O cão cupido

O cão cupido

Félix Maier

Era uma vez um homem muito bonito e rico, que tinha tudo o que queria, exceto o amor verdadeiro de uma mulher. Ele havia namorado muitas garotas, mas todas estavam interessadas apenas em sua aparência e em sua fortuna. Ele queria encontrar alguém que o amasse por quem ele era, não pelo que ele tinha.

Foi então que ele ouviu falar de um cientista que era um exímio adestrador de cães e que podia treinar um deles para farejar qualquer coisa. Ele foi até o cientista e explicou sua situação, pedindo ajuda para encontrar a mulher certa para ele.

Sabe-se que os cães têm sessenta vezes mais células receptoras de olfato do que os seres humanos. Por isso são tão úteis em trabalhos para resgatar pessoas soterradas por terremotos ou deslizamentos de terra, identificar drogas e armas de traficantes, e até conseguem fazer “diagnóstico” de pessoas com câncer, cheirando a saliva ou o sangue dos doentes.

O cientista ouviu atentamente o rapaz rico e bonito e decidiu que poderia ajudar. Ele começou a treinar um de seus cães para farejar o amor verdadeiro em uma mulher. O cientista sabia que o hipotálamo libera a oxitocina, o hormônio do amor. Assim, ele explicou ao rapaz que, quando o cão lambesse as pernas de uma mulher, ele saberia que ela era a escolhida.

O homem achou estranho, mas confiou no cientista e no cão, depois que este foi muito bem treinado para fazer o trabalho de cupido.

O rapaz começou a frequentar lugares onde poderia encontrar mulheres de diferentes personalidades e perfis. Ele conversou com muitas delas, mas nenhuma parecia ser a escolhida.

Até que um dia ele conheceu uma mulher que parecia diferente de todas as outras. Ela não era muito bonita, nem rica, mas parecia ter algo especial em seu coração. O cão farejador, que estava com ele, cheirou a mulher e, em seguida, começou a lamber suas pernas.

O homem ficou surpreso, mas o cão confirmou que ela era a escolhida, não querendo parar de lamber as pernas da moça, que já estava rindo, sentindo muitas cócegas. Eles começaram a namorar e se apaixonaram rapidamente. O homem percebeu que, com ela, ele não precisava fingir ou se preocupar com sua aparência ou riqueza.

Eles se casaram, tiveram filhos e viveram muito felizes. O homem nunca revelou o segredo do cão cupido para sua esposa, mas sempre agradeceu ao cientista e ao cão pelo amor verdadeiro que encontrou.

E, assim, o cão cupido continuou a ajudar outras pessoas a encontrar o amor verdadeiro, sem que ninguém nunca soubesse como ele fazia isso.

Ainda bem que o feliz casal não vivia mais na época em que se amarrava cachorro com linguiça, nem no tempo em que os bichos falavam. Vai que o cão, além de lamber pernas de moças, desse com a língua nos dentes...

Moral da estória: até um cão pode ser o melhor cupido que se conhece.