Contos de crianças

Contos de crianças

A casa em construção

No bairro havia uma casa em construção, fazia muito tempo que estava em

construção. Não havia portão, portas ou janelas. Um dia um pipa caiu lá e

resolvemos entrar para pegar a pipa. Éramos três Ricardinho, Julinho e eu.

Ficamos com medo daquela casa. É porque sempre tinha morcego lá e a

gente tinha medo de morcego. Só que a gente não falava para ninguém que

tinha medo de morcego, principalmente para as meninas. É que a gente era

menino e menino não pode ter medo. Quer dizer menino pode ter medo,

mas não pode ficar falando que tem medo. Tem que dizer que não tem

medo e estufar o peito e mostrar os muque. Coisa de menino. Depois de

uns duas horas pensando resolvemos entrar, não vimos morcego. bom era

de dia. O negocio era ir no andar de cima porque a pipa estava lá. Na casa

tinha caixas de piso de cerâmica, sacos de cimento e tijolos. Tinha bitucas

de cigarros dos pedreiros. Tinha embalagens de maços de cigarros. Tinha

restos de fogueira de morador de rua. Bom o fato é que a gente era menino

homem corajosos e atrás de pipa. Subimos no terraço do sobrado. Pegamos

a pipa. A casa estava limpa, não tinha fantasma e nem morcego.

Resolvemos então a partir daquele dia começar empinar pipa lá de cima da

casa todos os dias. Todo dia subíamos no terraço da casa para empinar

pipas. Os caras grandes começaram a subir lá para empinar pipas. O Greg

tinha 22 anos e empinava pipa. Ele queria roubar nosso terraço. Ele era

legal as vezes. Ele fumava cigarro e bebia cerveja. Jogava bolinha de gude.

O pai dele tinha uma padaria. Os meninos todos iam empinar pipa lá. Nem

sempre porque a gente não via só de pipa. Tinha bolinha de gude, futebol,

vólei, basquete, amarelinha enfim. A gente gostava de todas as

brincadeiras. Um dia estava nós três no terraço da casa em construção e

abandonada. Nós estávamos empinando pipas, quando uma vizinha, velha

coroca berrou: “ Crianças descem dai é muito alto, vocês podem se

machucar. Vou falar com a mãe de vocês” Eu logo pensei “agora ferrou!”

o Ricardinho falou “ velha fofoqueira e bisbilhoteira”. Tiramos o pipa do

alto e descemos do terraço. Assim que a velha entrou em sua casa e depois

saiu com seu carro velho retornamos. Voltamos para o terraço levamos um

sofá velho lá para cima. Levamos nosso gato. É porque gato gosta de lugar

alto e ele fazia companhia para a gente. Era o gato Gaiato. O nome dele era

Gaiato. O Julinho ficava de olho para ver se tinha adulto vendo a gente.

Viu adulto, cara se esconde. Eles são terríveis e ficam dando ordem na

gente. Não querem nossa liberdade, muito menos nossa felicidade. Eles

não sabem, mas apenas gostamos dos adultos quando nos dão dinheiro.

Tudo ocorria bem. Nós gostávamos desse novo local que invadimos.

Acontece que um menino paspalho da rua de trás foi empinar pipa no

nosso terraço. Ele foi lá na manhã. De manhã a gente tava na escola, a

gente usava o terraço de tarde. A gente não reclamava das outras crianças

usarem o terraço ou casa aberta como a gente falava, desde que pagasse

um $10 centavos pelo uso. $10 centavos em 1994 era muito dinheiro para

uma criança de 10 anos. Cada criança tinha de pagar $10 centavos porque

fomos nós que começamos a usar a casa primeiro. O menino da rua de trás

era o paspalho do Leandrinho. Ele era loirinho e branquinho. O idiota caiu

do terraço correndo atrás de pipa. Morreu? Que nada ! Vaso ruim não

quebra. Ele era retardado demais para morrer. Foi para o hospital. A policia

baixou lá, chamaram o proprietário do imóvel. Colocaram portões bem

alto com cadeados, ergueram ainda mais os muros da propriedade. Não

dava mais para usar o terraço para empinar pipa. Depois que o Leandrinho

saiu do hospital ele teve de pagar uma indenização de R$ 5.00 reais.

Porque por culpa dele nosso terraço foi lacrado e interditado. Isso se ele

quisesse a voltar andar com a gente. Não que a gente menosprezasse a

companhia dele. A gente tolerava. Ele não tinha culpa de ser idiota.

Defeito de fábrica. Quando a gente jogava bola com ele, ele sempre batia a

bola no carro de alguém, quebrava o vidro da janela da casa de alguém. Os

amigos devem tolerar as idiotices dos outros fazer o que. Ele cortava os

dedos empinando pipa. Uma vez ele provou um curto-circuito tentado

pegar um pipa na rede elétrica. Queimou a geladeira de velha fofoqueira e

bisbilhoteira.

A maquina de pegar bichinho de pelúcia

Sabe essas máquinas de pegar bichinho de pelúcia? Sim essas mesmas. Eu

tinha uns 12 anos de idade. O Patrick teve uma ideia e foi lá em casa. Ele

descobriu que uma moeda antiga tinha exatamente o mesmo tamanho da

moeda de um real. Era uma moeda de 50 cruzeiros. Eu tinha uma caixa

dessas moedas. É porque um dia eu fui fazer uma chave para meu primo, e

eu falei para o chaveiro que gostava de moeda antiga. Ele me deu uma

caixa com cerca de 500 moedas antigas de cruzeiros e cruzados. Modéstia

a parte eu era uma criança simpática. Todo mundo gostava de mim.

Desculpa por favor. Mamãe jogou açúcar em mim. A moeda de 50

cruzeiros acionava a máquina. Uma descoberta genial para uma criança

travessa. Tinha muita moeda antiga na caixa. Eu falei para ele : “ Patrick

isso é errado!” ele falou me imitando “ Patrick isso é errado!” Eu falei “eu

não vou” O Patrick disse “ então me vende as moedas” eu vendi as moedas

antigas para ele. Ele e o maluco do irmão dele foram na máquina de pegar

bichinho. Pegaram todos os bichinhos da máquina. Renatinho dava tanta

risada. O dono da padaria perguntou: “ do que está rindo moleque?” o

Patrick chutou o Renatinho para parar de rir e não dar muito bandeira. A

máquina ficou cheia de moedas antigas. Eles deram os bichinhos para

muita gente, outros eles venderam em um ponto de ônibus. Passado um

tempo o Patrick foi lá em casa, ele falou “ cara não vai na padaria, vai em

outra padaria” eu falei “como assim?” ele explicou “o portuga da padaria

está furioso” a máquina de pegar bichinho de pelúcia foi lacrada para

inspeção pela policia. Eu falei: “a policia de pelúcia?” “pelúcia de policia”

ele deu risada. Ele me explicou com calma eu disse : “cara, eu não tenho

nada haver com isto, só vendi as moedas como você as usou é problema

seu”. Em seguida, demos tanta risada, tanta risada que minha barriga ficou

doendo. O Patrick perguntou se eu ainda tinha moeda de 50 cruzeiros, dai

eu dei mais risada. Nunca descobriram nossa travessura. O Patrick tinha

um mente criminosa. Ele tirava tampinha de ar de pneus de BMW

estacionadas no bairro, para colocar em sua bicicleta. Os pinos eram

cromados. Ele jogava pequenas pedras nos telhados das casas por pura

diversão para ver as velhas reclamando. Ele passava trote para a policia

nos orelhões antes e depois da escola. Ele apertava a campainha das casas

e saia correndo. Todo mundo achava divertido. Ele tinha as melhores

travessuras. Colocava bombinhas nas caixinhas do correio. Ele cabulava

aulas. Assim que cresceu virou vereador na cidade. Até hoje dou risada

dessa história de moleque, é que dizem que o português fez uma cara tão

engraçada quando viu as moedas antigas dentro da máquina. “Ora raios !

Esses moleques ! Esses diabinhos” dizem até hoje que a cara do português

bravo é uma das mais engraçadas de toda a história da humanidade.

Moleque maluco atrás de pipa

Tinha muito pipa no ar aquele dia. Os moleques da rua das torres estavam

com muitos pipas. Era chuva de pipas como a gente falava. Era pipa

caindo no fio de luz, era pipa nos telhados das casas. Era pipa nas arvores.

Na rua, na Avenida Getúlio Vargas. Era muito pipa. Cortaram meu dois

pipas, eu estava sem grana para comprar mais pipa. Negócio era pegar

pipa. Um pipa bonito foi cortado. Esse tinha de ser meu. Sai correndo atrás

do pipa no meio dos carros. Motorista buzinando e gritando “ quer morrer

moleque” eu não poderia me distrair. Estava focado no pipa. O pipa caiu

em cima de um sobrado. Eu toquei a campainha, ninguém atendeu. Bom

não deve ter ninguém na casa. Como subir no telhado do sobrado? Julinho

apontou o dedo. Tinha uma árvore ao lado do sobrado nos fundos. Uma

árvore alta. Tipo muito alta quando você tem 10 anos de idade. A molecada

fez escadinha para eu subir na árvore. Subi na árvore. Não tinha rede

elétrica naquela parte da rua. Da árvore subi no telhado do sobrado. Tinha

muitos gatos fofinhos no telhado. Meu foco era o pipa. As telhas era finas

tipo telha comum de cimento. Telha velha. Meu foco era o pipa. Andei no

telhado. Peguei o pipa. Quando voltava. A telha começou a fazer um

barulho estranho. Um estalo. Pensei “ morri” a telhada estava quebrando.

Sai correndo que nem doido quebrando um monte de telha. É que meu

foco era o pipa. Devo ter quebrado umas cinco ou seis telhas. Pensei

“porque não coloca laje no telhado em vez de telhas? Facilitaria nossa vida

na hora de pegar pipa.?” voltei pela mesma árvore. Fui empinar meu pipa.

Horas depois ouvimos um grito ecoar pelo bairro “ meu telhado !” e

“pivetes endiabrados, moleques encapetados, quebradores de telhado”

O Maurício veio perguntar para a gente se a gente viu criança no telhado

dele. Eu falei : “ seu Maurício, eu estava na igreja orando com meu papis e

com minha mamis. Cheguei na rua agora. Acredite se quiser. Deixa eu te

dar uma dica: coloca laje no seu sobrado assim quando a molecada for

pegar pipa não vai mais quebrar telha. O senhor não vai ficar gastando

dinheiro com telhas.” todos os moleques disseram concordar. Seu

Maurício ficou feliz com a dica. Enquanto conversávamos vinha passando

um vendedor de algodão doce. Fiz cara de triste e falei: “ queria comer

algodão doce mas meu papais e minha mamis estão desempregados” Seu

Maurício ficou comovido e comprou algodão doce para gente. Ele era uma

adulto legal ficava bravo as vezes quando esses moleques atrás de pipa

quebrava uma ou outra telha de sua casa. Ele era um cara branco tipico da

classe média brasileira. Tinha dois carros na garagem. Era engenheiro. Eu

entendo sua fúria com as telhas quebradas, mas a gente tem de se

controlar. Você não pode deixar a raiva te dominar,sabe. É o que dizem os

psicólogos. Tempos depois pegou um empréstimo no banco e colocou laje

no sobrado. Telha não quebra mais.

A Velha do geladinho

Logo se espalhou pelo bairro que o geladinho da velha era muito bom.

Todo moleque estava com o geladinho na boca. Que geladinho era esse?

Quem era essa velha do geladinho? Onde morava a velha do geladinho?

Puro marketing infantil. Eu falei deixa eu experimentar? Julinho me deu

um. Perguntei “ onde mora a velha do geladinho? Ele falou na Avenida

Getúlio Vargas, perto da bicicletaria. O geladinho era como a pinga.

Viciava de tão gostoso que era. Peguei umas moedas e fui lá comprar. O

fato é que não era muito barato para uma criança. Todo dia eu queria esse

geladinho. Negócio era pedir dinheiro para mãe. Ele até dava, mas não

todo dia. Negócio era pegar emprestado sem pedir para a mãe. Entrava

sorrateiro no quarto dela e abria o guarda roupas e confiscava o que havia

no bolso dos casacos. Fui na casa velha e comprei 10 geladinhos. A velha

falou “ menino como você gosta de geladinho !” Continuei na vida

criminosa de furto de moedas de um real. Até que um dia, a mãe

descobriu. Foi uma surra. O geladinho era agora triste e amargo. Estava

proibido de comprar geladinho. O doce sabor do geladinho era agora um

duro castigo. Casa escola apenas. Nada de brincar na rua. Nada de andar

de bicicleta. Dizem que a velha do geladinho ficou rica. E eu entrei numa

fria.

Crianças cientistas

Eu nunca tinha ido na feira de ciência. Escola pública não tinha feira de

ciência. Um dia fizeram uma. O ultimo ano do ensino médio e o pessoal da

faculdade organizaram a primeira feira de ciência. Eu era pequeno. Fiquei

assustado com aqueles macacos, cobras dentro de vidros, escorpiões,

morcegos, aranhas. Animais empalhados. Microscópios. Aparelhos de

cirurgia. Injeções e agulhas. Médicos e enfermeiras me davam medo.

Órgãos humanos. Fetos dentro de vidros. Eu tinha medo. Tive pesadelos

terríveis por causa da feira de ciência. Dia seguinte na sala de aula uma

menina me perguntou se eu fui na feira de ciência. Eu falei que fui e não

tive medo. Estufei o peito e mostrei os muque. Ela falou: “ que bom, eu

fiquei com medo do que vi” eu falei: “ claro, você é menina, e as meninas

são medrosas. Os meninos são fortes e corajosos”

A professora ouvi a conversa e falou: “ sua mãe me disse que fez xixi nas

cama ontem a noite e que teve pesadelos por causa da feira de ciência”

todo mundo riu. Eu falei: “ela só estava brincando, eu nunca fiz xixi na

cama e não tenho pesadelo”

A professora disse: “ sim, eu sei deve ser porque você é menino e os

meninos são fortes e corajosos.” Eu falei : “ é isso ! Exatamente isso!

Ainda bem que a senhora sabe”

A professora: “ sim, eu sei e eu entendo. Vamos começar a aula”

Revista de vampiros

Meu primo Haroldo estudava cinema e esqueceu uma revista lá em casa.

Eu tinha uns seis anos de idade. Era uma revista sobre filmes de terror.

Tinha muita coisa escrita nela. E tinha muitos vampiros. Tinha caixões. Eu

folheava muito essa revista. Eu fiquei com medo. Eu tive muitos

pesadelos. Tinha medo de ficar com a luz do quarto apagada para os

vampiros não virem me pegar. Dai em diante só dormia com a luz acessa.

Eu não conseguia dormir. Eu tinha medo de dormir. Minha mãe perguntou

porque eu não conseguia dormir. Eu falei para ela “o Haroldo esqueceu

uma revista e nela tem vampiros assustadores.” ela falou “me dá a revista

que eu entrego para ele. Você deveria ter me falado antes e não ter

folheado a revista.” eu falei “ mas agora o vampiro que me pegar” ela

falou : “ nenhum vampiro vai te pegar porque vampiro não existe, é tudo

sua imaginação. São atores.”

eu perguntei: “ como assim? Minha mãe falou : “ os adultos no teatro

gostam de se pintar e brincar de vampiros, não existe vampiro”

fui dormir em paz. Dia seguinte meu pai que era separado da minha mãe.

Veio me buscar para ficar o domingo com ele. No carro ele me falou : “

sua mãe quer me tirar o carro, a casa, o dinheiro e tudo mais. Ela é uma

sanguessuga. Ela é uma vampira.”

eu falei : “ pai fica tranquilo não existe vampiro, é tudo gente no teatro, as

pessoas gostam de se pintar de vampiro. Fica tranquilo a mamãe não é

vampira”

meu pai perguntou : “ quem te disse isto?”

eu responde: “minha mamis”

eu devolveu: “ Vampirona, vou comprar alho no supermercado !”

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Contos e travessuras II

A sopa de gatos

Carolina inventou que a velha Tota comia gatos. A velha Tota era japonesa.

A gente sempre confundia ela com chinesa, coreana, vietnamita ou

tailandesa. Subimos no muro da casa para ver o quintal e havia muitas

gaiolas com gatos dentro. Ficamos assustados e saímos correndo. Contei

para meu pai e minha mãe. Eles deram risadas. Um dia meu pai caiu no

quintal da dona Tota e fomos buscar. Tocamos a campainha.

“dona Tota, posso pegar meu pipa que está no seu quintal?” Tota: “

claro,filho, entre por favor.” pegamos o pipa. Ficamos assustados com os

gatos. Eu falei: “quantos gatos dona Tota, a senhora gosta muito de gatos.”

Tota: “Na verdade não, eu encontro esses bichinhos nas ruas machucados

e cuido deles, depois faço doação deles” eu respondi: “ que bom dona

Tota, me sinto aliviado. É que o pessoal da vizinhança é fofoqueiro e

falaram que a senhora comia gatos. A famosa sopa de gatos”

Julinho falou: “ no seu país come-se gatos?não é?”

Dona Tota: “ não comem gatos no meu país”

Julinho: “ a senhora é chinesa?”

Tota: “não”

Julinho: “ a senhora é coreana?”

Tota: “não”

Julinho: “ a senhora é vietnamita?”

Tota: “não”

Julinho: “ a senhora é tailandesa?”

Tota: “não”

Julinho: “ a senhora é africana?”

Tota: “não”

Julinho: “ a senhora é norueguesa?”

Tota: “não”

Julinho: “ a senhora é venezuelana?”

Tota: “não”

Julinho: “ a senhora é boliviana?”

Tota: “não”

Julinho: “ a senhora é nordestina?”

Tota: “não e já chega!”

Julinho: “ a senhora é japonesa?”

Tota: “não, sou filha de japoneses e quem falou que eu como gatos?”

Renatinho: “ a gente não gosta de fofoca e não é dedo duro, mas foi a

Carolina, mentirosa.”

Tota: “ Carolina? Deixa que eu pego ela, essa piveta”

Um dia a Carolina estava na rua e dona Tota estava lavando a calçada.

Dona Tota chamou a Carolina: “ é verdade, que seus dois gatos sumiram

no ano passado?”

Carolina: “ sim dona Tota, ainda me lembro dos meus bichinhos.”

A Carolina estava com medo. Dona Tota deu uma gargalhada de filme de

terror e disse. “estavam uma delicia os seus gatinhos” e continuou com

sua risada medonha. A Carolina deu um grito “ socorro” saiu correndo e

gritando “mãe, ela comeu meus gatos” Dona Tota e os moleques deram

risadas. Tipo muito risada mesmo. O feitiço virou-se contra o feiticeiro, ou

melhor: A mentira virou-se contra o mentiroso.

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Contos e travessuras

Bola no vidro não é gol, é prejuízo

Nós quatro estávamos jogando bola na rua, quando o Leandrinho

atrapalhado e pé torto jogou a bola no vidro da janela da cozinha da casa

da velha coroca. A velha coroca saiu de dentro de sua casa brava e

perguntando quem foi. Apontamos o dedo unanime para o Leandrinho. A

velha pegou a bola e falou só devolvo quando pagarem o vidro. Somos

crianças,não temos dinheiro. A velha falou : “ bom, tudo bem. Então vocês

vão me ajudar na faxina de casa hoje” nós dissemos que tudo bem.

Pegamos uns carrinhos de pedreiro do jardim da casa da velha. Fomos

retirando jornais velhos e revistas velhas colocávamos na calçada.

Limpamos tudo. Quartos, salas e cozinha. A velha tinha até biblioteca. Eu

perguntei para ela porque tanto livro. A velha me disse que era professora e

doutora aposentada da USP. Eu disse a ela que meu sonho era ser escritor.

Ela disse “ ótimo, você pode ser o futuro Monteiro Lobato.” ela me deu

livros do Monteiro Lobato e muita literatura infantil dos irmãos Grimm.

Eu perguntei a velha coroca como era seu nome. A molecada apenas

conhecia ela como velha coroca. Ela me disse que seu nome era Dorote.

Tipo Doroteia, mas era Dorote. “Nossa que nome da hora” disse

entusiasmado. Mas mesmo assim continuávamos chamado ela de velha

coroca porque era divertido. O sobrado dela era bonito. Ela era professora

de língua portuguesa e língua inglesa aposentada. Nisto chegou o

vidraceiro e colocou novo vidro. Ela deu os jornais e revistas para o

vidraceiro. Ele usava os jornais para enrolar vidros e a revista ele ia vender

no ferro velho. A velha coroca nos deu suco para beber e fez cachorro

quente. Eu perguntei a ela porque ela era tão sozinha. Dorote: “ eu não me

casei e não tenho filhos, minha vida sempre foi trabalho e estudo. Minhas

irmãs moram longe no interior do estado perto de Presidente Prudente” eu

falei : “ presidente imprudente” ela corrigiu : “não meu amor. Presidente

Prudente” eu devolvi : “ existe algum presidente prudente?” ela deu risada.

Dorote continuou: “eu tenho sobrinhos com a idade de vocês” eu falei : 11

anos? Ela respondeu : “ eleven years old” ela era uma boa pessoa. Senti na

alma que sua alma era boa. Eu falei para ela que um dia eu iria escrever

sobre ela. Aqui está.

Morte do seu Osvaldo

O Gugu me chamou. A molecada estava toda lá. Tinha seis meninos. Eu,

Gugu, Ti, Toni, Leandrinho e Julinho. O Gugu falou que seu avó tinha

falecido. Eu nunca tinha visto um ser humano morto. Já tinha visto

cachorro morto ou gato. Gente morta era a primeira vez. O Gugu chamou

lá para a gente ver seu avó. Ele estava pálido e duro. Os olhos estavam

abertos. Era assustador. Ele estavam numa cama coberto por um lençol

branco. As crianças estavam olhando para o cadáver. Eu não entendia o

que era a morte. Eu era uma criança de nove anos. Tinha serenidade no

local. Eu fiquei me perguntando porque as pessoas morrem.

De repente ouvimos um barulho e saímos correndo. Este foi meu primeiro

contato com a morte. O Gugu não gostou de a gente ter corrido. Eu

perguntei ao Gugu porque ele levou a gente lá. Ele afirmou que não sabe,

só queria que a gente visse. Mas para que? Talvez o aprendizado sobre a

morte faz parte da vida.

A morte do gato

Eu tinha uns sete anos de idade. Eu tinha um gatinho. O Bisqui. Certa vez

peguei meu gato e fui mostrar aos meus amiguinhos na rua. Passou um

carro com muito barulho o gato se assustou e me mordeu eu soltei ele e o

gato foi atropelado. O gato morreu. Eu chorei muito. Eu peguei ele nos

braços e chorei muito por causa do gato. Não foi minha culpa. Eu fiquei

muitos dias por causa da morte do gato. Eu não sabia o que era a morte. Eu

nem sabia o que era a vida. Até hoje penso no gato. Queria ter ele de volta.

Eu fiquei acariciando o gato morto. Eu nunca vou mês esquecer disto.

O carro abandonado

Abandonaram um carro na rua. Ficou meses parado lá. Até que um dia a

molecada tentou abrir a porta e conseguiu. Entramos no carro e ficamos

brincando nele. Sonhando em pilotar o carro. Imaginando ser piloto de

formula um, como Ayrton Senna. Foi tão legal girar o volante. Depois de

um tempo o carro foi guinchado para o páteo da cidade. Era um Fiat 47

abandonado.

Donos da rua

A molecada se achava dona da rua. Nossa vida era a rua. O dia todo na rua.

Jogar bola, amarelinha, bola de gude, pipa, esconde-esconde, cabra-cega,

mãe da rua, taco, balanço nas arvores da rua, vólei, basquete, skate, patins

enfim tudo. Os carros tinha de passar devagar por causa das crianças. As

pessoas tinham de passar devagar. A molecada se achava dona da rua.

A gente até cantava a música “se essa rua fosse minha” a vida era a rua e a

rua era o paraíso, a rua era felicidade, o aprendizado. A escola não era

como a rua. A rua era legal. A escola chata e cheia de regras. A rua era as

vezes perigosa, mas era divertida. A vida é boa. As crianças da vizinhança

era legais. A rua era a rua da minha infância. Era a rua da alegria. A rua

era nossa. Os donos da rua.

Conhecendo a cidade

Eu sempre andei de bicicleta desde os quatro anos de idade. Só que quando

eu tinha 10 anos, em 1994 queria ir mais longe. No começo andávamos

apenas na nossa rua, depois na rua de trás. Depois na rua das torres.

Depois no bairro. Depois em toda cidade. Nós quatro íamos de bicicleta e

a cada rua nova que entravamos ficamos alegres por ver gente nova e

diferente. Andávamos por todos os bairros da pequena Poá. A gente

gostava de ir na estação de trem e ver o trem passar. Tinha muita gente lá.

Eu ficava olhando tanta gente apressada para ir trabalhar. Eu pensava que

era divertido brincar de trabalhar. As pessoas não pareciam muito felizes.

Reclamavam do patrão, só salário, do transporte. Eu pensava que trabalhar

era a brincadeira favorita dos adultos. A gente ficava na passarela de Poá

vendo o movimento e quando começava escurecer voltava para casa. Um

dia eu fui andar sozinho de bicicleta e me perdi. Eu fiquei assustado. Eu

entrava em rua e saia em outra rua. Eu já estava em Ferraz de Vasconcelos.

Eu comecei a chorar. Pedi a Deus que ajudasse. Dizem que Deus ouve as

crianças. De repente, um amigo da gente passava com uma Saveiro parou.

“ O que está fazendo aqui?” eu respondi: “ eu estava andando de bicicleta

e me perdi” ele falou: “ você sabe que não pode ir tão longe” eu fiquei

calado e pensei: “ esta mania que adulto tem de dizer o que devemos ou

não fazer, eu tinha 10 anos. Eu não era mais criança” ele colocou a

bicicleta na Saveiro e voltamos para o bairro. Ele não contou nada para

meu pai e nem para minha mamis. Eu fiquei feliz porque ele era um cara

legal. Deste dia em diante não fui para muito longe, não sozinho. Fui para

longe com meus amigos de 11 e 12 anos. A gente era tudo grande. Não

tinha problema. Ele falou para não ir sozinho. Eu não estava sozinho. A

gente não era mais criança. Criança é quando você tem menos de nove

anos. Com dez anos a pessoa já tem entendimento da coisas e do mundo.

eu acho....

Carolina, a mentirosa

A gente não andava muito com menina. Não que a gente não gostasse

delas. É porque elas eram chatas e cheias de frescura. A gente nem lavava

o rosto e ia para rua empinar pipa. A gente não tava nem ai. Nosso negócio

era bolinha de gude, pipa, futebol e mais pipa. Tinha uma menina que

gostava de amizade com os meninos, a Carol. A gente não dava muita bola

para essa menina. Para conseguir a atenção dos meninos ela inventava

histórias. Tinha ladrão no bairro, tinha alienígena no bairro, a velha coroca

era bruxa e comia gatos. Era tanta mentira que a Carolina contava que a

gente sabia que de 100 coisas que ela falava 120 era mentira. Ele mentia

mais que a estatística. A matemática não contabilizava tanta mentira. Certa

vez ela inventou uma das brabas para assustar os meninos. Contou que

tinha um homem raptando criança em um carro branco. Eu falei “Carolina

geralmente bandido anda de carro preto com vidro escuro” A Carol

retrucou : “ na, nanin não,não. O carro é branco e não tem vidro escuro”

ela continuou: “ o cara pega as crianças e as leva para trabalhar como

escravas em uma fábrica de bolas. Lá a criançada fica enchendo bola com

a boca até morrer. É muita bola para encher. É bola de futebol, vólei e

basquete. Seu ar acaba, dai você morre. Estica a canela” Ela acrescentou:

“provavelmente, esta bola que vocês está usando foi enchida com o ar de

uma pobre criança.” nós demos risadas. Neste tempo, passado um tempo,

empinando um pipa na rua. Passou um carro branco e um cara dentro. Ele

abaixou o vidro e falou: “ molecada, estou com pneu murcho, vocês não

tem uma bomba de ar, pode ser de encher pneu de bicicleta, para encher o

pneu do meu carro?” saímos correndo e gritando: “ o raptador de criança !,

carro branco !, quer nosso ar !” entramos nas nossas casas. O carro do

carro deve ter pensado: “ como são estranhas as crianças desse bairro,

metidas, não ajudam ninguém” contamos para Carolina. Ela deu tanta

risada e falou “ enganei o bobo, nas casca do ovo”

Namoradinho de bicicleta

Uma menina da rua de trás vinha andar de bicicleta com a gente. Ela era

amiga da Carolina mentirosa. Ela era bonita. Ela vinha com uma bicicleta

rosa e um cestinho na frente. Os moleques ficavam rindo dela. Ela usava

óculos. Ela ficava andando com o Ricardinho. Ela gostava do Ricardinho.

O nome dela era Lurdinha. O Ricardinho queria colocar ela no nosso

grupo. Isto era inadmissível. A gente é menino. Nosso negócio é pipa,

futebol, bolinha de gude e mais pipa. Aqui não entra bicicleta cor de rosa.

No nosso grupo é só menino. O Ricardinho ficava andando com a bicicleta

dela. A gente ficava rindo dele. A gente apelidou ele de Ricardinho

namoradinho. O Ricardinho ficava bravo. A gente falava Ricardinho ficou

bravinho. Depois de um tempo a Lurdinha sumiu. O que teria acontecido?

O Ricardinho estava triste. Fomos na rua da Lurdinha saber porque ela

tinha sumido. O vizinho falou: “ eles se mudaram o pai da Lurdinha

arrumou emprego em outro estado, no Paraná e levou a família” a gente

ficou feliz, o Ricardinho ficou triste. A gente não sabia porque ele estava

tão triste por uma menina. Depois ele de um tempo, ele voltou a ser o

velho Ricardinho de sempre. Pipa, futebol, bolinha de gude e mais pipa. O

amor só faz a gente sofrer. Negócio é pipa, futebol, bolinha de gude e mais

pipa. Assim você não sofre. Fica a dica.

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Fliperama

Em 1994 um ficha de fliperama custava $25 cents de real. Quando

conseguia umas moedas eu ia jogar mortal kombat lá. Eu gostava do jogo.

os caras grandes diziam : “ baixinho, você vai perder sua ficha, deixa que

eu jogo contra a máquina para você” na verdade eu ficava vendo os caras

grandes jogarem. Lá tinha muito cheiro de cigarro e outras cositas mais.

O dono do lugar era um jovem de 29 anos. As vezes quando não tinha

ninguém jogando ele me deixava jogar de graça. “baixinho, quer jogar?”

eu respondia: “ eu quero mais não tenho din din para comprar ficha” ele

falava: “ eu vou ligar uma máquina para você, mas não fala para ninguém”

“ok?” “ok”. Eu ficava horas jogando sozinho. Depois quando começava

chegar os caras grandes eu ia embora. Um dia voltando da escola, vi umas

viaturas de policia lá e o dono dos fliperama dentro da viatura. O

estabelecimento foi lacrado pela policia. Tempos depois ficamos sabendo

que encontram cinco quilos de cocaina dentro dos fliperama. O lugar

nunca mais abriu e nunca mais vi o cara dos fliperama. Eu não sabia o que

era cocaina. Sabia o que era Mortal Kombat. Eu não tinha videogame, o

que tinha era ficha de fliperama.

Briga de pipas

Um dia eu estava soltando pipa com meus amigos. Eu perdi meu pipa e

fiquei na calçada. De repente veio um cara grande, deveria ter um 18

anos. Começou a perguntar que estava “comendo” sua linha. Quando

alguém perder o pipa os meninos pegam a linha também. O cara cismou

que eu tinha pego sua linha. Meus amigos correram. Eu falei : “ eu não

peguei sua linha” ele me deu um cascudo, na cabeça. Eu entrei em casa

chorando. Ele era um adulto marginal, eu era uma criança. Eu não sabia o

que era um marginal. Ele me bateu com tanta força que até sangue saiu. Eu

fiquei dias triste sem querer sair na rua, sem querer empinar pipa. Eu não

queria mais brincar. Eu não entendia porque eu havia sido agredido sem eu

fazer nada. Depois de alguns meses, voltei a sair na rua. Não da mesma

forma, agora eu estava mais esperto com a maldade das ruas. Qualquer

coisa eu deveria correr para dentro de casa. Eu não tinha costume de

apanhar, não com tanta força. Na rua e com pipas você tem de ficar esperto

porque pode dar brigas.

Passeando com cachorro

Um dia fui passear com meu cachorro. Dar uma volta no quarteirão. Ele

estava preso na corrente. Os cachorros fazem xixi nos postes,bom os

meninos também fazem xixi nos postes. Os cachorros latem. Eu fui

andando com ele, quando ele escapou da corrente. Mais acima tinha uma

avenida com muitos carros eu fiquei com medo dele ser atropelado. Fiquei

procurando por ele desesperado. Encontrei-o brigando com outro cachorro.

Fui duro separar a briga. Um adulto me ajudou. Eu prendi ele na coleira

novamente. Por um momento eu pensei que iria perder meu amigo pet, ele

era muito especial. Eu ganhei esse cachorro quando tinha cinco anos de

idade. O cachorro me acompanhou por toda infância, ele viveu cerca de 15

anos. Quando ele morreu eu tinha uns vinte anos de idade. Até hoje me

lembro dele, ele fez parte da minha vida. Quando eu ficava triste, quando

alguém brigava comigo, eu ficava com ele num canto, conversando com

ele, acariciando ele, beijando ele. Ele era pequinês. Sempre vou lembrar

dele, talvez um dia o veja novamente no céu. Deve ter pet no céu.

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Gato e sapato escaldados tem medo de água fria

Versão brasileira: Cadeeiros

Itaquaquecetuba, ano domini 2015

Eu trabalha de servente de pedreiro com meu tio que era o pedreiro .

Estávamos colocando um piso de mármore numa casa de rico na cidade

jardim. A dona da casa deu um calote. Rica e caloteira. O serviço ia custar

R$ 5.000.00 reiais. Ela fez um pix de R$ 4.800.00 reaus. Faltou 200

contos. A dona madame falou que não ia pagar os 200 reais era comida que

comemos de sua geladeira. Bom, ninguém trabalha com fome. Saco vazio

não para em pé. Decidimos então pegar uma gato siamês como forma de

pagamento. Meu tio era alérgico a bichanos então decidi ficar com o gato.

Meus filhos gostaram do gato. O gato era educado. Dava aula de francês

para meus filhos. O gato sabia usar o toalete. Comia a mesa como gente

descente, usava guardanapo e talheres. O nome dele era Francouis

(Franssuá, Françuá – eu acho que se fala assim) o bicho tinha o miado

com sotaque francês. Ele não estava bem adaptado a vida em Itaquá.

O gato só comia ração de primeira. Nem sempre nós tínhamos dinheiro

para comprar. Ele vivia no sofá. Tirei ele do sofá, porque quando eu

chegava do meu trampo sujo de pó de cimento eu gostava de ficar deitado

no sofá. O gato foi ficando bravo com muitas das nossas atitudes e falta de

educação.

Até que um dia ele ficou puto. Baixou o santo no bichano. Eu dei lhe um

tapinha no bumbum para que saísse de minha cama. Eu gosto de

privacidade quando estou com minha mulher Neide Jurema.

O bicho arregalou os olhos, arrupiou os pelos e saiu rosnando. Nem quis

saber. Eu e minha mulher tínhamos coisas mais importantes para fazer.

Quando me levantei de manhã o sofá estava todo rasgado, móveis e

geladeiras tudo arranhado. Gato maldito ! Mato você ! O bicho comeu toda

nossa comida e bebeu nossa cerveja. Ficou deitado na cama dos meninos.

Fui ver o cara estava estranho. Olhos vermelhos e a face desfigurada,

falava ele palavras estranhas. Minha mulher falou: “ esse gato está puto,

ele está possuído” peguei minha Variant e fui na igreja chamar o padi.

Falei para o padre os sintomas. O padre veio. Com turibulo, terço e livro

de rezas em latim. O padre pediu silencio. Balbuciou palavras em latim,

sussurrou frases chiques em francês – coisa de gente branca. Eu nada

entendia dessas mandingas de branco. Jogou incenso na casa toda. Nada

adiantou. Eu ia minha mulher aguardávamos na sala. Eu perguntei: “ e ai?”

O padre falou: “ tem que aguardar sete dias” eu bravejei: “ sete dias ? Você

tá louco? É muito tempo”

decidimos chamar o pastor. Porque brasileiro é assim quando uma religião

não resolve a gente vai para outra. O pastor cobrou bem caro. Também não

resolveu. Chamamos o kardecismo, budismo, hare krishna e até rabino.

Não resolveu.

O gato levantava da cama apenas para comer, fazer as necessidades

fisiológicas e transar. A noite ninguém conseguia dormir com barulho de

gato transando em cima do telhado. O telhado de minha casa virou motel

de gato. Jogávamos água fria. O gato continuou rasgando tudo desde

roupas até toalha de mesa. Urinava ele na casa. Ficava um cheiro

insuportável de urina de gato dentro de casa.

Ele brigava com outros gatos. Eu chegava em casa cansado e não

conseguia dormir por causa desses gatos.

As gatas do bairro estavam todas prenhas desse gato. Era muito gatinho no

bairro.

Apelei para as religiões de origem afro. Candomblé e umbanda. Nada

resolveu. Liguei 190. policia militar. Nada resolveu. Chamei um

veterinário, e veterinário custa caro. O cara veio aqui no meu barraco e

falou que o gato estava no cio. Só essa consulta me custou adivinha?

Duzentos reais. Antes nunca tivesse trazido esse gato para minha casa.

Fui no psicologo que me recomendou a “terapia do porrete” a terapia do

porrete funciona assim: “ esgotadas todas as demais possibilidades de

dialogo, conversa, democracia, simpatia, utiliza – se um porrete.”

comprei na lojas de departamento o bom velho taco de basebol. Cheguei

em casa de mansinho, na ponta do pé, porrete escondido atrás das costas.

Dei lhe uma com força. Adivinha?

Atirei o pau no gato to to. Mas o gato to to. Não morreu - reu reu.

Dona Chica Ca Ca. Admirou-se se. Do berro, do berro que o gato deu.

Miau.

Gato tem sete vidas. Foram sete porretadas. O capiroto saiu de dentro do

gato. Coloquei o bicho no saco. Liguei a Variant fui na casa da dona

Madame devolver o gato francês dela. Toquei a campainha e falei:

“ dona madame, fazia eu um obra numa casa aqui do bairro quando achei

seu gato” ela abraçou o gato e beijo-o.

Dona Madame : “ Gleidson você é um ótimo servente de pedreiro tome

aqui sua recompensa de dois mil reais”

Fiquei feliz, com dois mil reais dava para comprar um sofá novo que o

gato tinha rasgado. Passei nas Casas Baiola e comprei o sofá. Coloquei-o

em cima da Variant. Era um sofá bonito. Todo mundo ficou feliz. Neide

Jurema me beijou. Só que o gato deixou sua marca. Meus filhos agora

estão metidos a besta porque aprenderam a falar francês com o gato. Ficam

as crianças falando essa língua ridícula de gente fresca. Todo mundo que

fala francês se acha. Eles fazem biquinho quando falam. Querem também

vestir-se como franceses. Comem queijos roquefor. A noite peço para eles

desligarem o abajur. Energia elétrica está cara.

FIM.

Nenhum gato foi machucado durante a narrativa de conto.

Os mandamentos felinos:

Não arranhar. Não azunhar. Não urinar dentro da casa. Não rasgar sofá.

não arranhar móveis. Não brigar em cima dos telhados. Não transar em

cima dos telhados.

São apenas sete mandamentos. São apenas sete vidas. São apenas sete

pecados felinais.

Ame seu gato como a si mesmo.

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O milagre da liberdade.

Chegara a pé, chegou a hora da missa, parecia ter vindo de longe. Era

jovem e bonito, tinha jeito de ser sofrido. No final da cerimonia o prior

conversou com ele. A maioria dos frequentadores do lugar eram abastados.

Classe média, alta e alguns ricos. Foi embora. O encontramos a pé na

rodovia. Como um peregrino, um andarilho.

Ele voltou ao mosteiro domingo seguinte. E logo se tornou amigo do prior.

As vezes lhe convidavam para o almoço. As vezes, algum monge perverso

o indagava: “ alguém lhe convidou para almoçar?” ele falava isto como se

ele tivesse comprado a comida. O mosteiro vivia de donativos dos ricos,

dízimos e ofertas. Além de contratos superfaturados com a prefeitura de

projetos sociais que nada mudava na vida dos pobres. Quem cria um

projeto social muda sua própria vida. Cursos para qualificar os pobres.

Cursos sem muita utilidade prática. Objetivo lavagem de dinheiro e

corrupção. Chegava cedo esperava no portão do mosteiro como um

cachorro espera seu dono. Ajudava nos preparativos da missa. Como nem

sempre era bem vindo no almoço voltava para casa com fome.

Nem todos eram perversos, alguns eram e ainda são. É mais fácil encontrar

maldade do que bondade. Por o mundo é assim? Sua caminhada era cerca

de até três horas, ida e volta. Viera passar algum tempo conosco. Trabalhou

muito. Muitos viajavam para Itália cinco ou seis vezes por ano.

Considerando o preço das passagens de avião, era o preço da preocupação

com os pobres. Na verdade, a maioria das pessoas se preocupam com o

sofrimento alheio se elas estiverem em situação semelhante. Caso

contrário, pouco importa. O mosteiro em geral tinha propriedades,

automóveis, conforto. A pobreza era apenas filosófica. Alias o sofrimento é

romântico no mundo da filosofia. Muitos gostam de ver os outros

sofrendo, lhes dá um ar de superioridade. Toda religião é também

encenação, interpretação, teatro. Teatro de religião. Há sempre um mistico

com capacidade para falar com o Todo – Poderoso. Seja rabino, padre,

pastor, guru etc. Depois pede-se um dinheiro para ajudar nas obras da

religião. Dizem sempre ajudar os necessitados com o dinheiro dos outros.

Os fiéis sempre muito pobres. Quase todos os lideres religiosos muito bem

de vida. Religião é sempre politica. É um comercio. Movimenta trilhões de

dólares por ano. Espiritualidade é o que está no seu coração. Você não

precisa de vínculos com instituição. Você é livre. Deus está dentro de você.

Deus é algo maior que a religião, que instituição. Quando Deus criou a

raça humana não a subjugou a nenhuma religião. A religião é criação

humana. Deus não precisa de religião para existir. A religião é uma

tentativa de o ser humano entender Deus.

Voltando a história. Ele era sempre ingênuo, tímido. Falava pouco.

Confiava sempre nos outros. Eu queria ser seu amigo. Logo me aproximei

dele. Conversei muito com ele. Me contou de seu sofrimento. Sofrimento

como dos mártires. Fiquei triste. A tristeza é sempre algo que nos faz

refletir melhor. A ponderar nossas ações na vida. Há quem diga que a

tristeza é mais inteligente do que a alegria. Os tolos riem de tudo. Os

sábios ponderam. Quando morre alguém que gostamos ou nosso conhecido

ficamos tristes, pensativos, meditativos. Há dor nos faz pensar melhor

sobre a vida. Nada somos neste mundo. Somos apenas ilusão.

Perguntei-lhe porque andava a pé. Ele respondeu dizendo que não tinha

dinheiro para pagar o ônibus. A pobreza absoluta atinge parte da

humanidade. A pobreza e sofrimento causa sérias alterações na mente do

pobres. Quem está sofrendo não raciocina direito. Temos que raciocinar

por eles. A miséria e a fome além de subnutrição causa problemas mentais,

depressão e procura por drogas licitas ou ilícitas. A miséria enlouquece,

desfigura e entristece. Eu disse a ele “ se não tiver dinheiro para pegar o

ônibus não venha, não precisa vir” eu não poderia dar-lhe dinheiro, eu

também não tinha.

Ele continuou conosco por algum tempo. Por mero preconceito foi

devolvido a sua família. Talvez fosse autista. O fato é que o consideravam

diferente. A burguesia que frequentava o lugar não gostava dele. Ele muito

chorou, fizeram pouco caso. Faziam isto com frequência. Utilizavam um

pessoa ingenua para trabalhar gratuitamente para eles nos serviços braçais,

todo vocacionado era um escravo. Assim iam fazendo os jovens

trabalharem por um tempo e depois eram dispensados. Algo que lhes dava

muito lucro. Eu tive pena dele. Queria ajudá-lo. Pessoas ingênuas sofrem

porque ficam esperando alguém lhes fazer o bem. Ninguém ajuda

ninguém. Não por vontade própria. Deus pode usar uma pessoa para nos

ajudar. Deus é misericordioso. Os humanos não podem assim ser por

causa da luta e do extinto de sobrevivência. Quando eu o reencontrei ele

me contou que um dia que estava na rodovia viu um cachorro enroscado

em arames farpados, nas cercas de uma fazenda. O cachorro era muito

peludo, ele tentou salvá-lo. Não conseguiu. Tentou buscar ajuda, talvez

parar algum automóvel. Ninguém parou. Tentou buscar ajudar no sitio

vizinho. Não lhe atenderam. Ele ficou muito preocupado em salvar aquele

animal. Ficou com medo de o cachorro lhe morder. Não pode ajudá-lo.

Fez uma oração. Saiu andando. O cachorro ficou preso nos arames

farpados. Ficou decepcionado por não poder salvá-lo. Mais adiante na

estrada. Cerca de 20 minutos de caminhada. Escuta um latido. Que coisa

impressionante. Olhem! Vejam! O cachorrinho vinha alegre. Voltou como

para agradecer sua liberdade. Ele ficou feliz em ver o animal. Estava livre

dos arames farpados que o prendiam. Livre como que por um milagre.

Talvez um anjo tenha o liberto. Eu logo pensei em milagre.

Talvez bondade gera milagre. Ele foi salvar o animal, e sua bondade gerou

milagre.

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O ULTIMO DOS SANTOS

I

Da ultima vez que o vi estava perambulando pela cidade e gritando em

meios aos automóveis. Chora e cantava. Cantava o hino nacional. Gritava

pelos amigos e pela mãe. Ele sofreu muito. Sofreu durante toda a vida.

Era uma criança feliz apesar de pobre. Henrique tinha o estranho hábito de

andar peladinho de bicicleta desde quando era criança. Era uma engraçado

ver aquele moleque peladinho em cima de sua bicicleta aos quatro anos de

idade. Passou fome. Foi sonhador. Honesto e trabalhador. Agora estava

louco e entregue a própria sorte. Eu tive pena dele. Existe um ditado no

Brasil : “ Neste mundo quem não rouba e quem não herda, só tem merda”

a pessoa tem que ser ingenua para acreditar em sonhos que vai ficar rico

no trabalho. A pessoa que trabalha pode ter o necessário para viver,mas

tem muita gente que trabalha e passa necessidade. Toda riqueza é fruto da

corrupção do ser humano contra seu próximo. Sonegam imposto, pagam

ao empregado um salário menor que o justo, fazem produtos de baixa

qualidade, alimentos sem qualidade. Tudo em busca do enriquecimento.

Sem falar no passado de colonização e escravidão. Toda riqueza humana é

fruto da corrupção. Mesmo a exploração de produtos mineiras que

deveriam pertencer ao povo uma vez que está no subsolo. Um professor

me disse que no Brasil todo mundo rouba igreja rouba, ONG rouba,

politico rouba. As pessoas honestas dizia ele são aquelas que passam fome.

Já dizia o Gregório de Matos “ todos os que não furtam, muito pobres.

Ele não aguentara tanto sofrimento. Ficou entregue a própria sorte.

Seu nome Henrique.

II

De uma família muito pobre. Sempre estudou muito. Escreveu muitos

livros. Seu primeiro livro escrito aos 16 anos. Era sonhador. Eu o conheci

quando era criança estudei na mesma escola em que ele durante 12 anos.

Trabalhava gratuitamente pela religião. A Igreja fazia festas com a

prefeitura para arrecadar dinheiro para supostamente ajudar aos pobres.

Prefeito tinha carro bom, sacerdote tinha carro bom. Todos tinham seu

bom sitio no interior. Os fiéis andavam a pé. Todos muito pobre. O bom

ator tem sua recompensa. Todos sabem fingir-se de bonzinhos, voz mansa,

rosto de cordeirinho. Mansinho,mansinho. Arranca-lhes as calças. Fazem

o teatro da religião. Todos precisam do seu dinheiro para ajudar aos pobres

e moradores de rua. Ajudar ao próximo com o dinheiro dos outros. Não

tem vergonha de pedir. Não trabalham. Vivem do trabalho dos outros.

III

Padre Marcos Dantas era uma pessoa assim. Seu pai o fez entrar em

seminário ainda cedo. O pai dele dizia que meninos brancos, delicados e

educados devem ser padres. O trabalho pesado é para pobre e preto. Com

um cruz no pescoço seu pai era religioso. Marcos aprendeu logo a fingir-se

de santo. Com carinha de anjo pedia aos outros e estes davam. Formou-se

jovem padre logo tratou de organizar sua paróquia. Criou um projeto social

junto com a prefeitura para desviar uma verba. No Brasil tem de se ter as

manhas para criar projetos sociais. Aqui tem projeto social para tudo: para

ajudar os animais de rua, para ajudar meninas de rua, meninos de rua,

moradores de rua, mulheres menstruadas, gatos abandonados, cegos,

aleijados.... aqui tem ONG para tudo. Para cada tipo de situação tem uma

ONG. Meu professor dizia ONG e Igreja não ajudam ninguém, ajudam a si

próprios. Marcos era da malandragem. Logo ficou rico e largou a batina.

Ainda padre se elegeu deputado.

IV

Eu estive no Seminário com Henrique e Marcos. Henrique não tinha

vocação para sacerdote. Era honesto demais para isto. Gostava de ler e

trabalhar. Tinha vocação talvez para monge. Não participava da santa

suruba nas noites de verão nos seminário. Ele era idiota. Gente honesta não

sofre. Os que eram honestos eram separados dos pilantras. Os pilantras não

faziam o trabalho braçal. Não gostavam de lavar a louça, capinar no

jardim, cuidar das galinhas e da horta do seminário. O exemplo vinha de

cima, os padres mais espertos viajam e passeavam pela Itália e França

com o dinheiro dos bobos. Diziam que estavam a serviço. Os padres

honestos nunca saíram do Brasil. Ganhavam apenas o necessário. Viviam

um vida modesta e simples. Estes eram dois ou três.

V

Henrique trabalhava fielmente para a santa igreja, riam-se dele. Riam-se

de sua honestidade. Alguns diziam que cômico ser honesto. A santidade é

algo patético. A religião é uma forma de romantismo da vida pós morte. A

santidade é uma forma de romantizar a raça humana. Henrique trabalha na

festa do seminário fazendo cachorro quente para vendar. Sua mãe talvez

uma santa desconhecida. Vivia em um mundo perfeito. As pessoas que

vivem em um sonho não sofrem, podem sofrer quando acordam dele.

Educara os filhos para tocar piano e falar francês.

Eu tenho pena de gente assim. Pessoas bem educadas sofrem muito.

São enclausuradas nos estudos, nos livros, na boa música.

A vagabundagem é libertária. Os maloqueiros de rua dizem o que querem,

fazem o que querem. Ser vagabundo é também ser livre. O carnaval é

vagabundo, descarado e libertário.

Mas gente de família deve viver no seu nicho,com sua grei.

Misturar gente de família com maloqueiros de rua pode ser algo muito

perigoso. No seminário todos estranhavam o fato de Henrique gostar andar

pelado de bicicleta a noite. Ele desde a infância praticava o nudismo

ciclista. Todos sabiam, mas ninguém comentava.

VI

No terceiro ano de seminário Henrique desistiu. Pedira um tempo. O reitor

sabia que retardados mentais como ele, idiotas que viviam bitolados em

livros tinham pouca chance no mundo. O velho reitor disse: “Vá viver um

pouco, as portas estarão abertas, volte, meu filho.” O reitor ficou triste,

muitos ficaram tristes e até choraram. Henrique voltou para sua casa. A

casa dos idiotas. Conseguiu um emprego como auxiliar de escrita fiscal em

um escritório de contabilidade. Logo se enturmou com o pessoal do

escritório. Gente criado dentro de casa não sabe nada da vida. A rua ensina,

a rua é a realidade, a rua é o noticiário. Começou a beber. Foi apresentado

as prostitutas da cidade. A policia encontrou os jovens com droga. Foi tudo

mundo para o xadrez. Foi um decepção para ele. Para a família. De jovem

exemplar o sujeito virou bêbado e raparigueiro. Seu pai tratou de espancálo.

Perguntou-lhe porque de fato saiu do seminário. Seu pai ordenou-lhe

que fosse morar no interior com a beata sua tia Bruna Coelho, fazia jus ao

nome porque tinha dentes de coelho. Ele peregrinou para o interior, rumo a

casa da velha dentuça. A velha vivia em casa, viuvá 40 anos. Seus filhos

casaram e raramente viam visitá-la. A velha corcunda e dentuça vivia

agarrada ao terço e ao missal romano. Queria livrar o rapaz das coisas do

mundo e do capiroto. O capiroto é culpado por tudo. O ser humano nada

tem culpa. O capiroto é malandro, safado, descarado e deputado federal

pelo partido dos burros.

VII

Chegando no interior. Ele conheceu uma moça de boa família. Parecia

gostar de ler, ser culta. Aliás que cultura. Ele se apaixonou. O problema da

vida é quando “xona”, não há nada mais idiota que homem “xonado”, não

há nada mais patético que mulher “xonada” Ele falou em casamento, a

menina pulou fora. Mulher geralmente, não gosta de homem certinho e

romântico. Gosta de homem bom de cama, fogoso, pegador. É difícil para

homens de família acreditar, pensam que mulher é um ser angelical, que

não solta pum, mas floquinhos de algodão. Homem romântico sofre.

Homem honesto leva chifre. A moça se chamava Das Dores. Ela gostava

de prazer e dor. De santa só tinha a cara. Virgem já não era desde os 14

anos. Seu clitóris era maior que o normal. Um cara igual ao Henrique não

dava conta do recado. Ela até gostava dele. Ele era bonito. Educado. Mas

casar? Ela era jovem tinha muito de aproveitar na vida. Henrique ficou

com depressão, tentou de o suicídio como a donzela inconsolável, bebendo

calmantes e álcool. Não morreu. Ficou uns dias internado. Das Dores

gemia com outro. Henrique ocupou-se do trabalho. Trabalhou tanto que

comprou um carro. Sua tia ficou feliz. Ela gostava de um dinheiro. As

meninas logo se interessaram. Homem bonito de carro, a perereca pula de

dentro da calcinha apertada. As ninfetas da cidade logo pensaram: “ quero

esse macho para mim” Henrique aquele paspalho caiu na lábia da primeira

vagabunda que achou na esquina, bastou mostra-lhe os peitos e a perereca

que ele caiu de boca. A menina era envolvida com o crime. Ele deu carona

a uma moça estranha, ela o levou a um lugar afastado para namorar. E lá

seus parceiros bateram no Henrique e lhe roubaram o carro. Fato estranho

é que ela tirou a roupa e ficou pelada diante do Henrique e urinou lhe na

face. Ela vestiu a roupa e fugiu no carro com seus camaradas. Na estrada

fumavam um baseado. Ela tirou o vestido e ficou pelada sentido um vento

gostoso na perereca e na bunda. É bom andar pelada em carro conversível.

Foram para outra cidade, pararam em um motel para fazer uma suruba.

Viva a liberdade. A policia deu risada de tamanha idiotice. O delegado

falou “ Amigo com dá carana para uma moça que nunca viu nada vida?” os

policiais riram tanto quanto Henrique lhes contou que ela urinou na sua

cara. Tempos depois a policia achou seu carro na cidade vizinha, apenas os

pedaços os quais ele vendeu para um ferro-velho por 450 reais. Com o

dinheiro comprou uma bicicleta. Com a qual ia para o trabalho. É bom

andar de bicicleta faz bem para a saúde, só não pega periguete quem anda

de Bike.

VIII

Henrique continuou seu trabalho no agronegócio e estudava veterinária,

ele comprou outro carro. Ele sempre ia na igreja. Todos gostavam dele,

embora soubessem que ele era um idiota. Ele ainda sonhava com a

princesa. Pensava em acha uma mulher culta, educada, que falasse francês,

que tocasse piano, pura e perfeita. Uma mulher que não soltava pum. Nem

mesmo um simples e delicado pum. Ele sofria muito. Os românticos

sofrem. Muitos românticos alisam seus chifres diante do espelho.

Terminado seus estudos de veterinária e agronegócio. Foi dedicar-se a

escrever. Não conseguia vender livros já que brasileiro não gosta de ler. No

Brasil quem é escritor pode morrer de fome. Tem de escrever algo que dá

dinheiro,morte e tragédia dá dinheiro. Só vende jornal que fala de

desgraça. Pornografia e futebol vende bem. Religião vende bem quando

fala de cura e prosperidade. Noticia de padre tarado vende bastante jornal.

Estupro vende bem, roubo vende bem, guerra vende bem. Falar de paz e

coisa boas é chato. Seu amigo reitor ligou para falar com Henrique, os dois

conversaram por horas. O reitor gostava muito dele e o considerava o

último dos santos que peregrinava na face da terra. Dizia ele “ tenha

cuidado meu filho, o mundo é um labirinto de espinhos. Nossa vida é

desviar-se deles.”

IX

Finalmente encontrou uma moça de família, quase perfeita. Tocava piano e

falava francês. Mas soltava pum. Ela era um pouco obesa. Mas sua tia e

seus pais apoiavam o casamento. Seu nome era Roberta Godonha.

Apelidada na escola de Roberta Gordonha. Roberta era uma boa pessoa

alegre. Comia de tudo. Enquanto as meninas compravam um sorte cascão

ela comprava o pote de um quilograma. Era católica. Pura e casta.

Defensora da moral e dos bons costumes. Considerava a fome um pecado,

por isso comia bem. Henrique ficou noivo. Roberta estava feliz. Ela não

tinha outra chance. A oportunidade era casar-se com aquele idiota ou ficar

solteira. Só que o paspalho conheceu outra pessoa. Fernandinha do

bumbum arrebitado. Mulata do sorriso maroto e perfume mágico, perfume

enmacumbado. Pegava macho pelo perfume. A menina era musa do

carnaval da cidade. Desfilava mostrando seu belo corpo. Suas tetas eram

tão bonitas que pareciam obra de arte. Seu corpo perfeitamente depilado,

deixava os rapazes loucos. O cabelo dela era cacheado. O pênis de homem

fica automaticamente ereto logo que vê uma mulher sensual. É

involuntário. É automático. Olhou, subiu. Foi o que aconteceu com

Henrique. Mulher gosta de ser vista. Mulher não gosta de passar

despercebida. Henrique estava passando na rua quando viu a moça

ensaiando o samba para o carnaval. Ele logo começou a gostar de samba.

Esqueceu o piano e o francês. Ele agora era negro e brasileiro. Ele dormia

e acordava pensando naquele bumbum. Sua vida era pensar na bunda da

Fernandinha.

Roberta queria emagrecer por isso falou com sua mãe que lhe indicou

cabocla benzedeira. A benzedeira fez para ela “ Mandinga diet shake”

O preço cobrado foi 50 reais e duas garrafas de pinga. Roberta tomou,

contudo, de nada adiantou. Ela continuou comendo 15 cachorros quente ao

dia. Reclamou na benzedeira foi até no Procom. A benzedeira informou

que o Mandinga diet shake não faz milagre se não seguir a dieta.

X

Henrique rompeu laços com Roberta Godonha e foi atrás de Fernanda.

Fernanda era do balacobaco. Levou o retardo para o caminho da perdição e

da curtição. Baladas, bebidas e muito baseado. Os dois frequentavam

praias de nudismo. Henrique e Fernandinha andavam de madrugada

pelados de bicicleta. Era algo bonito de se ver. Eles andavam pelados de

bicicleta a noite na praia de Bertioga e Indaiá.

Fernanda gostava de dormir com dois homens. Henrique aceitava numa

boa. Ele vendeu um carro e comprou uma moto. Uma motocicleta. Uma

lambreta. Ele empinava sua moto. Chamava no grau, como dizem os

motoqueiros. Fernanda andava na garupa com um shortinho e seu bumbum

ficava empinadinho na moto. Os homens olhavam. Ele gostava de dançar

pelada no carnaval. Ripa na chulipa. Ela levava o sexo a sério. Para ela

transar e dançar era a coisa mais importante da vida. Ela gostava de um

baseado. A moto de Henrique relinchava quando ele acelerava, como um

cavalo selvagem. Entretanto ele sofreu grave acidente de moto.

XI

Pilotando bêbado com Fernanda na garupa ele bateu a moto em uma

arvore. Fernanda faleceu no acidente. Ele ficou dias internado. No hospital

recebia visita dos crentes evangélicos. Ele se converteu. Virou crente.

Ficou triste por causa do sexo da Fernanda. Ele sentia falta. Sempre

aparecia uma irmã da igreja para consolar-lhe. Parou de fumar maconha e

cheirar cocaína. Virou pastor. Agora ele era santo. Ajudou muita gente, o

que ia contra os interesses da igreja a qual pertencia. Conheceu uma

cretinha, bonitinha mas não fazia o que Fernando fazia. Ele deu dois tapas

no bumbum dela e disse: “ Muito obrigado mas não preciso muito dos seus

serviços, faço um curso, especialize-se”

Henrique percebeu que os pastores da igreja eram ladrões de marca maior.

Envolvidos com politica, pegavam dinheiro de dízimos, lavavam dinheiro

de trafico de drogas, roubo de carros, sequestro de pessoas, roubo de

bancos. Ele ficou decepcionado.

XII

Pensando em Fernanda ele se masturbava todo dia. Quatro ou cinco vezes

por dia. Quando foi pagar uma conta de luz para sua tia fez uma aposta na

loteria e ganhou 100 milhões de reais. A beata sua tia ficou feliz porque ele

voltou a ser católico. Henrique e sua tia fundaram a associação “mendigo

bem vestido” ajudavam moradores de rua e viciados em craque.

Todos os mendigos da cidade eram agora bem vestidos com terno e

gravata, outros com smoking. As mulheres recebiam vestidos bonitos e

bolsas de couro para guardar as pedras de craque. A cidade ficou famosa

no mundo inteiro como cidade do mendigo bem vestido. Isto começou a

incomodar a prefeitura que parou de lavar dinheiro através das marmitas

que a mesma oferecia aos mendigos. Cada marmita da prefeitura custava

300 reais aos cofres públicos. O prefeito pensou em mandar matar

Henrique sua tia beata.

XIII

O milionário Henrique ficou famoso. Sua fama era grande. Neste ínterim

sua tia bateu as botas. Henrique ficou triste. No dia do enterro da velha

santa beata o prefeito lhe deu uma maça envenenada mas Henrique

recusou e a deu a um morador de rua que esticou a canela. O prefeito

alegou que o homem já tinha problemas de saúde e que a maçã ele a pegou

de um pomar que estava num terreno invadido por um boliviano. A policia

cortou o pé de maça e deu uma surra no boliviano que foi deportado para

seu país de origem. A velha foi considerada santa. Beatificada.

XIV

Como Henrique deu 90 % de sua riqueza aos pobres seus inimigos o

acusaram de loucura. Ele foi internado num hospício. Lá recebia choques

elétricos. Cada vez que recebi um choque elétrico seu pênis ficava ereto e

cada vez crescia mais. As doidinhas do hospício logo se interessaram.

Henrique nunca transou tanto. Até as médicas, enfermeiras, psiquiatras e

psicologas queria transar com ele na hora do break. Algumas psicologas

faziam hora extra, só para transar com Henrique. Os médicos enciumados

ameaçaram lhe cortar o pinto. Henrique fugiu. As mulheres saíram

correndo atrás dele eram cerca de 200 mulheres e até alguns homens

queriam que ele voltasse. Ele ficou escondido na casa da Roberta

Godonha. Assim que ele a viu seu pinto encolheu. Ele brochou. Roberta

era muito intelectual ela usava um óculos fundo de garrafa. Roberta

gostava dele. Ele gostava da Roberta como uma amiga. Depois de uns dois

meses escondido na casa da Roberta ele decidiu que era hora sair daquele

lugar.

XV

Roberta foi concertar a antena da televisão no telhado e sem querer

escorregou e caiu em cima do Henrique. Com uma pancada dessas na

cabeça. Ele ficou completamente maluco. Andava pelado pelas ruas da

cidade. Gritando. Gostava de andar pelado de bicicleta. Como ele era

muito famoso. Por ter sido milionário e ter dado sua riqueza para ajudar os

pobres. Os políticos da cidade decidiram matá-lo. Um vereador

atropelou-o com seu carro. O medico legista logo reparou que o defunto

estava muito bem depilado e era muito bem dotado. O enterro do Henrique

foi uma comoção na cidade. No velório tinha mais de 02 milhões de

pessoas. Seu caixão foi levado pelas ruas da cidade. O dia de sua morte

virou feriado municipal e estadual. Ganharam muito dinheiro. O bom

jornalista é aquele que ganha dinheiro com a desgraça dos outros. A

desgraça dos outros é a matéria-prima do jornalismo. A Igreja viu que

estava dando grana, beatificaram e logo virou santo. Livros, camisetas,

estátuas, canecas. Os evangélicos viram que a grana estava rendendo logo

fizeram livros sobre o Henrique.

A coisa toda deu muito dinheiro. A cidade tinha um herói, um santo.

O ultimo dos santos. Quando Henrique morreu o povo da cidade fez uma

homenagem, todos tiraram a roupa e saíram pelados de bicicleta. Este fato

ficou famoso no mundo inteiro. Os americanos seguiram o exemplo dos

brasileiros e todo o povo americano começou a sair pelado de bicicleta.

Criaram o Naked Bike Day. Dia 10 de Outubro eles saem pelados de

bicicleta. Todos os anos. É algo bonito de se ver. Parece uma procissão

religiosa. Dos Estados Unidos o costume de andar pelado de bicicleta se

espalhou por todo o mundo. Europa, África, Asia e Oceania. Por isso em

todo mundo, oito bilhões de pessoas saem pelados de bicicleta pelo

mundo. Graças a um costume de um brasileiro. Alguns ficam pelados sem

se depilar, acho isso grotesco.

Os religiosos afirmaram que andar pelado de bicicleta não é pecado. O

congresso americano aprovou uma lei que permite as pessoas andarem

peladas de bicicleta.

XVI

Depois que Henrique morreu Roberta foi no médium para falar com ele.

O fantasminha apareceu. Henrique lhe contou como morrera e que não foi

acidente. Foi o vereador Paulo da honestidade quem o matou. Henrique

falou a Roberta para ela fazer cirurgia bariátrica, uma plástica e casar. Ela

falou que as pessoas tem de gostar dela assim como ela é. Henrique

retrucou: “ vai ficar solteira.” Roberta contou a policia que não foi

acidente, a policia prendeu o vereador. O vereador pagou propina ao juiz e

foi solto. Atropelou o médium. Que também morreu. Outro acidente.

Roberta atropelou o vereador que também morreu. Outro acidente.

Segundo as estatísticas de transito a cidade de Beócio, tem alto índice de

atropelamento.

FIM.

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Pescadores da liberdade

Autor: Davy F. Almeida

I

Na prisão federal na costa do Brasil estão três homens Alberto, Adalto e

Valdo. Além deles há muitos outros. Houve uma grande rebelião. Uma

fuga em massa. Muitos foram mortos pelos guardas. Alguns morreram

afogados. Os três amigos nadaram muito e foram salvos por um barco de

pescadores e levados para uma ilha distante.

Os três homens eram médicos e participaram da grande revolta colonial no

Brasil, liderada por um dentista. Presos políticos.

Chegando na ilha são tratados por curandeiros. Ao voltar sua consciência

alguns dias depois eles se recordam de tudo que ocorreu.

A ilha é habitada por negros fugidos do cativeiro nas fazendas do Brasil,

índios e brancos fugidos da Europa por perseguições politicas e religiosas.

O administrado da ilha é Henrique da Gama antigo marinheiro do reino de

Portugal, pirata na costa do Brasil. Amigo do franceses e holandeses. É

procurado em Portugal e no Brasil. Vivo ou morto. Henrique é perito na

arte da guerra, conhecedor de técnicas de combate militar.

Os três homens são apresentado a ele. Conta-lhes suas histórias. Começam

a cuidar de alguns moradores e ganham um barco de pesca. Atividade que

todos na ilha devem fazer para lutar por sua subsistência.

Todos os dias eles saem para pescar com outros barcos dos moradores da

ilha. Casam -se com mulheres do lugar. A ilha é um lugar organizado onde

diferentes culturas vivem juntas em progresso social.

Todos trabalham, independente de sua origem ou posição social. Todos

tem suas casas. A ilha perdida no coração do atlântico é raramente avista

por navios ao longe. Marinheiros julgam- na assombrada.

Todos vieram fugindo do sofrimento e procurando melhor destino.

Os jovens médicos ajudam a salvar um morador vitima de uma cobra

cascavel. Lá os dias passam belos em meio ao mar. Contudo, não é o

paraíso. Os moradores sofrem com doenças, dores de dentes e excesso de

trabalho. Alguns negros morreram sonhando em nadar até a Africa.

Distante da ilha uns cinco mil quilômetros.

II

Um belo dia muito tempo depois, apareceu pela manhã ao longe. Depois

que a nevoa baixou, um grande navio. Os moradores ficaram assustados.

Era a imagem do mal, da morte, da desgraça e da escravidão. Henrique da

Gama foi observar sozinho. Constatou que se tratava de um navio de

escravos que vinha da Africa e se perdera no caminho. Foi sozinho

observar. Talvez estivessem com alguma doença no navio. Os moradores

pegaram seus barcos e foram até o navio. Ao entrarem no navio negreiro,

todos estavam mortos. Morreram de doenças e da fome por que ficaram

perdidos no oceano sem alimento. O capitão Henrique ordenou que todos

os corpos fossem retirados do navio. Ele assumiu o comando do navio,

ergueu as velas e em local distante jogaram os corpos do negros e dos

brancos no mar. Limparam o navio. Agora os habitantes da ilha tinham um

grande navio ao seu serviço. Não apenas barcos pequenos de pesca, mas

um navio com capacidade para cruzar o atlântico. Com este navio foram a

costa do Brasil trocar ouro por roupas e alimentos.

III

O navio despertou em Henrique seu antigo espirito de corsário. Ele fora

um grande pirata junto com os franceses e ingleses. Junto com alguns

negros e índios eles montaram um grupo que começou a pegar cargas de

navios que cruzavam o atlântico. Não matavam a tripulação,apenas

levavam a carga. Cada vez mais a ilha se enriquecia com cargas das

colonias que deveriam seguir para a Europa. Os três médicos pescadores

repreenderam o capitão por suas atividades piratas. Poderia chamar a

atenção e descobrirem a localização da ilha. Alberto e Adalto começaram a

organizar uma administração na ilha. Dividir as tarefas de trabalho e

estabelecer juízes. Geralmente homens letrados para exercer esses funções.

Depois de muito tempo a ilha tinha uma organização social. Possuía

escolas, as diversas religiões eram toleradas. Os negros praticavam sua

religião, os índios praticavam seus rituais e os europeus catolicismo e

protestantismo. Começou a surgir um modo de falar próprio daquele lugar.

Os filhos e netos já eram um povo. Filhos da mistura de três etnias.

Negros, índios e europeus. O capitão Henrique era o chefe militar da ilha,

ele começou a fazer um sistema de defesa da ilha. Criando fortes e

trazendo canhões do continente. Instalou canhões na ilha e em seu navio.

Comprou milhares de espadas e armas de fogo. Treinava os moradores

para uma possível guerra. Todos tinham de ser treinados homens, mulheres

e crianças.

IV

Valdo estava pescando em seu barco quando uma tempestade surgiu. Ele

foi levado pelo vento. Valdo desapareceu. Todos os moradores da ilha

foram a sua procura no mar. Não o encontraram. Alguns dias depois seu

corpo foi visto na praia. Foi enterrado na ilha. Todos os habitantes foram

ao seu enterro. Ele havia tido um filho com uma índia. O pequeno Tomás.

O capitão Henrique partira com seu navio até ao continente para vender os

produtos da ilha. A ilha vivia de vender produtos da pesca, mariscos e

frutos como goiaba, manga e coco. A ilha era agora um lugar

relativamente organizado com uma economia frágil.

V

Marinheiros descobrem a ilha por acaso. Um navio mercante que desviara

de sua rota avistou a ilha. Sua localização foi encontrada. Os marinheiros

foram bem recebidos na ilha. O capitão Henrique e seu grupo não estavam,

senão teriam roubados a carga. Alberto e Adalto eram muitos ingênuos.

Além de ajudarem os marinheiros, permitiram sua partida. A ordem do

capitão Henrique era que navios desconhecidos não poderiam retornar ao

seu destino com a localização da ilha. Se não pudessem tomar o navio

deveriam afundá- lo. A tripulação deveria ser executada para não revelar a

localização da ilha. Os marinheiros ao chegarem ao continente revelaram

ao governo a localização da ilha. Era uma ilha de negros fugidos do

cativeiro, índios e brancos renegados da sociedade. O governo enviou uma

esquadra para tomar a ilha.

VI

Assim que soube do ocorrido, o capitão Henrique ficou furioso. Começou

a organizar uma esquadra. Todos os homens acima de 12 anos de idade

deveriam lutar. Todas as mulheres acima de 15 anos deveriam lutar na

guerra. Ele era muito experiente e sabia que o governo iria tentar tomar a

ilha. Depois de muito treinamento. Três meses depois a ilha foi cercada de

navios de guerra. Como a ilha era cercada de pedras o que impedia que

navios de grande porte se aproximassem dela, este fator dava uma

vantagem aos moradores da ilha. Com canoas, caiaques, e outros barcos

pequenos lhe davam mais agilidade. A luta foi sangrenta. A ilha disparou

seus canhões. Depois de cinco dias de guerra. Com muitos navios

afundados. A esquadra retornou ao continente. Derrotada. A ilha enterrava

seus soldados mortos.

VII

Alberto, Adalto e o capitão Henrique escreveram uma constituição para a

ilha e uma declaração de independência. Os documentos foram lidos para

todo o povo. Com seus seis navios que a ilha possuía foram até o

continente entregar a cópias do documento ao governo. No continente

contaram ao povo sua história e recrutaram mais pessoas para lutar pela

causa da ilha. Começaram a propaganda da ilha no continente. O governo

recebeu o três lideres da ilha no palácio e os documentos. Retornaram em

paz a ilha.

VIII

O rei era simpático a causa da ilha, uma vez que uma pequena ilha não iria

incomodar a economia do reino. Seria bom que o povo visse que o

governo era bom e democrático. O rei não queria enviar novas expedições

militares para a ilha. Entretanto os grandes comerciantes e os latifundiários

foram pressionar o rei para aniquilar a ilha. As acusações eram que os

moradores da ilha praticavam pirataria. Roubavam navios de carga indo ou

vindo da Europa. Era uma ilha de piratas. O próprio capitão Henrique era

uma antigo marinheiro expulso da marinha e praticante de pirataria. Era a

obrigação do rei defender seus súditos. O rei não se convenceu.

O rei aceitou a declaração de independência da ilha. Os moradores da ilha

fizeram festa da independência. Criaram bandeira, hino nacional. Eles

agora tinham uma identidade própria. O nome do seu país na língua nativa

era algo como Baharash. Segundo a lenda Baharash foi o primeiro

pescador da ilha. Os negros e os brancos não eram os nativos, foram

acolhidos pelos nativos. Os indígenas eram nativos. A ilha de pescadores

era algo um país independente. A ilha de Baharash era independente.

IX

Passados muitos anos o velho rei faleceu. Novo rei se levantou em seu

lugar. O novo rei entendia que a ilha era parte do reino e do continente e a

mesma deveria ser anexada ao continente. O novo rei enviou mensageiros

a ilha. Convidou Aberto e Adalto para dialogar com ele no continente. Já

com uma idade mais avançada Alberto e Adalto aceitaram o convite do

novo rei e foram ao palácio real. Chegando lá após o jantar, foram presos.

Em cela no próprio palácio. O novo rei enviou poderosa esquadra para

destruir a ilha. O capitão Henrique já velho achou muito estranho a demora

no retorno dos governantes da ilha. Pediu que todo os moradores da ilha

pegassem em armas para lutar. Sua experiência militar não falhava nunca.

Dias depois ao longe se avistava a poderosa esquadra com reforços da

Europa. Os moradores assustados e decididos lutar até a morte. Depois de

uma batalha naval de três dias. A marinha da ilha de Baharash fora

derrotada. O capitão Henrique preso e levado ao continente para ser

enforcado. A ilha fora tomada. Todos os moradores da ilha agora deveriam

obedecer ao rei no continente. Os negros da ilha seriam vendidos como

escravos. Eles que eram livres e educados. O mesmo destino para os

índios. Os brancos da ilha deveriam ser mortos como traidores do reino,

piratas e ladrões. Muitos se suicidaram pulando dos navios no mar,

estavam amarrados com cordas.

X

Alberto, Adalto e Henrique foram enforcados em praça pública como

piratas. O povo do continente se rebelou contra tamanha tirania. Uma

guerra civil eclodiu no continente por causa da ilha. O novo rei era um

covarde e tirano. A ilha foi inteiramente destruída. Quase todos seus

moradores foram vendidos como escravos para os latifundiários. Os

brancos da ilha eram assassinados com tiros,golpes de espada ou na forca.

Os rebeldes do continente continuaram sua luta por liberdade e constituir

uma republica, libertar os escravos e libertar o povo dos latifundiários.

Entretanto, as forças armadas daquele país exercito e marinha eram

corruptas. Elas eram pagas com o dinheiro do povo para defender o povo,

mas devido seus bons salários e pouco trabalho apoiaram o novo rei e os

latifundiários. As forças armadas não aderiram a causa republicana e a

libertação dos escravos. Acostumados a sua posição social privilegiada.

Sendo que riqueza é também fruto de uma posição social, não necessária

mente de trabalho e produtividade, menos a ainda de estudo.

Depois de dois anos de guerra civil. Os rebeldes foram subjugados. Todos

sem exceção enforcados. Os filhos do rebeldes feitos escravos brancos.

Reinava e venceu a tirania e a corrupção.

XI

Duzentos anos depois tudo isso virou história, rendeu muitos livros, filmes

e peças de teatro. Aquele país continental continua corrupto. Sempre quem

é honesto não tem como pátria este mundo. Porque toda riqueza humana é

fruto da maldade humana contra seu próximo. Seja fruto da escravidão no

passado. De ter de pagar menor salário ao empregado para obter maior

lucro. Ter de sonegar impostos. Algum tipo de corrupção deve ser feita

para enriquecer. Assim é a humanidade. A industria cultural se apropriou

da história desses homens que lutaram por liberdade. Fizeram estátuas dele

na entrada da capital. Colocaram seus nomes em ruas e avenidas. Filmes

de cinema renderam milhões. Histórias românticas de liberdade e

felicidade vendem muito. Próximo da estação República do metrô, um

camelo vendia um DVD intitulado Pescadores da liberdade. Pirataria pura.

FIM

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Contos de terapeuta

Assim que me formei resolvi abri meu consultório. Meu pai me ajudou

com o dinheiro. Encomendamos uma placa bem bonita “ Clinica de

psicologia doutor Rafael” pagando, atendia todo tipo de gente.

Yellow press

Meu primeiro cliente, digo cliente porque para mim ninguém é paciente,

foi um jornalista. Ele trabalhava na televisão e escrevia para jornais

sensacionalistas da capital. Ganhava dinheiro com a desgraça dos outros.

Abutre comedor de carniça. Ele estava com problemas conjugais. Frescura

de gente rica. Casal pobre não tem esse tipo de frescura. Pobre que é pobre

resolve as coisas na delegacia, faz barraco na delegacia. Mulher que dá

facada em marido chifrador. Homem que mete bala em mulher e amante.

Barraco, tapa na cara, cuspe na cara, treta, baixaria, criança chorando,

gentinha alvoroçada, gritaria, policia e programa de televisão filmando

tudo. Rico não é assim, frescura, se a mulher está sendo traída poucos

ficam sabendo. Pobre escancara para o mundo. O jornalistazinho de merda

entrou no meu consultório até alegre. Ouvi suas histórias particulares

ridículas. Sou para por este gente para isto. Ele era gay e não queria que a

mulher e os filhos soubessem ele estava tendo um relacionamento com um

ator de novela. Figurava de machão na televisão em programas de

conteúdo policial. Não sei como não tinha vergonha de colocar um

programa ridículo daquele no ar, para analfabetos assistirem. Falava mal

de bandido como se fosse justiceiro. Vestia até a farda da policia. O que ele

gostava era de levar cacete. Não sei como gente sem estudo consegue

assistir este tipo de programa. O fato de eu saber que um ladrão roubo uma

moto não muda em nada minha vida, isto é assunto de policia. Mas o

povinho gosta desse tipo de programa. O jornalista contou sua triste

história de Great Pretender ou o grande fingidor. Vida dupla. Recomendei

-o a sair do armário, ele ia perder talvez o respeito da mulher e dos filhos,

mas ia ganhar dinheiro na mídia. História de famoso da televisão que

revela ser gay dá muita audiência e dá muita grana. Algum tempo depois

bombou na mídia “jornalista casado revela ser gay” vendeu muita revista

de fofoca e site de fofoca viralizou.

Eu não me interesso por vida de ninguém, sou um comerciante ou melhor

psicologo. O fato é que o jornalista está feliz e hoje apresenta programas

de fofocas sobre artistas. Meu trabalho é deixar o cliente feliz.

Da justiça

Eu só atendia rico ou classe média. Para quem romantiza a medicina

achando que médico é bonzinho fico com pena. A medicina é um comercio

que movimenta trilhões de dólares. Todo médico ganha bem e trabalha

pouco. Enfermeiro ganha mal e trabalha muito. Certa vez entrou um

advogado em minha clinica querendo terapia. Advogado criminalista, porta

de cadeia, ele defendia bandido. O advogado é um comerciante. A justiça é

também comercio, movimenta bilhões de dólares. Ele queria largar a

profissão de advogado, as vezes se sentia culpado. Eu falei para ele se

sentir culpado não dá dinheiro. O trabalho dele era aquele. As pessoas

romantizam muito as profissões. Querem ser felizes no trabalho. Trabalho

não é para ser feliz, é para ganhar dinheiro e sobreviver. Profissão é

comercio. É assim a vida. Precisamos deixar de ser infantil e romântico.

Eu disse a ele que não se sentisse culpado. Ele também poderia fazer boas

coisas em seu trabalho. Cliente curado. Realidade aceita.

Da religião

Eu sempre pensei que religião é comércio. Na verdade eu tenho certeza

disso. Eu nunca esperei que um dia fosse entrar um pastor em minha

clinica. Será que o deus dele não podia curá-lo? Será que o deus dele não

tinha essa capacidade? Gente religiosa ou fingindo religião sempre vai ao

médico quando está doente. Eles tem medo de ir para o inferno por causa

de seus pecados. Aliás, inferno é um conceito ridículo. Vem da cultura

grega ou Hades. É irracional. O que Deus iria ganhar se a pessoa ficar a

eternidade queimando no inferno? Deus quer a salvação e recuperação de

todas as almas. Imagina que uma pessoa cometeu pecado em corpo de

carne e osso e agora tem de pagar com um corpo não-biológico por toda

eternidade. Esse povo não sabe o que é eternidade. Um inferno deles é

mais uma vingança. A ideia de uma alma queimando chega ser patética.

Poucos sabem que o conceito de inferno foi usado para assustar os

camponeses na antiguidade e idade média: “ ou você aceita minha fé ou

passará a eternidade queimando no inferno” outros usam Jesus “ ou aceita

Jesus e começa ir na minha igreja e dar o dizimo ou passará a eternidade

no inferno” “ ou faz o que eu quero e frequenta minha igreja ou passará a

eternidade no inferno” em tom de ameaça: “ ou passará a eternidade no

inferno”. No céu desse povo só entra quem eles querem. Segundo eles todo

budista, judeu, espirita, kardecista, umbandista, muçulmano, hinduísta

católico enfim 90% da humanidade vai para o inferno. Resolvi atender o

tal pastor. Ele dizia ser pastor. Ele me contou que se sentia culpado

desviara dinheiro de obras sociais. No Brasil é a moda das ongs e de obras

sociais. Funciona assim você faz um suposto projeto para ajudar a

comunidade apresenta na prefeitura e para vereadores se for aprovado sua

obra social passará a contar com recursos do Estado. Ele fez uma obra

chamada “me leve para casa” para ajudar moradores de rua. Recebeu 5

milhões de reais da prefeitura. Alugou um galpão e colocou colchões que

comprou numa loja de usados. Lá moradores de rua passavam a noite. Ele

gastou 50 mil reais na obra. Ele ficou com 01 milhão de reais e o resto foi

para vereadores e para o prefeito. Algum tempo depois o galpão foi

fechado pelo ministério publico e a vigilância sanitária. Perguntei se ele

sentia culpado. Respondeu: “ sentir culpa é para os idiotas que frequentam

minha igreja, na verdade estou aqui porque descobri que minha é lésbica”

esse povo não aceita gay ou lésbica. Pode roubar, pode matar, mas ser gay

ou lésbica é contra a bíblia. Falei a ele que não poderia ajudá-lo. Ele

deveria aceitar a moça do jeito que ela era. Deveria amar a filha e desejar

sua felicidade. Quase perguntei a ele se o deus que ele dizia acreditar não

poderia curar a moça? Já que ele achava que homossexualidade era

doença. Eu ia perguntar se o deus dele era ladrão, porque eu sabia que ele

desviara o dinheiro para ajudar moradores de rua. Ele saiu bravo da clinica

quando disse que não poderia ajudá-lo. Eu iria dizer : “ que o diabo te

carregue ou vá para o quinto dos infernos” minha educação não permitia.

Eu sempre acreditei na bissexualidade humana. Todo ser humano é

bissexual só que a gente escolhe uma pessoa para fazer sexo e companhia.

Quando você machuca o dedo dói todo seu corpo não apenas o dedo.

Quando você sente prazer sente com o corpo todo. Inclusive todo ser

humano homem ou mulher sente prazer anal. Do mesmo ponto de vista

isto é um conceito cientifico. A bissexualidade humana é cientifica.

Deus me livre de gente que se esconde atrás de religião. A religião é um

comércio e serve muito para lavar dinheiro.

O mestre de obras

As pessoas pensam que terapeuta é Deus e que pode resolve todos seus

problemas. Meu objetivo primeiro é através deste trabalho conseguir meu

sustento e de minha família. Ninguém trabalha por esporte. Certa vez

entrou aqui um mestre de obras. Um camarada de edificações. Me falou de

problemas em seu trabalho, relacionamento com colegas de trabalho. Ele

contou que certa vez bravo com um dos pedreiros que faltou ao serviço

deu lhe uma martelada na cabeça. O homem era grande e forte. Fiquei até

com medo. O homem era bravo. Pensei em dar lhe um sossega Leão. O

homem tinha uma natureza difícil. Eu falei para ele, precisa ter paciência,

não se resolve as coisas com brutalidade. Ali não era caso de psicologia

mas de psiquiatria, penso que aquele homem era caso de policia. O povo

devido a luta pela sobrevivência tem lutar e se torna agressivo. É a

natureza. Em um país corrupto, pessoas com fome e em trabalhos braçais

potencializa a violência. A falta de educação do povo contribui. O povo é

violento na rua, no bar, na politica, no transporte publico e até na igreja.

A religião da raça cabocla e mestiça brasileira é um misto de

curandeirismo, cristianismo, umbanda e candomblé. O brasileiro não é

mestiço apenas na cor da pele, somos de fato um país de pardos. Somos

mestiços na religião, nossa religião é uma salada. Mas este povo é sempre

pavio curto e explosivo. Religião não muda caráter. Ainda mais religião de

gentinha. Fiquei com medo daquele bruta montes. Este povo anda com a

bíblia e com revolver. Tive medo. Pagou pela consulta e se não pagasse

não o atenderia. Aqui na minha clinica pagamento adiantado.

A Freira

Eu não sei se esse povo tem um deus fraco e perdedor, mas pessoa

religiosa é a primeira a buscar auxilio da ciência. Certa vez recebi aqui

uma freira. Gente religiosa é vagabunda e gosta de viver do dinheiro do

trabalho dos outros. Gosta de viver da caridade dos outros. Gosta de dizer

que é bonzinho. Gosta de pedir seu dinheiro para ajudar os outros. Ajudar

os necessitados com dinheiro dos outros é tarefa fácil. No Brasil tem obra

social para tudo: cego, cadeirante, idoso, Down, morador de rua, mãe

solteira, manco, coxo, aleijado, surdo, mudo, flatulento, zarolho. As

pessoas não sabem mas deficiência não é doença. Gravidez não é doença,

velhice não é doença. O governo dá bilhões para empresas de ônibus

subsidiando passagens de ônibus para idosos. Tudo é motivo para não

trabalhar e se fazer de coitadinho. As obras sociais são apenas para fazer

corrupção. Ninguém ajuda ninguém, as pessoas são muito ingenuas. A

freira chegou num belo carro, carro zero quilometro. Obesa. O carro se

sentiu aliviado quando ela desceu. Me contou sua história. Fiz a avaliação.

A vida em convento é muito chata. Comer e dormir. Fazer a limpeza do

convento. Me falou de sua filosofia. De sua falsa religiosidade. Chorou

como atriz de novela. Eu seu que esse tipo de gente é especialista em

fingir-se de santo. Me contou seus contos eróticos, dos seus namorados

antes de ser freira. O Brasil parece parado no tempo com velhos conventos

e freiras peludas. Ouvi pacientemente como bom profissional graduado na

Suíça. Gentinha religiosa pensei. Fui com ela educado. Eu sou homem

educado. Ser educado é ser fingido? É dizer o que não pensa? Se você

disser o que pensa, perde o cliente ou paciente. Não existe esse negócio de

paciente, em qualquer estabelecimento médico você é um cliente. Ela me

falou que precisava de ajudar por que tinha vicio em celular. Eu falei “

nada demais, é vicio da sociedade moderna” recomendei mas 10 sessões

de terapia. Gente que não tem que fazer é viciada em celular e internet.

Aquela mulher precisa emagrecer questão de saúde. Emagrecer não é para

vaidade, mas para saúde. Talvez fosse frustrada por não fazer sexo e

descontava na comida, já que ninguém comia ela. Sexo é da natureza

humana. É algo natural. Todo ser humano existi por causa do sexo. Se

nossos ancestrais não fizessem sexo a humanidade não existiria. A religião

continua com conceito ridículo de castidade. Não existe lei ou religião

contra a natureza. Foi embora a bruaca religiosa. Antes de ir soltou um

pum em minha clinica, tive de abrir portas e janelas. Dei graças a Deus que

foi -se embora.

A Criança travessa

Certo dia recebi aqui uma mulher rica com seu filho mimado. Ela me

contou que o menino era terrível. Traquinas, aprontava muito. Batia na

cara da professora, batia nos empregados. Fazia birra para comer. Na igreja

se comportava muito mal. Na primeira comunhão deixou cair ao chão a

sagrada bolachinha e mandou o padre pegar do chão por favor e disse que

ao padre por gentileza para o padre lhe dar outra, porque sua mãe ensinoulhe

que tudo que cai no chão tem bactérias e ele não comia nada do chão.

A mulher não dava educação ao filho e culpava a criança. Ela não corrigia

o filho. O culpado era pai, a escola, a própria criança e a sociedade. Não

me contive: “ minha senhora seu filho não tem problemas mentais, a

senhora precisa disciplinar a criança. Corrigir é educar. Seu filho é seu

espelho, a criança é espelho da família que tem” ela ficou chocada. O fato

é que se a criança tem comportamento inadequado é porque na casa dela é

assim. Educação vem de berço. Não há psicologia contra isto. O menino

não tinha obrigações, os empregados faziam tudo para ele. Sua tarefa era

mandar e jogar videogame e ficar no celular. Primeiro que celular não é

brinquedo para se dar a criança. Ela indignada com minhas orientações me

falou: “ não volto mais nesta clinica, não preciso aprender a ser mãe e você

que me ensinar a ser mãe” eu educadamente respondi: “ por favor procure

um profissional que te agrada, obrigado. Tchau”

A maternidade não é apenas algo biológico. A mulher precisa aprender a

ser mãe, ninguém nasce sabendo. Tudo na vida é aprendizado. É preciso

aprender a ser mãe e mulher. É preciso aprender a criar os filhos. Mulheres

ricas podem ser soberbas e não aceitar conselhos. Tudo isto é arrogância, e

a arrogância é mãe da ignorância.

O politico

Recebi uma vez um jovem deputado. Eu não recebia esse tipo de gente.

Mas cliente é cliente. Pensei que se tratava de algum problema sério. Ele

de risadas. Deputado : “ não meu caro, eu não faço terapia isso é frescura

de gente idiota, de gente romântica e fraca, meu negócio é dinheiro.” eu

riu: “ terapia eu? Terapia para um deputado?” deu gargalhadas tão altas

que o advogado e o dentista que tinham consultórios ao lado do meu

vieram ver o que estava acontecendo. Na verdade me veio propor em usar

minha clinica de psicologia para desviar e lavar dinheiro público. Seu

projeto social era “ pobre doidinho, tem jeitinho” minha clinica receberia

pacientes do SUS a custo de dois milhões de reais por anos. Um milhão

iria para ele, o nobre deputado. Pensei em chamar a policia, desisti porque

politico no Brasil não fica preso. Politico pode ser preso,mas não fica mais

que três meses na cadeia. Cadeia no Brasil é para pobre. Classe média que

tem grana não fica preso. Nas cadeias do Brasil tem gente muito pobre,

negro e na sua maioria pardos. Alguns poucos traficantes ricos. 99% é

pobre. Se um camarada rico dirigindo sua BMW bêbado atropelar alguém

um ciclista, não ficará preso. Eu nunca vi até hoje no Brasil rico ou classe

média preso. Eu disse educadamente: “Não meu nobre deputado, mas se

precisar de terapia estarei aqui, passar bem” ele saiu rindo em voz alta

dando gargalhadas. “ terapia eu? Politico no divã! Doutor Rafael você é

um comediante ! , doutor Rafael você é humorista!” deu um risada tão alta

que o povo todo na calçada ficou olhando. Deu ataque de riso nele ele não

conseguia parar de rir. Entrou em sua Mercedes Benz e foi embora. Limpei

tudo com álcool assim que o homem foi embora. Deus que me livre de

politico ! Ascendi incenso para purificar o local. Essa gente tem algo de

ruim, algo de pesado, que fica no ambiente. Afaste- se de mim satanás !

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Columba Livia, A grande guerra pombal e mundial

Menina cantando : “Pombinha Branca o que está fazendo? Lavando roupa

para o casamento, vou me lavar, vou me secar, vou para janela para

namorar....”

Quando escrevi este texto esta música era proibida, por causa dos pombos.

Os fatos narrados aqui são assustadores. A humanidade nunca imaginou

que tal guerra sangrenta fosse acontecer.

Berlim, ano de 2019. Políticos da extrema direita faziam pesquisas com

pombos urbanos em laboratórios secretos. Deram cachaça com aspirina e

drogas sintéticas ao pombo urbano e este sofreu mutação. Se tornou

inteligente, mais inteligente que a inteligencia artificial. O pombo urbano

se tornou um pombão. Os caras da extrema direita da Alemanha soltaram

esses bichos escrotos na Europa e este pombo-mutante cruzou com outros

pombos e ai fudeu o mundo todo. O pombão era grande e suas fezes eram

grandes, o bicho era inteligente. Formaram exércitos de pombos que

tinham o objetivo de dominar o mundo e matar todos os seres humanos.

O líder deles chamado de Führer, era um pombão branco com uma mancha

preta no bico que alguns diziam ser um bigode. Este bicho com suas fezes

contaminou muita gente. As fezes dos pombos continham doenças que

matavam os humanos. As pessoas ficavam com fezes de pombo na cabeça.

As ruas da Europa estavam sujas, os carros, monumentos e edifícios. Os

pombos defecavam em todos os lugares nem as igrejas e as residencias

poupavam. Era bosta de pombo em tudo que é lugar. A guerra que

começou nas Oropas e se espalhou pelo mundo. Os pombos eram metidos

e falavam em Alemão. Mães choravam a perda de seus filhos. Maridos a

morte de suas amantes. Esposas não choravam. A guerra chegou nos

Estados Unidos e os pombos invadiram o capitólio e a casa branca. O

presidente saiu correndo com um chapéu na cabeça. O mundo sofria com

bombardeios de pombo. Chegaram ao Brasil no famoso oito de Janeiro de

2023. invadiram o congresso. Foi decretada escaramuça (para os leigos

guerra, batalha, eu acho) mundial contra o pombo urbano. Qualquer

musica infantil que falasse em pombo foi proibida. Os pombos estavam em

toda parte. Nas estações de trem e metro os malandros faziam ninhos. O

pombão se reproduzia rapidamente. Os pombos acasalavam-se na frente

dos humanos, eles não tinham respeito nem pudor, eram descarados. A

velha da praça que alimentava pombos jogando lhes pipoca foi presa e

acusada de colaborar com o Império ( ou Reich) dos pombos. Muita

gente doente. Todo mundo teve de usar mascara, chapéu e guarda chuva. A

economia americana parou. O exercito dos Estados Unidos fora

convocado. Era guera total contra os pombos mutantes. Fato curioso era

que os pombos defecavam na bandeira dos países invadidos por eles.

Defecaram na bandeira americana, limparam o rabo na bandeira do Brasil.

No Brasil os pombos eram liderados por um certo Marques de Pombal,

amigo do pombão branco de bigode. A criptococose, histoplasmose e a

idiotice se tornaram epidêmicas e bilhões de humanos esticaram a canela.

As fezes dos pombos transmitem muitas doenças além destas algumas

ainda desconhecidas da ciência. A pior doença são as ideias da extrema

direita. Os caras da extrema direita tem fezes de pombo na cabeça. No

Kremlin o poderoso presidente russo morreu de criptococose. Os russos

tinham espiões treinados no reino dos pombos, o que eles não sabiam é

que lá nos telhados do Kremlin vivia um pombinho maroto disfarçado de

rouxinol. Era uma guerra biológica contra os pombos nazistas e fascistas.

Os pombos já nasciam com a suástica tatuadas na sua plumagem. Ratos de

asas, malandros dos céus. Roubam a comida de outros pássaros que

entraram em extinção. No Brasil entrou em extinção o tucano, o bem te vi

e a arara azul. Os pombos sequestravam pássaros de estimação como

papagaios e exigiam resgate. Caso não pagassem eles matavam o papagaio

com bicadas sem fim. Nem as águias lutavam contra os pombos. A partir

dai começou a se utilizar a expressão peito de pombo. Porque os pombos

mutantes eram fortes e musculosos e tinham o peitoral desenvolvido.

Alguns puxavam ferro nas academias. Faziam abdominais. Bebiam

bebidas fortes para provar que eram machos vodca, uísque e cachaça pura.

Quando bebiam estufavam o peito e faziam aquele barulho detestável de

pombo. O nome do pombo führer era Napolepombo. Ele convocou os

pombos de todo o mundo. Foram para a Alemanha pombos de todos os

continentes. Os pombos levantavam a asa direita para saudar o führer.

Führer : “ pombos de todo mundo inflai vocês peitos de pombo, porque

vamos dominar o mundo. Os humanos são oito bilhões nós somos 300

bilhões. Os humanos não tem chance contra nós. Defecai irmãos pombos

por todo o mundo”

Eles criaram um site o reichpombo.com. Neste site os pombos divulgavam

suas ideias de extrema direita. Quase tudo era fake news. Os pombos

estavam nas redes sociais também. Publicavam vídeos porno de pombos

acasalando para assustar pessoas religiosas, os pombos eram devassos.

Os ingleses criaram fios de alta tensão que davam choques nos pombos.

Não adiantou porque os pombos começaram a usar sapatos com isolante

de corrente elétrica. Os bichos eram espertos.

Construíram uma estátua em homenagem ao seu líder o pombão alemão

Napolepombo. Dominaram quase toda Europa. As fabricas de pipocas da

Europa eram agora de propriedade dos pombos.

As mulheres unidas

As donas de casa começaram a usar vassouras para derrubar pombos que

se aproximavam de seus filhos. Criaram o exercito da vassourada. Esses

guerreiras mataram muitos desses pilantras com asas.

As fábricas de chapéu e guarda chuvas nunca foram tão ricas, atualmente

ainda são algumas da empresa mais ricas do mundo.

Todo mundo usava chapéu e guarda chuva para se proteger de fezes de

pombos.

O governo americano oferecia 10 dólares por pombo mutante morto.

Entre uma dose e outra o presidente americano foi infectado e morreu.

Milhares de pessoas foram a seu enterro. No dia do enterro houve um

grande e covarde ataque de pombos. Eles se aproveitavam da fragilidade

humana. Os americanos cantavam Amazing Grace quando foram atacados.

Os franceses tentaram usar gatos para pegar pombos, mas não funcionou.

Os gatos tinham medo, é que os pombos tinham os zóios vermelhos.

Os pombos eram alcoólatras e o álcool funcionava como laxante no

organismo deles. Os pombos mutantes também podiam urinar. Parece

bizarro, mas é pura verdade. Segundo eles o álcool é diurético.

Haviam também os pombos suicidas que entravam nas turbinas dos aviões

para derrubá-los.

Aparentemente aquele seria o triste fim da raça humana. Será que alguém

imaginou que terminaríamos dessa forma? Era muito triste. Era triste você

não poder sair na rua sem ser atacado por um pilantra de um pombo

maldito. Era tudo culpa dos Alamão. Esses louros azedos criaram esses

caras secretamente em laboratórios.

Cada país dito civilizado se protegia como podia. A Europa não pode

resistir e foi dominada pelo pombão Napolepombo. O mesmo aconteceu

com a Africa e quase todo a ásia. Na África vale ressaltar que as tribos

apelaram para a tradicional mandinga e voodoo sem muito efeito nos

bichos. Na América Latina o Brasil ainda resistia. A Bolívia e a Colômbia

davam cocaína para os pombos para não serem invadidas. Muitos pombos

davam uns “tiros” no pó para voarem por mais tempo, talvez por isso

ficavam com os olhos vermelhos e estufassem os peitos. Os humanos

capturados eram levados para as Oropa, lá tinham os campos de

“concentra pombo” eram cercados de arame farpado. Os humanos eram

castigados com bicadas todos os dias e tinham de comer quirela, grão de

bico, ou milho. Tinham de dar pipoca para os filhotes de pombo

diariamente.

Os americanos não tinham esperança de vencer a guerra. Um artista

desenhou um pombo segurando a bandeira americana ao invés da poderosa

águia. Aliás, a águia americana escondeu-se nas montanhas rochosas e

falou que só voltava quando a guerra terminasse. Águia filha de uma puta

e covarde. Essas águias de hoje em dia, ficam postando fotos de valente

nas redes sociais, chega na hora da guerra, nada.

No Brasil a imagem que não sai da cabeça de nós brasileiros ferindo nosso

orgulho nacional e patriota é a de um pombo em cima da estátua do Cristo

Redentor. Fazendo o braço do Cristo Redentos de poleiro. Sabe-se também

que um pombo defecou na Estatua da liberdade. A torre Eiffel também

virou poleiro de pombo. O pombão Führer pousou no Big Bang e tirou

self. A democracia já era. Tínhamos que nos curvar ao grande bichão. O

pombão Alemão führer Napolepombo. O livro do pombão se tornou um

best seller “ mein Kampf” traduzido para o inglês como “ my little

holeass” em português “ minha cauda” ou conforme alguns “meu rabo”

A força dos bichos estava no rabo, eles tinham o poder das fezes mortais

pombalinas. Os pombos não gostavam muito de trabalhar por isso

escravizavam humanos e outras espécies como papagaios.

Os pombos tinham inveja dos papagaios e quase dizimaram a especie.

A Espanha.

Grande e respeitada seja a Espanha. Os espanhóis voltaram a ficar

gripados. A gripe espanhola que matou milhões de humanos e índios nas

Américas. Agora seria ela usada contra os pombos. Os espanhóis ao serem

atacados espirravam nos pombos, davam aquela catarrada de velho, a

cusparada fatal nos bichos. Mataram os espanhóis muitos pombos com

suas gripes espanhola. Acontece que esses vagabundos desses pombos

foram criando imunidade contra a gripe espanhola. Bom, pelo menos a

Espanha estava em melhor situação e também China e índia.

Os pombos eram cruéis defecavam nas plantações, todos deveriam lavar

bem frutas e verduras porque havia fezes de pombos nelas. Era um guerra

tecnológica e biológica. As pombas eram vadias parideiras, davam 20

filhotes por ninhada. Os pombinhos pequenos já nasciam roubando,

trombadinhas. Os pombinhos gostavam de pipoca por isso iam nos

cinemas roubar. Finalmente os laboratórios desenvolveram vacinas contra

as doenças dos pombos da extrema direita. Depois de três anos de

pandemia que a vacina chegou até que todos fossem vacinados levou mais

dois anos. Os pombos perceberam que suas fezes não eram mais mortais.

Começaram a bicar as pessoas nas ruas. Invadiam escolas e bicavam as

crianças. Os bichos ficavam com caras de bravos, seus olhos ficavam

vermelhos e afiavam seus bicos nas pedras e nas latarias dos automóveis.

Suas garras de pombo eram fortes agarravam as pessoas e voavam com

elas, depois soltavam elas lá de cima. Derrubavam aviões. O supersônico

blackbird foi derrubado pelo pombão. Os bichos eram encapetados.

Mergulhavam no mar e afundavam submarinos. Além de cagarem nas

cidades também urinavam. Suas fezes corroíam as latarias dos carros. O

fato é que não tinha tanta bala de revolver para matar tanto pombo. O

soldado precisa ter boa pontaria para matar esses camaradinhas do inferno.

Não bastava ficar imune tinha de matar o pombo mutante. Criou-se uma

bomba inseticida em Harvard chamada de Bye bye little bird, ou apenas

bye little bird. Soldados com máscara de gás espalhavam esse gás antipombo.

Após seis anos, a guerra chegava ao fim. Finalmente o poderoso

exercito de pombos malditos era derrotado. O pombo mutante estava

sendo erradicado. O pombão chamado de Führer suicidou-se, enforcou-se

num novelo de lã. Era o fim da guerra pombal ou mundial. Vale ressaltar

que a índia e a China não foram muito atingidas devido a superpopulação

desses países e devido a fome lá eles comem pombo. Os exércitos de

pombo invadiram esses países mas foram devorados por chineses e

indianos famintos. O churrasco de pombo virou popular na China. Os

chineses nunca viram tanta carne. Se o ocidente se lembram com tristeza

desse fato histórico, os chineses lembram como época da fartura ou época

do pombo assado. Na China existe um feriado por causa disso: O dia de

assando o pombo de graça, é comemorado na mesma data do dia de ação

de graças.

Hoje em dia há muitos monumentos que lembram este fato histórico. Há

quem diga que esse tipo de pombo ainda não foi totalmente exterminado,

anda escondidinho nas frestas dos telhados do congresso nacional. Sempre

observando, ciscando, comendo coisas nojentas e podres, bebendo água da

sarjeta. Os pombos são a única especie mais abundante que os humanos e

competem pela sobrevivência neste mundo com os humanos. Eles estão

nas escolas, faculdades e igrejas. Musica: pombinha branca, o que está

fazendo? Homem com spray: “morre pombo maldito !”

As palavras pombal, pombalina, pomba-lesa hoje no ocidente é pejorativo.

Ainda hoje existem lendas urbanas sobre os pombos, há quem diga que um

dia eles irão voltar. Dizem que existem cultos secretos aos pombos

multantes. Recentemente a policia encontrou um grupo de skinheads com

tatuagens de pombos. Na casa onde estavam havia uma estátua de um

grande pombo com o peito estufado. Dizem que era do pombo chamado

Führer. A lei dos direitos dos manos mandou soltar a velhinha da praça que

jogava pipoca para aqueles bichinhos. A velha continua lá. Roma sofre

com os pombos, lá tem muito pombo. Nem é como o pombão alemão, na

verdade o pombismo-facismo nasceu na Itália, quando um pombo

infectado com um carrapato raivoso criou esse doutrina, chamava-se

Benito. Esses dias o Papa estava celebrando um missa em Roma quando se

aproximou um pombo, o papa pegou a bengala e saiu correndo atrás do

pombo para matá-lo. Tiveram que segurar o velho, ele ficou bravo. Em

entrevista a BBC o Papa disse: “pombos nojentos ficam jogando fezes nas

nossas cabeças.”

Davy Almeida
Enviado por Davy Almeida em 20/03/2024
Código do texto: T8024110
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