(1) Ampulheta "psicometafisica "

(1) Ampulheta psico-metafísica

A sensação de tempo era estranha, A luz não era mais opaca.

Passei por algo como funil. Escorria misturado com a fina areia.

Então ouvi, uma risada distante, fiquei aliviado, enfim não estava morto, deve ser algum amigo pregando alguma peça me deu a beber alguma coisa e agora, se diverte com minha presepada, sabe-se lá como devo estar agindo no mundo desperto.

A risada estava mais forte e próxima, a princípio so vi uma silhueta magra e um pouco corcunda, em pé sobre a areia.

até enxergar uma criatura que transmitia uma confusão mental, sentimental, mistura de sensação, algo que beirava ao fascínio, medo, dúvida.

sua roupa parecia couro Curtido, alguns fios soltos despredendo das mangas de uma jaqueta preta e surrada, as pernas coberta por uma calça marrom, seus pés estava atolado na areia, o ser usava uma mascara pontuda , como cabeça de pássaro , com dois orifícios profundos na direção dos olhos que estavam ocultos com as sombras.

Tinham asas, e estavam abertas, esfarrapadas, com alguns pequenos rasgos, veios roxos grossos e finos preenchiam se misturando na pele interna. Um rabo liso e fino chicoteando , balançando particulas de areia. Ouvia sua risada abafada, tremulando o bico da máscara.

O ser esta mais para uma personagem cômico do que para algum bicho papao de algum conto de ninar do tempo de criança. Devo estar delirando, deve ser o churrasco misturado com cerveja, não me caiu bem, preciso relaxar, deixar a nostalgia me embalar, tudo não passa de alguma ilusão, não me lembro de nenhuma história mística e mental, que fizera com viajasse em um transe.... que dia escabroso que estou vivendo. Tento tomar o controle, ser o herói da minha própria jornada, rumo a uma aventura no vácuo, em espectativa do que tem no fim desta toca de coelho.

Tento me recompor, continuo a duvidar da aberraçãozinha vestida de motoqueiro com calça de índio navajo.

o ser é um daqueles intrometidos que invade o sono, vem convicto no seu papel, mudar o curso tranquilo e por pânico no roteiro do sonho, surgem dos lugares mais secretos do inconsciente, personagens formados com o tempo, da mistura de sentimentos, prazeres, medos, seres feitos das ilusões de toda criatividade fantástica, do subconsciente. Li muito Froid, são mentores arquétipo da invencionice do subconsciente, estimuladores, ou monstros desafiadores, enganadores, vem como um ser belo ou aterrorizante, como um ser cômico de plena paz que transmite confiança ou por vezes sarcástico que te leva desconfiança.

Uma voz rouca me interrompe, meu devaneio:

- " A Ampulheta - dizia -

Dádiva de cronos e morpheus.

Você está no que, digamos, chamamos de limiar entre os três mundos, o do sono, o da consciência e do irreal.

A sensação de ser sugado, esticado, é que mais me diverte, é o efeito da quebra da conexão de dois tempos... É a parte da relutância humana, entre o ant-útero e a luz inversa.

As areias são particulas cósmicas feitas das centelhas da vida, das lembranças cristalizadas, e migalhas dos anseios.

o funil é divisória entre o ontem da existência e o hoje da inexistência, é o processo que se inicia na jornada da configuração da irrealidade.

A ampulheta é atemporal, ferramenta do sarcasmo temporal, eu sou um dos contadores de partículas, entre nós existem arquivistas das sensações e das decisões, sentinelas dos espasmos cósmico, as vibrações do tempo, e vigias da dama de olhos Esmeraldinos e violaceo, ela é sedenta e insaciável, deve ser contida, se não devora o próprio universo.

Não temos o sono dos cansados, as particulas são pontuais, pronta para escorrer um pouco mais da força vital da juventude , acelera os grãos em cada amanhecer...e amontoa sem ser notada pelo mortais, cada grama que compõe a personalidade do ser, para que no escorrer do último, em seu giro finito e cronológico ela trabalhará para recompor as imagens mentais.

Alguns tem mais outros tem menos , e algumas são evaporadoras antes da hora, portanto, a quantidade limita a existência terrena.

Não consegui entender muita coisa que o ser tagarelava, devia ser alguma coisa sobre mitologia, filosofia e psicologia.

Só agora percebo, Não Estou mais conectado com a teia de prata, senti um Solavanco, e vi que a areia não escorria mais, então a calda reptiliana me laciou, me esperneei tentando me desvincular daquela coisa nojenta , mais ela apertou mais. E fui elevado para cima, pelo asqueroso de asas de morcego.

E nisso vi uma parede de vidro se trincar, e depois se despedaçar, saímos entre cacos e areia. Vi imagens em relances, entre as fagulhas de vidro.

Doug Braz
Enviado por Doug Braz em 29/10/2023
Reeditado em 11/11/2023
Código do texto: T7919388
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