Roseira Encantada

Era uma vez um rapaz chamado David que namorava com a linda Matilde, e todos, mas mesmo todos, os dias ele ia visitar a sua amada e num certo ponto do caminho ele habitou-se a admirar uma linda roseira, tinha uns botões de rosa como nunca vira outros, eram de um vermelho escuro como não existiam outros e pareciam veludo autêntico.

Muitos dias, David, deixava-se ficar, ali parado, a observar aquela linda roseira, por vezes parecia-lhe que o tempo parava e tinha de correr para não sobressaltar a sua amada, ainda nunca lhe falara nela, não era por nada de especial, simplesmente não tinha calhado.

Mas um dia, há sempre um dia, David deixou-se ficar tanto tempo a admirar a roseira que quando chegou junto a Matilde entendeu que lhe devia uma explicação, foi assim que Matilde ficou a saber da bela roseira, e disse logo que também queria beber de tanta beleza., ela sabia que se o seu amor descrevia a roseira com tanta beleza é porque realmente se trataria de uma roseira especial.

Combinaram então que no próximo fim-de-semana, David a levaria a ver a roseira.

Assim foi, Matilde ficou estupefacta, de boca aberta, e só conseguiu pronunciar:

- Lindo

Eram botões e mais botões, rosas já abertas, todas, todas do tal vermelho que parecia veludo.

Depois de alguns minutos, bastantes, talvez até horas, a apreciarem a roseira, Matilde perguntou:

-Meu amor, será que posso colher um destes botões e levá-lo para casa?

David ficou pensativo, alguns momentos, e respondeu:

- Ouve meu amor, a roseira não é minha, provavelmente nem é de ninguém, por isso penso que sim, mas gostaria que pensasses que se todos, que por aqui passam, colhessem um botão de rosa, a roseira perderia a sua beleza.

Matilde concordou com o namorado e desistiu da sua ideia anterior.

Regressaram a casa era já noite, iam encantados com tanta beleza. David despediu-se da namorada e fazia o caminho em sentido contrário, na direcção de sua casa, quando percebeu que estava a ser seguido, olhou para trás e viu dois homens com muito mau aspecto. Acelerou o passo e verificou que eles faziam o mesmo, estava sozinho num terreno ermo, deitou a correr e os seus perseguidores imitaram-no, percebeu que não lhes conseguia fugir, pelo contrário, eles estavam cada vez mais próximos.

David chegou junto ao local onde estava a roseira que tanto apreciava e pareceu-lhe ver algo estranho, a estrada fazia um pequeno desvio e tinha roseiras de um lado e do outro, parecia-lhe que não conhecia aquele caminho, avançou e não queria acreditar no que via, o caminho por onde passava não era a estrada, era sim um espaço aberto entre os ramos da roseira que se iam fechando à medida que ela avançava.

Ele caminhava por entre os ramos da roseira, pensou que sonhava e assim se viu completamente coberto pela roseira, ouviu os seus perseguidores:

- Mas onde se meteu o rapaz, parece que desapareceu.

Continuou a ouvi-los praguejar durante mais alguns minutos, até que percebeu que desistiam e se afastavam.

Foi então que ouviu uma voz estranha:

- Tu, quando aqui estiveste, hoje pela tarde, salvaste uma das minhas filhas, agora chegou a minha vez de ser eu a salvar-te. Já podes ir em paz.

David viu os ramos da roseira a abrirem-se para o deixar sair e voltarem a fechar-se à sua passagem.

Debruçou-se sobre um dos botões de rosa, beijou-o e este, apesar de já ser noite, abriu-se por completo.

Moral:

“Amor gera amor”

FrancisFerreira