A moça do hospital

Estava ele acompanhando um paciente internado no hospital, onde ficou por cerca de 12 horas. Enquanto o paciente se recuperava da cirurgia, que havia sido bem sucedida, ele ficou sentado numa poltrona, às vezes conversando um pouco, outras vezes lendo um livro que havia levado.

O ambiente era tranquilo, o hospital, mesmo sendo de pequeno porte, era moderno e bem equipado, confortável tanto para o paciente quanto para ele. De quando em vez entrava no apartamento um ou uma atendende do hospital, para checar o nível do soro, trazer o almoço ou o lanche, enfim, procedimentos comuns em tais ambientes.

Ele pode perceber que os atendentes eram bem educados, prestativos, solícitos e atenciosos. Como era fumante, vez ou outra ele saía do prédio para satisfazer sua triste necessidade. Daí a pouco voltava e continuava a sua leitura ou mantinha algum diálogo com o paciente.

Lá pelas sete da noite, uma atendente, possivelmente enfermeira, levou a ele o seu celular, para que falasse com o médico que havia feito a cirurgia. O médico já estava na linha. Ele foi comunicado pelo médico que o paciente já poderia deixar o hospital, uma vez que seu estado assim o permitia.

Após a conversa com o médico, ele foi ao encontro da enfermeira, na sua mesa de trabalho, para devolver o celular e agradecer-lhe a gentileza. Não a encontrando, deixou o celular com um dos médicos que estava por perto, solicitando-lhe que devolvesse o celular à enfermeira.

Ao descer até o estacionamento para colocar pertences no carro, ele se encontrou com a enfermeira e teve com ela uma conversa rápida. Falaram de livros, um pouco de filosofia e trocaram seus endereços de correio eletrônico. Naqueles breves momentos, ele sentiu que falava com uma pessoa muito agradável, cativante mesmo, delicada, simpática e inteligente. Uma daquelas pessoas que têm algo especial, capaz de atrair com um simples olhar. Ele se despediu e ficou feliz em ter conhecido a moça.

Um ou dois dias depois a moça e ele começaram a trocar "e-mails". Ela enviava a ele "video-clips" muito bonitos e bem construídos, tratando de assuntos relacionados à natureza humana e às coisas da vida. Ele respondia aos "e-mails" agradecendo e elogiando o que ela havia lhe enviado.

Ele, já bem mais idoso, enquanto ela, ainda jovem, puderam, em breves momentos, sentir, acha ele, uma recíproca admiração. Sem nenhuma outra intenção que não seja uma bela amizade, pois ambos têm suficiente juizo para descartar sonhos de aventuras outras. Mas ambos, a moça e ele, têm juizo para reconhecer que se pode construir uma amizade a partir de um olhar sincero e uma troca de poucas palavras.

O que ele deseja à moça é que ela seja feliz. Que consiga realizar os seus sonhos, sejam eles relacionados à vida pessoal, familiar e profissional. Aquele olhar e aquela candura merecem toda a felicidade do mundo.

Augusto Canabrava
Enviado por Augusto Canabrava em 10/01/2008
Reeditado em 11/05/2008
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