A Salamandra

Naquela noite quente de verão fizemos amor, eu e a minha Luciana, a Lú.

Depois da cavalgada ela dormiu como uma criança e eu fui para a varanda esfriar a cabeça. Ô mulher pra me deixar maluco!

Eu e a Lú formávamos o casal perfeito. Foi amor à primeira vista. Um encontro marcado com o destino numa festa na casa de amigos. Ela, uma importante desenhista de roupas femininas de uma renomada casa de moda, eu um devotado técnico em enfermagem, dividíamos um charmoso e aconchegante sobrado em pleno bairro Bom Fim. A ideia era que cada um tivesse o seu espaço, mas quando o assunto era a cama, concordávamos em tudo, e, isso já durava mais de quatro anos.

Mas, voltando àquela noite.

Eu, na varanda, sentindo o perfume das gardênias da Lú, de repente vi uma pequena salamandra se esgueirando no balcão. Curioso, fiquei observando e então algo inacreditável aconteceu. A salamandra foi se espichando até quase um metro e tanto. Enquanto crescia foi tomando a forma de um corpo de mulher, algo de encher os olhos, curvas perfeitas, seios durinhos, cintura, coxas, pernas. E a região pubiana, então, era o sonho do desejo masculino.

Ainda extasiado e quase entrando em nova ereção, elevei os olhos para o rosto dela e, pasmem! Era a minha Luciana! Sim, era ela, ali sobre o balcão, nuazinha em pelo.

Entrei em transe e fiquei ali gozando até que deslizei pelo túnel do inconsciente ouvindo aquela voz melosa dizendo no meu ouvido: “vai não, fica aqui comigo, prova do meu mel”.

Ainda era madrugada quando acordei em sobressalto. Corri para o quarto e a Luciana estava lá dormindo suavemente. Confuso, escorreguei sob o lençol e adormeci novamente.

Na manhã seguinte, acordamos e fizemos amor rapidinho, depois tomamos café e planejamos algumas coisas. Já na porta, a Luciana puxou o caderno dos moldes e me mostrou seu último trabalho.

Amor, olha a ideia que vou apresentar hoje para a coleção de roupas íntimas.

Mirei o desenho e lá estavam as duas figuras, uma era a salamandra e a outra era a linda mulher salamandra com aquele olhar avassalador.

Então, o que tu achas?

Acho que tu podes te atrasar um pouquinho minha salamandra safadinha,

Não meu querido, agora não vai dar, mas vou te deixar uma cópia do trabalho, de noite a gente se fala. Tchau.

Muito excitado e sem outra opção lá fui eu para o banheiro resolver a parada com a minha salamandra de papel.

Ondina Martins
Enviado por Ondina Martins em 22/11/2022
Código do texto: T7655706
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