A Magia da Vida - Um conto de fadas para adultos - FIM

No fim, o princípio de tudo

O tempo estava passando e logo, logo Zoe chegaria. Ainda não sabia qual seria o seu destino, mas sabia que seria mais próximo do seu objetivo e isso era o que importava no momento. Foi por isso que foi para longe, para que pudesse estar mais perto mais rápido.

Vôo marcado para retorno e como ingrediente para este novo encontro havia uma novidade que lhe seria entregue logo no primeiro instante. A última e segunda novidade ainda receberia, mas talvez ainda demorasse um pouco mais, uma vez que era preciso algumas informações e vivências para compor o final da surpresa.

Tudo estava certo. Data, número do vôo, horário e local de desembarque. Aquele seria o mais incrível momento dos dois vividos até a presente data.

Ela passou horas na frente do espelho e achou que nada lhe caía bem. Queria se sentir bela para ele, mas não conseguia.

Estava ansiosa para o momento.

Ele estava exausto da viagem, mas sabia que ainda tinha forças o suficiente para o encontro tão esperado.

Já havia se passado 7 meses e todo o contato que acontecia entre eles era e-mail, bate papo, às vezes telefone ou correios.

O toque já não existia há muito tempo, embora um sentisse ao outro de maneira tão forte que parecia estar um do lado do outro.

Chegado o momento. Ana saiu de casa e foi para o aeroporto ao encontro do seu amor. Parecia ser a primeira vez, mas a sensação era mais aguçada ainda e a ansiedade era incontrolável.

Dessa vez poderia se atirar nos braços dele, afinal aeroporto não é um ambiente formal, mas de encontros e desencontros.

Deu o horário de chegada do vôo, não houve atrasos e foi anunciada a chegada.

Suas mão suavam como nunca. Seu coração acelerava. Por um momento teve medo da reação dele. Da surpresa que daria a ele. _E se ele não estivesse preparado?

Agora era tarde. Lá estava ela esperando por ele. Seus olhos foram cobertos. Não precisava tirar as mãos dali, sabia que era ele. Não esqueceria nunca o toque daquela mão.

Por algum momento remeteu-se ao passado e lembrou do dia no parque em que, de braços abertos sentindo o vento tocar o rosto, ele chegou e tocou a sua mão. A sensação era semelhante.

Não queria perder aquele toque nunca mais. Precisava dele.

Ele a virou lentamente e trouxe seu corpo para junto de si. Abraçaram-se num tempo incontável para os simples mortais e entregaram-se ao momento.

Ele tocou o rosto dela e quebrou o silêncio:

– Ana, minha doce menina, como esperei por esse momento. Como eu te amo.

– Zoe, eu preciso falar... – ele a interrompeu.

– Não precisa falar nada. Você está linda e meu amor por ti só aumenta, assim como o meu orgulho.

Ana não sabia o que fazer. Ou ele era um homem muito surpreendente ou então não havia se dado conta. Mas não havia como.

– Será que ele não percebeu a surpresa? – questionava-se ela o tempo todo enquanto andavam pelo aeroporto.

Dentre as várias lojas do aeroporto, ele deteve-se diante de uma que vendia uma porção de tipos de acessórios interessantes, bem como artigos para presentes e etc.

– Vamos entrar aqui. _Disse ele.

– Tudo bem, mas vai comprar o que?

– Você verá.

Diante de tantos objetos ele escolheu um sapo de tecido aveludado. Era muito delicado. Bem fofinho, do tipo que é bom para dormir.

Foi até o caixa, pagou e pediu para que embrulhasse para presente e exigiu que fizessem um embrulho bem bonito, com bastante fitas, pois era para alguém muito especial.

Ela estava curiosa e só aguardava ao seu lado, assistindo ao entusiasmo dele e sem entender muito bem.

Ao saírem da loja ele lhe estendeu o embrulho e lhe disse:

– Ao nosso bebê. – e tocou-lhe a barriga que já tinha um tamanho um tanto quanto avançado.

– Eu pensei que você não havia percebido...

– Eu percebi desde o primeiro momento que a vi, ainda de costas.

– E porque não falou nada?

– E porque você não falou? Às vezes atos falam mais que palavras. Percebi o seu nervosismo. Quis te poupar de mais um sofrimento ou angústia de como me falar.

– Você está feliz?

– Nunca estive tanto.

– Que bom. O tempo todo que estava longe, era esse bebê que me dava forças e por isso não tive medo, mais agora, quando cheguei aqui, pela primeira vez senti medo. Não foi bom.

– Imagino, mas agora estou aqui e não precisa mais temer. Esse será o nosso bebê e não há mais o que irá nos separar.

Ana estava aliviada e contente com toda a reação dele. Tudo era perfeito e divino. Agora eram três, ela, ele e o bebê.

Os dois construíram suas vidas e se preparavam para o nascimento. Já era o último mês de gestação e já estavam nos preparativos finais. A alegria reinava sobre aquele casal, melhor dizendo, sobre aquela família.

– Zoe?

– Oi, estou aqui.

– Eu sei, mas acho que chegou a hora.

– Como, o que você disse?

– Isso mesmo. A bolsa estourou.

Zoe era treinado a lhe dar com diversos tipos de situação, mas aquele momento era mágico e precisava correr, porque também era real e o tempo urgia. Um bebê não avisava a hora de nascer, simplesmente pedia passagem e nascia e aquela era a hora.

Foram para o hospital e tudo correu muito bem. Veio ao mundo uma linda menina. Seu choro era tão forte que todos podiam ouvir. Ela conseguiu anunciar por si só, a todos no hospital, que havia chegado ao mundo e que não viera em vão, mas que faria a sua história.

Ana não podia se conter ao ouvir o choro daquela pequena menina, por pouco não cabia na palma da mão de Zoe. Parecia uma linda fadinha pronta para desvendar o mundo e lutar por ele.

Zoe estava maravilhado com a sensação. Era sem igual. Ver aquela menininha, que ainda não se parecia com ninguém, chegar ao mundo e mudar tudo tão depressa. Aquilo era magia. Sua filha era uma fada.

A enfermeira trouxe a pequena para os braços dos dois, pai e mãe corujas, que ansiavam por aquele toque.

Ao contato com os dois ela esboçou um sorriso. Ela reconhecia o cheiro da mãe e logo procurou sua fonte de aconchego e energia.

Zoe olhava sua filha sendo amamentada e se fascinava com a visão que tinha.

Eram duas mulheres, duas meninas, duas fadas na sua vida, que antes era um simples piloto e que agora se tornou num homem, completo e feliz.

Ao primeiro choro daquela menina que acabara de chegar ao mundo um novo ser encantado surgiu. Foi recebido por Magia. Era pequenino, menor que a fada Bia. Mas parecia ser composto pela fusão de Bia com o Beija-flor, resultando naquele ser, cheio de magia, cheio de sonhos.

Suas asas eram azuis, possuíam penas reluzentes e se agitavam sem parar. Voava e fazia malabarismos.

Era isso, o dom perdido havia sido resgatado ao Mundo Encantado. Aquele pequeno ser viera trazer o que estava extinto.

Era o princípio de uma nova geração, portador de um dom que um dia já havia existido, o vôo.

Claro que Magia não esquecia nunca de Bia, pois graças a ela ele podia estar ali, cheio de viço e louco pela vida.

Todo o mundo encantado se reuniu para ver e comemorar o surgimento do mais novo ser encantado.

Não tinha um sequer que não admirasse aquele pequeno ser e seus malabarismos aéreos.

– Olha como ele voa. – dizia uma bruxinha.

– Suas asas são lindas. Nunca vi nada igual!

– Será que surgirão outros seres assim?

Magia não pode deixar de responder: – Este é apenas o princípio...

Ele é a soma perfeita do Beija-flor e da fada Bia. Ele surgiu para ser o guardião daquela pequena menina que havia nascido no mundo dos humanos. Esta foi mais uma mudança ocorrida, antes os guardiões não sabiam quem é que protegiam, mas como Bia descobriu qual era a sua missão e a quem protegia, abriu precedentes para que todo novo ser que surgisse pudesse saber a quem protegia. Tão logo descobriu foi até a Terra ver de os sonhos de quem deveria preservar.

Ao se aproximar encontrou os três ainda juntos. A pequena era amamentada e sentia segurança na presença de seu pai e sua mãe. Ficou encantado olhando. Não podia ser diferente. Era uma linda menina e faria de tudo para que ela sonhasse e fosse feliz.

O nascimento dela fez retornar ao Mundo Encantado o dom do vôo. Ele era o único que podia fazê-lo e precisava continuar a missão de Bia. Ela havia feito a parte dela. Agora ele precisava dar continuidade.

Fatos inovadores começavam a acontecer, como antes ninguém sabia a quem guardava, todos os seres encantados se limitavam a ficar em seu mundo, apenas vivendo e desejando que os seres humanos sonhassem e acreditassem, mas com a nova revelação, a presença de todos eles era muito maior na face da Terra. Todos eles queriam acompanhar de perto os seus protegidos e queria lhes inspirar para a fantasia, bem como aprender um pouco mais dos humanos.

As crianças nasciam mais sorridentes e mais leves, pareciam pequenas gotas mágicas dispostas a se transformarem em lagos límpidos de fantasia, onde um único mergulho daria o dom da vida plena, dos sonhos, da força e da garra para realizações.

– É uma linda menina. – exclamou Zoe.

– Sim, concordo. Ela irá ser motivo de muitas felicidades.

– Eu sei. Qual nome daremos a ela?

– Ainda não pensei, mas tem que ser algo que tenha significado, como o nosso.

Ele, o novo ser encantado ficou olhando a cena e resolveu dar uma mãozinha para o casal que não havia decidido o nome da linda menina e soou nos ouvidos dos de Zoe e Ana a frase “aquela que faz os outros felizes”.

Como se Ana pudesse ouvir aquele misto encanto de menino com beija-flor, repetiu a frase:

– Ela vai nos fazer muito feliz.

– É isso. O nome da nossa filha!

– Qual? – perguntou Ana curiosa.

– Beatriz, aquela que faz os outros felizes. Tem significado como o nosso. Tem missão já incluída no nome.

– Beatriz, é um lindo nome. Esta será a nossa Beatriz...

– A nossa Bia. – finalizou ele.

Após a alta, Ana e Zoe saíram do hospital e levavam em seus braços aquela pequena menina, que teria por missão fazer os outros felizes. Essa será a sua natureza e não fugirá disso.

Para cumprir, teria como coadjuvante seu menino, seu guardião, que estava voando ao seu lado o tempo todo e preparando-a para acreditar cada vez mais na magia e na vida.

Ele sabia que contaria com a ajuda do pai e da mãe dela, que desde o princípio acreditaram nos sonhos e na magia para chegar àquele momento tão esplendido.

O casal ia se afastando quando, de repente e por um milésimo de segundo, a tatuagem na pele de Ana cintilou o azul das asas, como se tivesse vida própria e quisesse voar.

Bia não havia desaparecido, como o Beija-flor também não. Apenas haviam se fundido aos seus protegidos.

Compartilharam mutuamente sentimentos tão grandes e tão fortes que já não era possível separar quem era um e outro. Deu-se na história do mundo na Terra e do mundo encantado a primeira fusão de seres reais com seres encantados.

Aqui seria o fim, mas trata-se apenas do início.

O início da vida, o início dos sonhos, o início da magia. Porque a crença começa aqui e tudo podemos quando acreditamos.

INICIO

Epílogo

Para os mais atentos à história, devem estar se perguntando qual seria a segunda surpresa de Ana para Zoe. Embora a primeira tenha sido muito boa, mas ainda assim ficou faltando a segunda, que precisaria esperar alguns fatos acontecerem para que pudessem ser registrados...

Ana não havia esquecido o que havia prometido a Zoe, sabia que lhe devia uma surpresa e, bem como Patricia não havia esquecido o que havia prometido a Manoel.

Ambas tinham que trabalhar com afinco para terminar e cumprir as promessas que fizeram aos seus amados.

O trabalho era mais prazeroso do que qualquer outro que pudesse existir e a ele elas se dedicavam.

Muitas coisas ainda estavam por acontecer na vida real, vida de Patricia e Manoel, mas Patricia antecipou a história e deu um fim que achou justo para Ana e Zoe. Também não pôde esquecer de Bia e o Beija-flor.

Ao escrever na última página da história “Inicio”, ela percebeu que esqueceu de entregar a segunda surpresa, então pôs Ana a escrever e dessa escrita surgiu “A MAGIA DA VIDA – Um conto de fadas para adultos”, que foi impresso e entregue a Zoe como um presente, onde estava misturado fantasia, sonho, magia, realidade, amor, espera, sofrimentos e alegrias, além de muita garra e muita luta para que os objetivos finais fossem alcançados.

Ana terminou a sua surpresa e entregou a Zoe:

– Zoe, eis a surpresa prometida.

Patricia sabia que o fim da sua surpresa ainda não havia chegado, mas sabia que a realidade e a magia estavam o tempo todo unidas em seu dias com Manoel.

Entre realidade e fantasia, entre fato e ficção ela terminou a surpresa e enviou a ele, que estava no Haiti (ela no Brasil, ele no Haiti).

Junto enviou-lhe uma carta:

“Manoel, meu grande amor!

Eis aqui a surpresa que havia lhe dito. Houve uma certa demora para entregá-la, mas precisava fazê-la com calma.

É uma ficção, dessa vez é “A MAGIA DA VIDA – Um conto de fadas para adultos”, já havia escrito ela antes, aquela que você tem, mas aquele foi apenas um relato, apenas fatos. Este tem tudo o que sinto, falo de magia, de sonhos e de amor, falo da gente, misturando a realidade a um mundo mágico que surgiu desde o primeiro dia que nos conhecemos, 21/02/05, lembra?

Terminei de escrever este quando você ainda estava no Brasil, mas quis deixar para enviar quando você já estivesse longe, assim teria algo que o fizesse viver um pouco mais de nós dois e que ao mesmo tempo ajudasse a alimentar o seu sonho, a sua magia, a sua crença e também a sua garra e força para lutar.

Talvez não entenda porque coloquei o nome da fada de Bia, muito menos o nome do bebê de Beatriz, acho que também não tenho essas respostas, mas queria um nome que possuísse um bom significado, Bia era perfeito, além do que, todas às vezes que falava da sua Bia despertava em mim um carinho muito grande por ela, uma curiosidade de saber como ela era. Foi só uma expressão de carinho. Confesso que procurei outro nome... até te perguntei... lembra? Você sugeriu Dinha. Tinha meus motivos para não achar um bom nome... queria algo mais mágico e acredito que um filho é magia para toda a vida.

Se o Arthur ficar com ciúmes, dou o nome dele ao ser encantado que surgiu para ser o guardião de Beatriz...rs.

Espero que tenha curtido o conto. Aceito críticas, elogios e sugestões.

Aqui no Brasil tudo está na mesma. Eu continuo apaixonada e com uma imensa saudade, às vezes chega a doer.

Acho que terei que ficar escrevendo enquanto você estiver longe, fazer isso me alivia.

Veja só, ainda no Brasil e o vendo de vez em quando escrevi este conto. Imagine meses a fio sem te ver. Acho que escreverei uma bíblia...rsrs

Estou aqui, sempre te esperando, sempre te amando.

Beijos, infinitos beijos.

Sua Menina, sua Patty, sua Fada, sua mulher e sua Patricia.”

Patricia Cardoso
Enviado por Patricia Cardoso em 24/02/2008
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