Outro Ano... Novos contos

Mariana mandou um bilhete para ele... No ambiente rolava um clima bárbaro, uma mistura de euforia e bom astral. Gente bonita e bronzeada de sol pra todo lado. Ela ali branquinha de escritório nem aí. Prosa que só foi logo se enveredando no clima bom.

Chegou mais perto da mesa de som, perguntou ao moço de olhão azul céu. De quem era aquela voz suave ao fundo, e ele respondeu Ana Cañas, depois tocou Barulhinho bom de Marisa Monte, Elis Regina, Vanessa da Mata, Nara Leão... Só vozes de mulher no primeiro tempo, uma hora de som feminino magnetizando o ambiente todo.

Voltando a lance do bilhete ele respondeu dizendo assim: como você, gosto de olho no olho e de bom papo... Vem pra cá, vem pra perto de mim, vamos nos conhecer mais...

Resposta maneira. Mulher adora quando homem entende o recado e manda bem na resposta. Partiu logo pra mesa dele... Turma animadíssima, tudo a ver com ela que estava na maior vontade de conhecer gente nova, de bem com a vida, divertida.

No segundo tempo o moço de olhão azul céu mandou um trilha de vozes masculinas deliciosas – Hoje e amanhã de Geraldo Azevedo, depois Chico Buarque, Carlinhos Brown, Lenine, Gil...

E eles ali no maior papo, descobrindo um ao outro de uma maneira fantástica, perguntando, respondendo, interessados em tudo – olho no olho, as mãos se tocando o tempo todo, os movimentos das bocas se alimentando lentamente de idéias. Um desabrochar de interesses maravilhosos nascia.

Os cabelos negros meio despenteados, a barba serrada, o olhão preto... Aquele ar de latino misturado com o jeito independente... Nossa! De embevecer... Coisa boa! Se sentir bem ao lado de alguém que nunca se viu. Sentir simplesmente o processo do nascimento do interesse, do descobrir, do brotar do desejo... Deixar rolar.

No terceiro tempo o moço de olhão azul convidou a todos a cantarem suas canções prediletas. Ofereceu a mesa de som ao público. Não deu outra, os dois escolheram a canção Andança de Edmundo Souto; Paulinho Tapajós;Danilo Caymmi. Em homenagem aquele momento bom, ao papo bom, ao clima bom e tudo mais que pudesse acontecer entre eles...

A vida é mesmo uma caixinha de presentes. A moça que nem pensava em sair de casa naquele dia... Entusiasmada disse – as experiências vivenciadas no presente se tornam nossas melhores lembranças. Por isso , escolho viver cada segundinho da vida certa de que o resultado será sempre engrandecedor.

Cássia Nascimento
Enviado por Cássia Nascimento em 04/01/2008
Reeditado em 08/01/2008
Código do texto: T802836