TODOS ME ABANDONARAM

Já que todos me abandonaram e não tenho a quem ouvir e com quem trocar idéias, falo sozinho, sou meu próprio interlocutor e converso escrevendo, as palavras são minha companhia inseparável. Às vezes, escrevo para não chorar, outras choro escrevendo.

Embora viva no silêncio de vozes humanas, o vento passa através da janela e se comunica comigo, a brisa muitas vezes me sussurra emoções, uma e outra porta da casa grita para mim quando a força do sopro da natureza as empurra, alguns cães da vizinhança latem me contando coisas que as pessoas não sabem, gatos se amam aos brados no telhado, tudo me fala. Menos meus semelhantes.

As fotos antigas nas paredes ou nos porta-retratos sorriem felizes em silêncio, trazem as boas lembranças de momentos de outrora, de abraços hoje inexistentes, de amizades que se diziam verdadeiras, de fraternidade morta ao primeiro sinal de desentendimento, de lugares encantadores visitados de mãos dadas e aconchego de felicidade.

A felicidade, a propósito, nunca é perene, acaba em algum momento, termina subitamente, vem e fica por instantes, mas logo se vai indiferente à saudade e à falta que fará. Ninguém é feliz, pois ser é estado permanente, no máximo está momentaneamente em estado de êxtase, isto é, está feliz de maneira relativa, por minutos, horas ou dias. Apenas. Depois volta a normalidade rotineira. Sem ela.

Impossível vencer de vez essas vivissitudes, apenas ganham-se algumas batalhas, a guerra nunca. Assim, não tendo outro caminho, nem qualquer outro meio, aceito com lágrimas o que me cai nas mãos pelo destino. Dando graças a Deus 🙏 por tudo.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 28/08/2022
Reeditado em 28/08/2022
Código do texto: T7592882
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