MESMO QUE NÃO QUISESSE, FUI OBRIGADO...( isso pode acontecer com você ! )

Num dia comum, como qualquer outro, rumei para a capital para tratar de negócios. Tomei um avião para ganhar tempo e sentir menos cansaço, pois minha cidade dista da capital, 450 quilômetros. Cheguei de manhã, dirigi-me ao hotel para deixar a bagagem e logo parti para os afazeres que eram numerosos. Foi um corre-corre incrível. Visitas a empresas, cartórios, repartições públicas, clientes da minha empresa. Almoço rápido, num self-service. Para não perder muito tempo, fui a todos os locais de táxi. Às 18:00 h, cessei a " via sacra " e consegui chegar ao hotel, às 20:15, graças ao trânsito do fim-de-tarde de São Paulo. O corpo estava cansado, mas a cabeça muito boa, pois tudo deu certo durante o dia. Tomei aquela ducha, descansei um pouco na banheira de hidro-massagem e mais um pouco na cama. Deu para recuperar o cansaço físico. Às 20:30h, fui a um bom restaurante para o jantar, afinal, merecia. Tomei um licorzinho e rumei para a sala de fumantes, para, além do vício, ler um jornal. Vi um noticiário da TV em outra sala. Meia-noite, digestão feita, descansado física e mentalmente. Ir ao hotel dormir ? Além de estar sem sono, pois havia dado um bom cochilo depois do banho, deveria aproveitar a oportunidade para ir a uma boate, tomar uns drinques, ouvir boa música, relaxar. Foi o que fiz. Sentei-me próximo ao palco, onde uma ótima banda tocava. Uma Linda e bem vestida crooner cantava suavemente belas canções. Lembrei-me dos bailes no interior, quando dançava com o rosto colado ao da namorada, Que saudades ! Fiz um filme na cabeça, lembrando da Cuba-Libre, das grandes orquestras com 20, 30 músicos, tocando MPB de qualidade, sambas, boleros, twists, rocks, mambos e imitando Glenn Miller, Ray Connif, Metais em Brasa, Henry Mancini. Pedi uma dose de uísque, pois estava super entusiasmado. Cada música que ouvia, mais vibração e emoção. Depois da terceira dose, naquele estágio de alegria, olhei para porta e não acreditava no que via. Será que estava enganado ? Entrava uma coroa muito enxuta, linda, bem vestida, com um decote de dar tontura, vestido bem justo, lilás, de um tecido brilhante. Quando passou por perto da minha mesa, senti um delicioso perfume e fixei meu olhar ao seu, quando fui correspondido. Não é possível ! - pensava, ou é muito parecida ou então a própria Cleuzinha ! Será que é aquela namoradinha que tive há 30 anos ? Cumprimentei-a e tomei a liberdade de convidá-la para se sentar à minha mesa. Ela aceitou e ficou a me fitar demoradamente. Não resisti e perguntei o seu Nome. Com a resposta, não tinha a menor dúvida, era mesmo a Cleuzinha ! Ela também perguntou o meu Nome. Quando respondi, veio outra pergunta, pela qual queria saber se morava no interior. Reconhecemo-nos e pedi mais dois uísques, pois aceitou tomar em minha companhia. Conversamos demoradamente. Contei-lhe resumidamente minha vida e ela a sua. Foi casada e separou-se há mais ou menos dois anos. Continuava sozinha, pois não teve filhos. Como eu, gostava de música e da noite, então freqüentava esta boate costumeiramente. Uísque vai, uísque vem, dei-me conta de que estávamos de mãos dadas. Tirei-a para dançar. Tocava uma ótima seleção de boleros. Em determinado momento, a banda, com seu vocal, começa a tocar da mesma forma que Ray Connif, nada mais, nada menos do que " Besame Mucho ". Foi a gota d'água !

Rosto colado, esfrega-esfrega, sussurros ao pé do ouvido e...o restante, tirem suas conclusões - acho que não preciso contar...

Auro. ( É apenas um conto e, acreditem, não verídico ! )