O COPO DE JOANINHA - BVIW

Toda vez que a menina olhava para o seu copo preferido ia logo enchê-lo de água, que bebia devagar, degustando gole a gole, parando para observar o recipiente, como que para verificar se o desenho havia se modificado. Sua alegria redobrava ao confirmar que as joaninhas coloridas estavam todas lá, no mesmo lugar, na mesma posição. Guardava o copo cuidadosamente, num cantinho do armário que julgava seguro e arejado para suas amiguinhas.

Ela imaginava que as joaninhas também precisavam beber água e isso lhe fez adquirir o saudável hábito de manter-se hidratada. Às vezes sentia pena das bichinhas, por estarem sempre alí, presas ao copo sem a liberdade de ir e vir.

Ledo engano. As joaninhas tinham um pacto entre si: em momentos seguros, em que não houvesse possibilidade de serem flagradas, saiam do copo para explorar o mundo lá fora. Deleitavam-se no jardim, rolando no gramado, inventando brincadeiras de pega-pega e escaladas, requentando-se ao sol e refrescando-se à sombra. Ao voltarem para o copo, esperavam ansiosas pelo momento em que sua amiguinha iria visitá-las e se deleitar pelo fato de estarem ali.

No copo descansavam, com a sensação de missão cumprida, satisfeitas por poderem alegrar alguém com a beleza de suas cores e formas.