A SEREIA DE ÁGUA

 

Conto à vocês esta história, porque até hoje  custo a acreditar que ela aconteceu comigo, meu nome é Jadel e tinha vinte anos quando virei água com vida.

 

Estava eu com insônia e de férias na cabana do lago, que pertencia aos meus avós maternos, resolvi dar uma volta. O lugar era tão lindo de dia como à noite, tranquilo até demais. Fui andando, andando sem rumo certo, até que cheguei à beira do lago. A paisagem noturna era linda, o espelho d'água refletia o luar de forma majestosa, como suas águas eram escuras, o reflexo parecia uma pintura iluminada, dava gosto sentar e admirar. 

 

Percebi um leve movimento na água, olhei e um rosto lindo de moça vi por um segundo, mas, logo desapareceu. Pensei que fora só impressão minha, uma mistura de estar ao mesmo tempo, insône e sonado rsss...continuei observando a paisagem de pura calmaria, esperando o sono chegar. A curiosidade invade a gente e percebi outra vez um rosto na água, aí me levantei me aproximando devagar, era uma sereia! Eu devia estar meio que sonhando, só tinha lido sobre sereias no mar, em lagos nunca, mas, ela estava ali diante dos meus esbugalhados olhos. Era linda e tão translúcida, como se fosse feita de água. Os cabelos eram longos e suavemente azulados, se confundiam com a cor escura das águas. O que havia de mais marcante, era a sua transparência, como se a água passasse através dela. Ela me chamava acenando com um sorriso encantador. Ficava difícil percebê-la por completo, por causa da transparência dela e da escuridão das águas profundas e calmas. 

 

Inconsequência é sinônimo de juventude, e eu tirei camisa, bermuda e chinelos e mergulhei com ela...foi incrível...inacreditável...inimaginável...e outras palavras parecidas.

 

Estando dentro da água, ela era mesmo feita de água, meio prateada com cauda prata azulada e linda demais. Logo me dei conta que Eu, euzinho, eu mesmo!! Era feito de água! Que loucura meu Deus, livre, nadando em volteios com uma sereia linda nadando através de mim! Respirando normalmente debaixo d'água.

 

O porquê eu não sei, mas, eu não tinha cauda, mas, nadava na mesma velocidade que ela. Fomos nadando mais fundo e inacreditavelmente, a água ia clareando desvendando jóias, esmeraldas, rubis e muitas moedas de ouro e prata. Havia também, partes de baús de madeira. Quem sabe piratas do passado, tivessem jogado despojos de saques lá, para poder pegar depois, mas, nunca voltaram...minha mente viajava na imaginação. Eu não queria, que aquelas sensações maravilhosas acabassem. Pouco importava que eu tenha visto os tesouros, pois nada se comparava com aquilo que estava vivenciando. A sereia feita de água e todo aquele encantamento, não tinha preço. Será que aquilo tudo, era verdade ou estava sonhando?

 

A sereia atravessa suas translúcidas águas por mim e sinto um prazer tão grande, não uma coisa carnal, é diferente...como se qualquer problema desaparecesse, a mente ficasse preenchida apenas de alegrias. Eu suspirava imensamente feliz. Ah! Se meu avô Silvanio pudesse me ver agora, ele era o sonhador simpático da família, teria muitas histórias para contar.

 

Queria que o tempo parasse, mas, precisava voltar, meus avós já deviam ter acordado, acenei para a minha amiga sereia, subi até a superfície e saí do lago. O dia já estava claro e a paisagem modificada, o espelho d'água refletia o céu azul claro e o contorno do lago tinha uma vegetação deslumbrante, muitos tons de verde e flores coloridas. 

 

Jamais esqueci aquela noite mágica, que infelizmente, nunca mais aconteceu...se foi sonho ou realidade não importa, mas, aprendi que a meditação acalma e energiza ao mesmo tempo. Hoje vivo a vida com mais leveza e as histórias que conto para minha filhinha, são pura fantasia.

 

 

 

 

 

Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 06/06/2022
Reeditado em 07/06/2022
Código do texto: T7532269
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