita sentiu-se triste, pois sua prima e amiga logo iria embora.
- Como seria sua vida após a partida de Maria?
Então elas resolveram descansar à tarde daquele dia de chuva. Estava frio e cada uma foi para seu quarto.
Ao adormecerem as duas meninas começaram a sonhar.
Elas se encontravam no reino animal.
Mas esse reino era diferente de todos. Alguns animais eram mansos, outros bravos.
Mas o que mais as surpreenderam fora a quantidade de leões e tigres, que eram mansos.
Ao contrário dos lobos, que eram bravos e inquietos.
Houve uma hora que elas estavam junto de vários leões quando ouviram um barulho. Eram os lobos se aproximando. Então Lolita e Maria ficaram assustadas, mas nisso apareceu o leão, que era o rei da floresta e ordenou que elas corressem para o lado direito, que iria dar num bosque, onde havia um lago enorme. As meninas obedeceram e saíram correndo
Aquele rei forte e valente, então chamou a atenção dos lobos e pediu que eles voltassem de onde vieram, senão seriam expulsos do reino. E as primas, cansadas, chegaram ao lago.
Só que aquele lago era o lago do sítio onde Lolita morava. Era como se tivesse sido transportado para o reino dos animais.
Quando as duas meninas, suadas, pulam dentro do lago, por causa do calor que estavam sentindo, um barulho na casa as fizeram acordar.
Atônitas, cada uma em seu quarto exclama:
- O que será que aconteceu?
E correndo, alvoroçadas, chegam à sala.
E a surpresa das meninas é enorme.




CAPÍTULO X – PASSEIO AO LAGO

Marta corre para abraçar Maria. Abraça Lolita também. Mas Marta sente uma pequena nuvem de tristeza nos olhos de sua filha.
- O que foi Maria? Por que estás triste?
- Nada mamãe. Não estou triste. Apenas pensando que minhas férias estão acabando.
-E eu estou gostando tanto dos passeios com a prima Lita, que nem queria ir embora...
- Pois é... Mas depois de amanhã iremos, pois temos muita coisa para resolvermos. O ano escolar já vai começar, temos que preparar todo material, uniforme, etc.
Deveria ser umas quatro horas da tarde quando Marta chegou. Ela adiantara a viagem, pois queria que tudo estivesse pronto o mais rápido possível.
Após um breve lanche, as meninas saíram para dar uma volta no quintal.
Um solzinho tímido ajudava a animar um pouco as meninas.
Elas passaram junto ao lago que ficava do lado oposto ao jardim.
Maria admirou de ver um lago tão lindo. Todo rodeado de flores e pequenos peixinhos nadavam sendo notados pela transparência da água. Maria e Marta sentaram-se na grama e jogavam pedrinhas olhando as pequenas ondinhas formarem-se e rompendo-se nas calmas águas. Elas conversaram sobre todas as fantasias que tiveram juntas, mas as garotas não se esqueciam do rei Elos e dos príncipes.
Lolita convida Maria para darem mais uma olhadinha no pé de feijão. E elas vão e ficam olhando o tanto que ele crescera. As duas meninas já sentiam a tristeza de ter que separarem-se. Elas não falavam, mas ficavam pensativas.
Voltaram para casa ao entardecer, por ordem de Sally e Marta.
Na hora de dormir, depois de um relaxante banho e uma deliciosa sopa, acompanhada de sobremesa de morangos em calda, as meninas abraçaram Marta e Sally, e também Luciana, e foram se deitar. Elas sabiam que iriam sonhar novamente.
Marta ficou um pouco preocupada, mas Sally disse-lhe que não precisava ficar assim. As meninas estavam alegres e se divertiam todos os dias. Só que realmente elas estavam um pouco distantes, mas tinha certeza que não era nada, só coisa de meninas mesmo.


CAPÍTULO XI – FANTASIAS NO LAGO

Logo adormeceram. E a fantasia começou para as meninas.
Encontravam-se no lago do quintal. Mas o lago não era mais o mesmo.
Mais parecia o mar bravio. Ao invés da calmaria, as ondas vinham altas e cobriam todo o gramado e parte do quintal. Parecia estar furioso. No lugar dos pequeninos peixes enormes tubarões nadavam para lá e para cá. E o coração das meninas batia forte por causa dos tubarões. As flores não existiam mais, e sim coqueiros altíssimos no gramado, onde uma extensão enorme de areia se encontrava ali. E o barulho das ondas faziam com que os coqueiros balançassem de um lado e de outro. E numa dessas ondas altíssimas as meninas foram levadas para dentro do mar.
E lá dentro das turbulentas águas elas se debatiam... Debatiam até não aguentarem mais. Começaram a pedir por socorro e nisso apareceu um golfinho de todo tamanho, que ao chegar perto das meninas elas sentaram em cima do golfinho e esse começou a mergulhar com elas no fundo do mar.
Bem lá no fundo as meninas sentiram que estava tudo calmo outra vez, e desceram do golfinho e foram mergulhar.
Logo à frente viram outro mergulhador, que elas reconheceram, era o rei Elos, que a um sinal dele, elas o acompanharam.
Ele as levou até uma espécie de gruta, onde havia várias ostras. E o mergulhador pediu que cada uma escolhesse uma ostra apenas, pois havia uma surpresa dentro de cada uma.
As meninas escolheram a ostra e colocaram-na na roupa que estavam usando. Nisso o golfinho chegou para apanhá-las e levá-las à superfície. Lolita e Maria despediram-se do mergulhador, sentaram-se novamente no golfinho, e este começou a nadar, e foi subindo... Subindo... Subindo.
Quando chegaram à superfície perceberam que o mar havia se transformado no lago novamente.
E foi aí que as meninas se assustaram e acordaram. Parecia que elas estavam flutuando. Logo o dia amanheceu. Lolita e Maria foram ao lago, pois queriam ver como o lago pudera se transformar daquele jeito.
Tal não foi a surpresa, quando ao sentarem-se de novo na grama, cada uma achou a ostra, como se estivesse sido guardada para elas. E ao abri-las, uma pérola maravilhosa reluziu dentro de cada ostra. Lolita e Maria ficaram extasiadas e se abraçaram.


EPÍLOGO


E o dia das meninas se despedirem logo chegou.
Elas choraram de tristeza durante todo o dia anterior.
Depois que tudo estava arrumado, o chofer chegou com o carro de Marta.
Depois dos abraços e despedidas, Lolita diz à Maria:
- Cuidado com a sua pérola, não a deixe sumir nunca.
Maria balança a cabeça num gesto afirmativo. Marta e Sally entreolham-se como se soubesse das fantasias das meninas.
E o carro dá a partida e Lolita e Maria se olham mais uma vez através do vidro do carro. Uma lágrima cai no canto do olho de cada menina.
E passados uns dias o ano escolar começa novamente.
As meninas trocam cartas, onde afirmam que um dia, voltariam a se encontrar e rever novamente o rei Elos em suas fantasias.
E durante toda a vida, Lolita e Maria guardaram suas pérolas, que foram feitos um pingente para cada uma.


 
margarethrafael
Enviado por margarethrafael em 17/06/2020
Código do texto: T6980320
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