Lá pelas tantas

Quatro e 1/2 da manhã

Ela acorda sentindo seu corpo úmido e quente, mas não se preocupa, pois reconhece este calor. Uma lembrança forte a envolve, momentos do dia anterior que a fizeram sentir a boca seca e a noite longa.

O homem, sim um belo e vigoroso homem, perfeito e completo em sua lembrança. Fazia jus a seu nome "excelente por natureza". Na noite anterior um encontro casual, não programado para aquele momento, que a pegou meio de surpresa.

Um abraço que a envolveu deixando-a aconchegada e protegida. Neste abraço ele a toca delicadamente, e suas mãos começam a atender seus apelos. O toque suave daquele homem, sua maneira de pegar, a exata pressão de seus dedos a querê-la.

Havia tempos que não sentia aquele toque, seus desejos são ativados, sente-se quente, a a respiração fica ofegante, a pele expressa o que a boca não diz.

Este homem se faz viril e completamente doce, sussurras bem baixinho no ouvidinho dela palavras que a aguçavam ainda mais seu apetite, como se soubesse há tempos dos desejos que a consumia por inteiro.

Anelava tê-lo naquele momento, de se entregar àquele instante de loucura e prazer. Já não havia mais a noção do que existia entre eles.

Não tinha como conter o desejo. O cheiro do seu homem, dos seus cabelos, da sua pele, estava tudo tão ardente... Estava inebriada de vê-lo ali desejoso e excitado por ela. Palavras soltas passam por sua mente.

Ele conseguia, após anos, se lembrar de cada toque, fazia tudo o ela que gostava - e como gostava. Toques que a deixavam excitada, palavras soltas no ouvido, que a fizeram esquecer de todo o resto - era como se só existisse aquele carro, naquele lugar. Não se importava sequer com a possibilidade de alguém passar pelo local. Não havia nada a pensar - só o desejo importava, a vontade de descobrir ainda mais aquele sentimento, desvendar aquele corpo, aquelas carícias ousadamente prometidas.

Ah! Seu beijo era uma incógnita, sua boca, sua língua pensava consigo, como ele a usaria? No seu sexo talvez de forma rígida e penetrante, na sua boca completamente macia e solta que deslizaria com serenidade e precisão desenhando cada contorno de seu corpo. Sua pele estava suada, seu sexo aflorado e úmido para recebê-lo. A firmeza com que a tocava, a deixava ainda mais louca.

Sentiu-se segura, protegida, desejada, amada. Percebeu que o tempo fizera seu homem melhor. Estava ele preciso e voraz, dono de seus desejos, senhor de sua vontade.

Desejavam-se, não precisava expressar seus sentimentos, estavam em erupção loucos para se encontrarem. Queriam se exaurir, sem limites, pudores e reservas, beijos, mãos, cheiros, peles ardentes se roçando, línguas macias. Ela o queria por completo, em seus pensamentos lascivos saciar os anseios devassos que tinha por aquele homem.

Lembrava do seu último contato com ele, o qual não conseguira esquecer facilmente, havia sido breve, meio atordoado... Mas delicioso. Por este motivo e por suas palavras atrevidas, imaginava como seria pertencer a ele, mesmo que fosse por alguns eternos momentos.

Em suas lembranças, era o perfeito exemplar masculino, viril, com diâmetro e comprimento invejáveis. Ah! E o sabor de seu sexo, como deveria ser? Talvez, um gosto levemente adocicado...alcalino? Seria sublime sentir o gosto daquele homem. E mais do que todas as outras coisas, redescobrir este prazer.

O tempo estava escasso, pena isso acontecer, pois seu corpo implorava por aquela entrega. Não de maneira insana, mas consciente, não vinculados a obrigações, mas de maneira leve, pelo simples prazer da cumplicidade e do sentimento que havia intrínseco entres seus olhares.

Sem promessas, apenas ceder aos caprichos daquele doce senhor. Amaciaria e perfumara a pele em mel morno para atendê-lo em seu prazer, se deixara consumir nas mãos daquele homem sem resistência, completamente submissa a esta paixão.

Despediram-se e foram-se... sabem-se lá quais pensamentos ocupavam suas mentes. Foi caminhando pensativa, pois sabia de uma coisa, iria se lembrar... E como se lembrou... Gemeu, sussurrou, sorriu e riu perdida no tempo!

Ansiava ouvir e ter aquelas palavras soltas ao vento cumpridas na integra por aquele enigmático homem. Sentiu-se privilegiada e ao mesmo tempo enfurecida, pois pairava em seu coração um sentimento que não sabia explicar, uma mistura de desejo, sanha, receio e fúria.

O que estaria acontecendo? Não o queria por apenas 30 minutos ou novamente dentro um carro, seus desejos, seus sentimentos eram superiores e precisavam de mais tempo... tempo para se renderem por completo, com toques e sutilezas e desvendarem um mistério de uma década adormecido.

Ela sussurrou consigo: Espero-te sem reservas e neste desencontro-me das falsas e provadas verdades, encontro-me nas improváveis certezas sentidas.

Sentiria a dor da ausência que seria amenizada pelas doces lembranças de seu poeta.

Adormeceu com um leve e sutil sorriso nos lábios :)

Pontinha
Enviado por Pontinha em 14/11/2007
Reeditado em 12/06/2012
Código do texto: T736990